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Ministério Público denuncia sete por morte de Fiel Filho na ditadura

24/06/2015 18h20

O Ministério Público Federal em São Paulo denunciou sete ex-agentes da repressão a serviço da ditadura militar pela morte do metalúrgico Manoel Fiel Filho, em 1976. Preso por suspeita de ligação com o Partido Comunista Brasileiro (PCB), Manoel Fiel Filho foi torturado e estrangulado nas dependências do Destacamento de Operações de Informações (DOI) do II Exército, na capital paulista. O crime é considerado contra a humanidade e, por isso, não cabe prescrição ou anistia.

O metalúrgico, que não tinha antecedentes criminais nem registros nos órgãos de repressão, foi detido em 16 de janeiro de 1976, sem que houvesse ordem escrita ou investigação formal contra ele. Levado para o DOI, Fiel Filho foi submetido a intensas sessões de tortura até o dia seguinte, quando sofreu estrangulamento e morreu.

Foram denunciados o militar reformado Audir Santos Maciel, na época chefe do DOI; o tenente Tamotu Nakao e o delegado Edevarde José, que conduziram as sessões de tortura; os carcereiros Alfredo Umeda e Antonio José Nocete, que conduziam o metalúrgico entre a cela e a sala de interrogatório; e os peritos Ernesto Eleutério e José Antônio de Mello, que emitiram laudos nos quais atestaram a ausência de sinais de agressão, apesar dos evidentes hematomas principalmente no rosto e nos pulsos da vítima.

Após a morte de Fiel Filho, os agentes levaram o cadáver do operário para uma cela especial, onde amarraram meias em seu pescoço e simularam um enforcamento. Na parede, forjaram frases de arrependimento da vítima, na tentativa de tornar verossímil a versão de suicídio, oficializada como causa do óbito. Fiel Filho foi velado em um caixão lacrado, sem que os parentes pudessem ver as claras marcas de violência.

O MPF quer que Audir Santos Maciel, Tamotu Nakao, Edevardo José, Alfredo Umeda e Antônio José Nocete sejam condenados por homicídio triplamente qualificado, ou seja, com motivo torpe, emprego de tortura e impossibilidade de defesa da vítima. Já Ernesto Eleutério e José Antônio de Mello, devido à elaboração dos laudos forjados, foram denunciados por falsidade ideológica, ao lado de Maciel, comandante da ação.