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A jornalista Carla Bigatto conduz com analistas um papo sobre temas que dominam a pauta política.


Baixo Clero #29: "A única referência para o presidente é ele mesmo"

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Do UOL, em São Paulo

27/03/2020 04h01

O aumento no número de casos da pandemia do novo coronavírus no Brasil causou um isolamento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que fez um pronunciamento na última terça-feira (24) contrariando o discurso do ministério da Saúde e causando críticas até mesmo de antigos aliados, como os governadores Ronaldo Caiado (DEM-GO) e João Doria (PSDB-SP).

No terceiro episódio da nova temporada do Baixo Clero, o podcast de política do UOL, os jornalistas Carla Bigatto, Diogo Schelp e Maria Carolina Trevisan analisam a postura do presidente, que também foi alvo de novos panelaços em diversas cidades brasileiras enquanto seu pronunciamento era exibido com declarações contrárias ao confinamento das pessoas.

Bolsonaro pediu um confinamento vertical, a reabertura de estradas e voltou a usar o termo "gripezinha" ao dizer que não seria afetado pela doença pelo seu "histórico de atleta".

"Na semana passada eu falei que demonstrou uma incapacidade, incompetência e irresponsabilidade. Com o pronunciamento desta semana e o comportamento do presidente, isso tudo está mais evidente ainda, não é? O presidente se coloca de uma maneira em que a única referência para ele é ele mesmo, então é um pouco até surreal, fora da realidade", afirma Maria Carolina Trevisan (disponível no vídeo acima a partir de 3:02).

A opinião do jornalista Diogo Schelp é que o discurso adotado pelo presidente em seu pronunciamento, contrário ao de grande parte dos países que lutam contra a pandemia, visa uma forma com que ele possa se eximir de culpa pelas consequências que a doença pode causar.

"Eu acho que há método na loucura do pronunciamento do presidente Bolsonaro. O Bolsonaro, nessa situação que a gente está vivendo, ele tem duas opções: assumir o papel de estadista e comandar o país para o que der e vier e assumir as consequências e a responsabilidade. Ou criar confusão e preparar o terreno para depois apontar culpa em alguém ou em algum grupo da sociedade que não seja ele. E claramente ele optou pela segunda opção", afirma Schelp (disponível no vídeo acima a partir de 4:36).

"No caso da história de ser um atleta e tal, eu acho interessante porque a impressão que dá é que o presidente inventou um novo tipo de darwinismo, o darwinismo viral, digamos assim. Porque ele considera o seguinte: quem é idoso e tem mais de 60 e não fez exercício a vida inteira, que se lasque. E sobrevive quem fez exercício e pronto. E aí ele usa isso como argumento para fazer o isolamento vertical, que é o que ele defende, que apenas os idosos e as pessoas que têm doenças pré-existentes façam o isolamento", completa o jornalista.

O episódio também aborda a tentativa de um trabalho em conjunto entre os poderes apresentado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a disputa entre presidente e governadores visando um cenário para as eleições de 2022, além da situação do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que aproximou em parte seu discurso ao de Bolsonaro. Tem ainda o quadro frigideira, com Schelp e Trevisan apontando as personalidades políticas que se destacaram negativamente durante a última semana.

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