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A jornalista Carla Bigatto conduz com analistas um papo sobre temas que dominam a pauta política.


Baixo Clero #35: Bolsonaro põe Guedes à frente e aposta na força do auxílio

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Do UOL, em São Paulo

01/05/2020 04h00

Uma semana após a saída de Sergio Moro do Ministério da Justiça em um movimento que indicava um golpe contra o governo, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) responde colocando o ministro da Economia, Paulo Guedes, na dianteira como um pilar junto ao auxílio emergencial durante a pandemia do novo coronavírus para garantir sua popularidade.

O podcast Baixo Clero #35, com os jornalistas Carla Bigatto, Diogo Schelp e Maria Carolina Trevisan analisa a situação do governo sem Moro ao mesmo tempo em que o presidente trava uma nova disputa com o Supremo Tribunal Federal pela nomeação de Alexandre Ramagem como diretor-geral da Polícia Federal e se esquiva dos questionamentos sobre o crescimento número de mortes ocasionadas pela covid-19.

Na opinião de Maria Carolina Trevisan, o movimento de Bolsonaro ao fortalecer Guedes e sinalizar pela manutenção do ministro, além da divulgação do auxílio emergencial como alento para a população podem ajudar o presidente a ganhar tempo enquanto tenta evitar a perda de sua popularidade depois do racha com Moro.

"Na hora em que sai um ministro como o Moro, que dava a sustentação política para ele, ele coloca na frente o ministro Paulo Guedes e se aproveita de uma popularidade que ele vai sustentar pelos próximos dois ou três meses, que vem do auxílio emergencial", explica Trevisan (disponível a partir de 3:50 no arquivo acima).

"Então ele segura essa base um pouco mais, que é uma base que tinha ficado abalada por causa das diversas falas do presidente Bolsonaro, porque antes eram R$ 200, porque não tem mesmo essa habilidade social. Mas agora, com o auxílio, ele segura essa base e bota o Paulo Guedes ali na dianteira, o que também faz uma sinalização para o mercado financeiro. Então ele tem aí um respiro de mais ou menos três meses, mas que depois pode vir o tsunami", completa a jornalista.

Diogo Schelp também destaca a aproximação de Bolsonaro a partidos do centrão com a distribuição de cargos de segundo e terceiro escalão do governo como um movimento que coincide com uma posição mais conservadora do presidente da Câmara, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), que ignora os pedidos de impeachment recebidos para manter o apoio da mesma base que tem conversado com o presidente da República.

"O presidente já vinha costurando nas semanas anteriores uma aproximação com o centrão do Congresso, ofereceu cargos e isso teve algum impacto, por exemplo, no Rodrigo Maia, que é o presidente da Câmara dos Deputados e vinha sendo atacado pelos bolsonaristas fortemente, mas que nesta última semana, na semana após a demissão do Moro não tem se mostrado disposto a colocar nenhum dos pedidos de impeachment na fila para andar. E isso pode ter a ver com o fato de que o próprio Maia precisa do apoio do centrão", afirma Schelp.

"Maia tem planos de se reeleger no ano que vem à presidente da Câmara e, além disso, ele precisa do centrão para agir como presidente da Câmara", completa o jornalista.

O episódio também analisa o confronto do presidente Jair Bolsonaro com Alexandre Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal que barrou a nomeação de Ramagem à diretoria-geral da Polícia Federal, os desafios do novo ministro da Justiça, André Mendonça, enquanto a covid-19 se espalha nos presídios. Diogo Schelp e Maria Carolina Trevisan também apontam no final do programa seus escolhidos para que sejam fritos no quadro Frigideira.

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