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A jornalista Carla Bigatto conduz com analistas um papo sobre temas que dominam a pauta política.


Baixo Clero #39: Bolsonaro vira saco de pancadas do mundo por fake news e pandemia

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Do UOL, em São Paulo

22/05/2020 04h00

A postura de Jair Bolsonaro (sem partido) em relação à pandemia do novo coronavírus tem colocado o presidente como alvo de críticas internacionais. Rendeu até uma citação do fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, em declaração sobre o combate à propagação de fake news na rede social.

Também no combate a notícias falsas, o perfil brasileiro do movimento Sleeping Giants causou incômodo no vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente, e no secretário de Comunicação do governo federal, Fabio Wajngarten.

No podcast Baixo Clero #39, a jornalista Maria Carolina Trevisan explica como esse movimento está fazendo com que sites que propagam informações falsas percam a publicidade de grandes empresas por meio do sistema de banners do Google Adsense.

A jornalista também opina sobre como a imagem do presidente está sendo vista internacionalmente, com suas posições em relação ao combate da covid-19 e na divulgação de informações falsas, que já foram apagadas nas redes sociais, como Twitter e Facebook.

"O Facebook disse que vai restringir ainda mais as postagens de fake news. O Zuckerberg disse, por exemplo, que não importa quem fale, quem publique essa fake news, que eles vão tirar. Ele usou o exemplo do presidente Bolsonaro para dizer que não importa se é um presidente; se for fake news, eles vão retirar. Ele [Bolsonaro] estava falando justamente da cloroquina, e o Zuckerberg retirou. O Bolsonaro agora é o saco de pancadas do mundo inteiro em relação às fake news e à pandemia", afirma Trevisan (disponível no arquivo acima a partir de 32:54).

Na explicação sobre a atividade do movimento Sleeping Giants, Trevisan fala sobre as reações do secretário Wajngarten, que, assim como Carlos Bolsonaro, considerou censura o fato de o Banco do Brasil anunciar a retirada de anúncios de um dos sites citados pelo grupo e que é apoiador do governo. Isso ocorreu dias depois de o secretário pedir a empresários que retirassem a publicidade de veículos de comunicação.

"O Sleeping Giants começa a contar para a empresa que ela está anunciando num site de fake news. E é muito interessante porque, por exemplo, as empresas começaram a retirar os seus anúncios, a bloquear esses anúncios dos sites", diz Trevisan.

"Denunciaram que o Banco do Brasil estava anunciando num site de fake news, mas o Fabio Wajngarten tomou as dores desse site porque é um site bolsonarista. O Banco do Brasil respondeu no Twitter dizendo que não vai mais anunciar nesse site, e o Wajngarten disse que isso é uma censura. Mas eu queria lembrar que, na semana passada, o próprio secretário de Comunicação do governo Bolsonaro disse para empresários da Fiesp pararem de anunciar nos grandes veículos. Ele não está interessado em censura, ele está interessado em veicular o que interessa para o governo, mesmo que isso seja notícia falsa", completa a jornalista.

Schelp: "Política de Witzel é desastrosa para população e para a polícia"

O Baixo Clero também aborda a questão da segurança pública no Rio de Janeiro, depois que o garoto João Pedro Matos, de 14 anos, foi morto durante uma operação da Polícia Civil e da Polícia Federal no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio.

Diogo Schelp e Maria Carolina Trevisan criticam a política do governo de Wilson Witzel pelo aumento da violência nas ações e o desamparo aos próprios policiais, fator que tem aumentado o número de suicídios entre oficiais no Estado, além de mortes de inocentes em operações.

"É como você caminhar na rua com um alvo apontado para você nas suas costas, só porque você é negro e mora na favela. É muito grave isso! O Witzel, governador do Rio de Janeiro, é o responsável pelas polícias", diz Trevisan (disponível no arquivo acima a partir de 2:00).

"A opção do governo do Estado por essa opção meramente repressiva, sem políticas centrais adjacentes de combate ao crime, é o que está levando a essa situação. Não é por falta de projetos interessantes e formados por gente qualificada."

"Lembrando que o Witzel interrompeu até a política de metas de redução de mortes de policiais no estado do Rio de Janeiro. A política dele não é só desastrosa no ponto de vista da população, mas é desastrosa do ponto de vista da polícia mesmo. Não interessa à polícia ser vista como uma polícia assassina", completa Schelp.

Este episódio do podcast também aborda o aumento no número de militares nomeados no Ministério da Saúde pelo ministro interino, o general Eduardo Pazuello, a insistência de Bolsonaro no protocolo para o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina no combate ao coronavírus mesmo sem evidência científica e desconsiderando seus efeitos colaterais e a saída de Regina Duarte da secretaria da Cultura.

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