Caixas-pretas ajudam a esclarecer acidentes aéreos

Charles Platiau/Reuters
Em 2000, o acidente com o Concorde da Air France, que fazia o voo 4590 entre França e EUA e deixou 113 mortos, também teve a investigação auxiliada por caixas-pretas. Cruzando o diálogo dos pilotos com os dados técnicos sobre a viagem e com vistorias, os peritos descobriram que o estouro de um pneu iniciou uma sequência de ocorrências que derrubou o avião. As últimas palavras da tripulação foram: "Negativo, vamos tentar Le Bourget". O pouso no aeroporto de Le Bourget, na França, não foi possível
Jorge Araújo/Folhapress
Os dados das caixas-pretas das aeronaves envolvidas no acidente com o voo 1907 da Gol, em 2006, são usadas até hoje nos processos para determinar as causas da tragédia, que matou 154 pessoas. O diálogo interno no jato Legacy mostra que o piloto norte-americano Joseph Lepore usou a expressão "it's off" quando falava sobre o equipamento anticolisão, o que deu margem para suspeitas de que o item estava desligado. Segundo ele, no entanto, a frase indicava que nenhum outro avião apareceria no sensor
David Maxwell/AFP
Registrados em uma das caixas-pretas do avião, os últimos momentos do voo 93 da United Airlines deixaram claro que o acidente na Pensilvânia, EUA, em 11 de setembro de 2001 era um ato terrorista. Os sequestradores deram o recado: "Senhoras e senhores, aqui fala o capitão. Sentem-se por favor, permaneçam sentados. Nós temos uma bomba a bordo, portanto, fiquem sentados." Também foram identificadas brigas entre os terroristas e os passageiros. Em vão. Quarenta e quatro pessoas morreram no acidente
Domínio Público
Tido como o acidente que deixou o maior número de vítimas no mundo (583), o acidente com o Boeing 747 da extinta Pan Am, que se chocou com outro avião da holandesa KLM no aeroporto de Tenerife (Espanha), em 1977, também foi esclarecido com informações das caixas-pretas. As conversas entre os pilotos e a torre do aeroporto mostraram que houve um grande mal entendido e o comandante da KLM, achando que tinha liberação para subir, acabou atropelando a aeronave da Pam Am
Andrew Vaughan/AP
Achada por submarinos, as caixas-pretas do avião da Swissair que caiu no Atlântico, matando 229 pessoas em 1998, mostraram que os pilotos reclamaram da fumaça que entrava na cabine. "Nós estamos declarando emergência", disse o capitão. A torre ainda fez um gesto de incentivo para que ele tentasse um pouso de emergência no Canadá, mas o avião caiu e descobriu-se que materiais usados no isolamento da aeronave acabaram propagando o fogo de um curto-circuito
John-Marshall Mante/AP
Em 12 de novembro de 2001, um avião da American Airlines que havia decolado do aeroporto internacional John F. Kennedy, em Nova York, caiu sobre o bairro do Queens, matando 265 pessoas. A análise de uma das caixas-pretas indicou que o avião foi sacudido por fortes turbulências laterais antes da queda. Com base nessa informação, peritos analisaram o caso e descobriram que os pilotos não estavam treinados para operar o sistema criado pelo fabricante para enfrentar esse tipo de imprevisto
Sam Yeh/AFP
Após decolar em meio a um tufão, um Boeing 747 da Singapore Airlines caiu em Taiwan em 2000, matando 81 pessoas. No diálogo registrado pela caixa-preta, o capitão avisa inicialmente que está com a visão limpa. "Nós podemos ver a pista", diz. Um minuto depois, ele se corrige: "Alguma coisa ali". Era tarde. Como se comprovou posteriormente, a aeronave se chocou com um veículo que fazia manutenção na pista. A tripulação chegou a ser presa por conta da suposta desatenção
Gary Hershorn/Reuters
Em Nova York, no acidente com o voo 1549 da US Airways que pousou no rio Hudson em 2009, as caixas-pretas foram essenciais para comprovar a versão do piloto, que afirmava ter enfrentado inexplicável parada dos motores. Os gravadores mostraram que o avião não apresentou anomalias até antes da pane. Em outra avaliação, os técnicos encontraram restos de aves nos motores. No episódio, virou folclórica a resposta do piloto quando os controladores tentavam achar o avião: "Estaremos no Hudson"
Stan Honda/AFP
Em 2009, no acidente com o voo 3407 da Continental Express, que matou 49 pessoas ao cair sobre uma casa em Buffalo, em Nova York, as caixas-pretas mostraram inicialmente que os pilotos tinham reportado "um acúmulo significativo de gelo" nas asas do avião. Mais tarde, no entanto, aprofundando a análise dos dispositivos de gravação, os peritos chegaram à conclusão de que uma série de procedimentos equivocados da tripulação teria provocado a falta de controle da aeronave
Rogério Cassimiro/Folhapress
Os dados da caixa-preta do voo JJ 3054 da TAM, que caiu em 2007 em São Paulo, mostraram que o manete direito estava na posição 'climb' (de aceleração), quando deveria estar em 'idle' (ponto morto). Por conta disso, o computador interno recebeu o comando para acelerar, em vez da ordem para parar, quando o jato pousou na pista úmida do aeroporto. Ninguém sabe, no entanto, quem cometeu o erro: o piloto ou o próprio computador de bordo
BEA/AFP
Caixas-pretas de avião da Air France que caiu no oceano Atlântico em junho de 2009, em um acidente que causou a morte de 228 pessoas, chegarão a Paris na próxima quinta-feira, informaram autoridades; após permanecerem cerca de dois anos no fundo do mar, há expectativa de que seu conteúdo ajude a entender como ocorreu o acidente