PT varia entre esquerda e direita em seus 33 anos

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O PT comemora neste domingo 33 anos de sua fundação. Veja como as opiniões de petistas sobre alguns assuntos, como privatização e movimentos sociais, sofreram mudanças ao longo das décadas
Carlos Murauskas-18.02.2003/ Folhapress
MOVIMENTOS SOCIAIS: Desde sua fundação, uma das bandeiras de esquerda do PT foi o engajamento nos movimentos sociais e de minorias. O distanciamento da legenda destes princípios foi criticado pelo ex-governador do Rio Grande do Sul Olívio Dutra, um dos fundadores do partido. "O PT tem que ser parte de uma luta social e cultural agora, e não se dispor a ficar na luta por espaços e no afastamento dos movimentos sociais", disse em entrevista em 2012
José Cruz/Abr
POLÍTICA ECONÔMICA: Quando ainda era do PT, Plínio de Arruda Sampaio, atualmente no PSOL, assinou um manifesto em junho de 2003 intitulado "A Agenda Interditada - Uma Alternativa De Prosperidade Para o Brasil", no qual defendia o controle do câmbio e de capitais externos. "É um imperativo moral que reconheçamos o alto desemprego, sem precedentes em nossa história, como o mais grave problema social brasileiro, resultante diretamente das políticas monetária e fiscal restritivas, assim como da abertura comercial sem restrições", disse no documento
Fred Chalub - 22.nov.2009/Folhapress
ALIANÇAS: O atual ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, fez a seguinte declaração quando era candidato à presidência do PT em prol da legenda se manter "de esquerda", em 2007. "Não tem sentido o PT buscar, prioritariamente, alianças à direita e se isolar de partidos como o PCdoB, o PSB e o PDT, como tem acontecido. Esses partidos hoje formaram um bloco de esquerda e me parece equivocado que o PT, o maior partido de esquerda que temos no país e na América Latina, não esteja no bloco de esquerda. É lá que ele tem que construir políticas prioritariamente" Mais
Rogerio Cassimiro - 19.set.2005/Folhapress
IMAGEM DO PARTIDO: Valter Pomar, atual membro do Diretório Nacional do PT, defendeu, em 29 de novembro de 2007, que partido continue de esquerda. "O PT é o principal partido de esquerda do Brasil, é um partido que precisa continuar à frente do governo federal, precisa continuar muito envolvido com a luta social, é um partido que tem uma base imensa e que tem uma direção que não está à altura desta força e desta importância" Mais
Luiz Carlos Murauskas- 25.nov.2006/ Folhapress
PRIVATIZAÇÕES: Nos anos 1980 e 1990, o PT se colocava contra as privatizações e foi duro crítico do governo de Fernando Henrique Cardoso, que privatizou algumas estatais. "Como podem falar em 'ética' os autores da privataria [termo usado para se referir às privatizações] que entregou grande parte das empresas estatais em processos por graves denúncias de irregularidades?", disse Lula sobre os tucanos em seu programa de governo em 2006 Mais
Adriano Vizoni/Folhapress
CONTEÚDO LIVRE: Parte do PT defende que os conteúdos publicados na internet devam ser de livre acesso. "A internet veio para ficar. Não se pode colocar o direito do autor em contradição com o de acesso à cultura. Tem que buscar harmonização", disse o ex-ministro da Cultura Juca Ferreira, hoje secretário da Cultura da prefeitura de Fernando Haddad em SP Mais
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Navegue pelo espectro ideológico do PT ao longo dos 33 anos do partido. Clique nas setas para ler as opiniões petistas à esquerda e à direita
Silva Junior-29.abril.2010/Folhapress
MOVIMENTOS SOCIAIS: Apesar do apoio dos movimentos sociais para se eleger, Dilma Rousseff, ainda como candidata, em abril de 2010, afirmou que não compactuava com as invasões e depredações realizadas por integrantes do movimento dos sem-terra. "Governo é governo e movimento é movimento. A primeira relação é termos diálogo, mas sou inteiramente contrária à tomada de locais públicos e invasões de terra. Não pretendo compactuar com qualquer atitude ilegal que não deve ser premiada, pois estamos todos sob os mesmos princípios legais"
Alan Marques- 5.ago.2003/ Folhapress
POLÍTICA ECONÔMICA: Algumas nomeações do primeiro mandato de Lula foram criticadas por petistas. "A nomeação do ex-presidente do BankBoston [Henrique Meirelles] como presidente do Banco Central é uma indicação que reforça a continuidade da política econômica de FHC. Essa indicação, feita depois de Lula ter recebido a benção de George Bush e os mercados financeiros internacionais, bate de frente com o programa de governo proposto durante a campanha eleitoral", afirmou, em dezembro de 2002,o ex-deputado João Batista (PA), mais conhecido como Babá (foto)
Renato Araújo/ABr 26.01.10
ALIANÇAS: Petista, o economista Paul Singer (foto) afirmou, em agosto de 2012, que, sem alianças com partidos "mesmo com orientações diferentes" fica impossível de o PT governar. "A maioria manda, não tem jeito. O fundamental é que estas opções são muito, muito chatas, quando vi o Maluf aliado ao Fernando Henrique, que é um amigo meu, eu fiquei um tanto indignado com o Fernando Henrique. Não obstante, 'x' anos depois, ele estava aliado a mim (se referindo ao PT)"
Enrique De La Osa-28.jan.2013/Reuters
IMAGEM DO PARTIDO: Em junho de 2012, o escritor e religioso Frei Betto, que chegou a trabalhar com o presidente Lula, criticou as mudanças de atuação da legenda. "O PT é, hoje, um partido em crise de identidade. E eivado de contradições. Há nele militantes combativos, comprometidos com os mais pobres, críticos ao sistema capitalista. E há também aqueles que trocaram um projeto de Brasil por um projeto de poder, de conquistar espaços de poder, ainda que isso exija alianças espúrias. Temo que o futuro do PT seja ficar parecido com o PMDB"
Sérgio Amaral/UOL
PRIVATIZAÇÕES: Antigamente críticos das privatizações, os petistas classificam as privatizações de seus governos como "concessões". "Nós não confundimos concessões com privataria (...). As concessões fazem parte da Constituição e o PT nunca votou contra a concessão de serviços públicos", afirmou o presidente do PT, Rui Falcão (foto), em fevereiro de 2012. "Diferente disso é o modelo privatista dos tucanos, que entregou patrimônio público em negociações duvidosas e a preços depreciados"
Folha.com
CONTEÚDO LIVRE: A ex-ministra da Cultura Ana de Hollanda retirou do site do ministério em 2011 o selo da Creative Commons (licença que libera a divulgação de conteúdos na internet sem cobrança de direitos por parte dos autores). "Era uma marquinha, uma propagandinha de um serviço que uma entidade promove", afirmou ao dizer que o selo fazia propaganda de "uma entidade privada que oferece um serviço"