Brics se reúnem no Brasil com agenda polêmica

Arte/UOL
O Brasil sediará a 6ª Cúpula dos Brics (grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) entre os dias 14 e 16 de julho, em Fortaleza e Brasília. A presidente Dilma Rousseff recepcionará os presidentes Vladimir Putin (russo), Jacob Zuma (sul-africano), Xi Jinping (chinês) e o premiê indiano, Narendra Modi. No último dia, os cinco têm uma reunião paralela com líderes sul-americanos. Um rascunho da Declaração de Fortaleza, que deve ser assinada ao fim do encontro, já está pronto e tem 50 parágrafos. Veja a seguir os principais temas a serem tratados na cúpula, que terá como lema "Crescimento Inclusivo: soluções sustentáveis"
Damir Sagolj/Reuters
BANCO DOS BRICS - A criação de um banco de desenvolvimento de US$ 100 bilhões e de um fundo de reservas é a decisão mais esperada da cúpula. As negociações se arrastam há dois anos, mas agora os cinco membros afirmam terem chegado a um acordo. A maior controvérsia é que a China quer fazer um aporte maior ao banco e, assim, ter mais influência sobre suas decisões, enquanto os demais países querem aportes e participações iguais. O banco terá de ser ratificado pelos Parlamentos ou Congressos dos países e poderia começar a emprestar em dois anos. Sua sede deve ser em Xangai. Na foto, homem dorme diante de caixas automáticos de banco na avenida Paulista, centro de São Paulo Mais
Eric Feferberg/Afp
ARGENTINA - Declarações de autoridades da Índia, da China e da Rússia acenderam rumores de que a cúpula dos Brics selaria a adesão da Argentina ao bloco -- embora oficialmente isso seja negado. A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, participará de reunião paralela dos Brics com líderes da América do Sul, em Brasília. Em meio a um imbroglio financeiro, a Argentina está de olho em investimentos russos e chineses. Na foto, Cristina recebe as boas-vindas do presidente russo, Vladimir Putin, na Rússia em 5 de setembro de 2013
Rajanish Kakade/AP
PREMIÊ INDIANO - Recém-empossado, Narendra Modi fará em Fortaleza sua estreia em fóruns multilaterais. Além do foco em temas econômicos e de diplomacia regional, Modi tem um objetivo um tanto inusitado, segundo jornais regionais: aprender com o Brasil como fazer com o que o futebol avance como esporte em seu país. A Índia está em 154º no ranking da Fifa, mas em 2017 hospedará pela primeira vez o Mundial Sub-17. Por isso, quer ver como o Brasil desenvolveu sua infraestrutura para a Copa de 2014. Na foto, eleitor usa máscara com o rosto de Modi durante comício em Mumbai, em abril
Pavel Golovkin/AP
CRISE NA UCRÂNIA - O Itamaraty considera que a questão da Ucrânia e a cúpula dos Brics não devem se misturar. O Brasil quer evitar não apenas que o encontro seja usado para pressionar a Rússia -- que anexou a Crimeia ao seu território e agora fomenta uma onda separatista no leste ucraniano -- mas também que a Rússia se aproveite da cúpula para obter um aval tácito dos colegas para suas ações. Na foto, camisetas com imagem de Putin, ilustrado como turista na Crimeia, são vendidas em loja na Praça Vermelha, em Moscou Mais
AFP PHOTO
AVANÇO CHINÊS - O mercado brasileiro é uma das principais apostas dos exportadores chineses, que querem mudar a imagem no país de que seus produtos são de baixa qualidade. A China vai emendar a cúpula com duas feiras de negócios e mais uma visita de Estado do líder chinês, Xi Jinping. A indústria brasileira vê o tema com desconfiança e se preocupa com uma "invasão chinesa". Já o Brasil quer diversificar suas vendas para o país asiático, que já é o maior comprador de produtos brasileiros no exterior. Na foto, bonecos do mascote da Copa, o Fuleco, são fabricados na China