Crise na Ucrânia piora e envolve até avião abatido e plebiscito

Efrem Lukatsky/AP
JANEIRO - Milhares de ucranianos vão às ruas de Kiev, a capital da Ucrânia, para protestar contra a decisão do então presidente Viktor Yanukovych, em novembro de 2013, de priorizar acordos com a Rússia, e não com a União Europeia, como se esperava. A partir do fim do ano passado, a praça da Independência, ou Maidan, se transformou no ponto de concentração e resistência dos manifestantes, que passaram dias e noites em vigília
Volodymyr Shuvayev/AFP
JANEIRO - Forças de segurança do governo ucraniano usaram bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo para combater os protestos. Houve dezenas de prisões e tentativas de aprovar leis proibindo a realização de manifestações, o que só inflamou ainda mais a reação nas ruas de Kiev, onde aconteceram vários embates violentos entre civis e policiais
Anatolii Stepanov/AFP
FEVEREIRO - Manifestantes pediam a renúncia do presidente Viktor Yanukovych, que já havia deixado o poder extraoficialmente e tinha paradeiro desconhecido. No dia 22, o Parlamento ucraniano aprovou a destituição de Yanukovych. O presidente deposto refugiou-se na Rússia e chegou a divulgar uma mensagem em que afirmava ser vítima de um golpe de Estado. Nesta foto, policiais carregam colega ferido durante choques com integrantes dos protestos
Sergey Dolzhenko/EFE
FEVEREIRO - Arseni Yatseniuk é escolhido o novo primeiro-ministro da Ucrânia, com a responsabilidade de dirigir o país até 25 de maio, data da realização de eleições presidenciais no país
Alexander Khudoteply/AFP
MARÇO - Enquanto a situação começava a se estabilizar em Kiev, agitações populares pró-Rússia começaram a surgir na Crimeia, península ao sul do país, e em algumas cidades no leste, região de fronteira com a Rússia. Nesta foto, manifestantes colocam uma bandeira russa em frente à sede da administração regional de Donetsk, reduto do presidente deposto Yanukovych
Alexander Nenemov/AFP
MARÇO - A península da Crimeia, de forte origem russa e localização estratégica, por se tratar de um porto de acesso ao mar Negro, também enfrentou embates entre separatistas e manifestantes pró-governo ucraniano. Nesta foto, integrante do grupo Femen, que é ucraniano, protesta contra a guerra
Sergei Karpukhin/Reuters
MARÇO - Por sugestão da Rússia, a península da Crimeia realizou uma consulta popular para que seus moradores, a maioria cidadãos ucranianos de origem russa, decidissem se o território deveria ou não ser anexado à Rússia. Tanto a Ucrânia quanto a comunidade internacional condenaram a realização do referendo, que terminou com mais de 90% de votos a favor da anexação
Maxim Shemetov/Reuters
MARÇO - O presidente russo, Vladimir Putin, assina a declaração de anexação da Crimeia a seu país e, respondendo às críticas e ameaças principalmente dos Estados Unidos, diz em pronunciamento que não transgrediu leis internacionais
Charles Dharapak/AP
MARÇO - O presidente dos EUA, Barack Obama, anuncia sanções a funcionários, bancos e setores econômicos da Rússia, em resposta à anexação da península da Crimeia pelos russos
Stringer/Reuters
MARÇO - Assim que a Crimeia foi anexada pela Rússia, passou a ganhar intensidade o movimento separatista na região do leste ucraniano. Donetsk, nesta foto, foi considerada o bastião do movimento. Milicianos armados, possivelmente associados à Rússia, passaram a ocupar prédios públicos, e suas lideranças declararam autonomia do governo ucraniano não só em Donetsk, como ainda em Luhansk e Sloviansk
Marko Djurica/Reuters
ABRIL - Para conter a onda separatista e violenta que se espalhou pelo leste do país, o governo da Ucrânia lançou uma campanha 'antiterrorista', com ofensivas militares mais agressivas contra os milicianos que bloqueavam estradas e acessos a cidades na região. Esta foto mostra uma bandeira russa fincada em uma barricada perto da base aérea em Kramatorsk. Apesar de os separatistas falarem russo e de usarem equipamento militar pesado, a Rússia nunca confirmou que dava suporte ao movimento
Baz Ratner/Reuters
ABRIL - Apesar da tentativa interna de barrar os separatistas e da pressão internacional para que a Rússia interferisse contra os milicianos, os confrontos continuaram pelo leste ucraniano, com violência e mortes
JC McIlwaine/ UN
MAIO - O Conselho de Segurança das Nações Unidas se reuniu em Nova York (EUA) para discutir a situação na Ucrânia. Vários líderes se pronunciaram contra o apoio russo ao movimento separatista no leste do país, corroborando as denúncias dos Estados Unidos de que Moscou estava violando leis internacionais ao interferir na soberania ucraniana. No início do mês, Putin havia afirmado que retiraria da fronteira tropas russas que estavam ali estrategicamente posicionadas, e também pediu que os milicianos cancelassem a realização de referendos sobre a independência. Mas, seu discurso não convenceu
Gleb Garanich/Reuters
MAIO - Mantendo o prazo proposto pelo governo interino, a Ucrânia realizou eleições presidenciais no dia 25 de maio. Mais de 33 milhões de ucranianos compareceram às urnas. Com quase 55% dos votos, foi eleito a presidente o oligarca Petro Poroshenko (à esquerda), também conhecido como "Rei do Chocolate" por conta de suas atividades empresariais no ramo alimentício. Favorável à entrada da Ucrânia na União Europeia, Poroshenkoderrotou uma forte líder da oposição, a candidata Yulia Timoshenko, que aparece ao seu lado nesta foto de um telão com resultados parciais da votação. O novo presidente prometeu acabar com a insurreição separatista e restabelecer a situação no país
Shamil Zhumatov/Reuters
JUNHO - A Rússia concordou com o pedido de um cessar-fogo proposto pelo novo presidente ucraniano, mas os rebeldes separatistas continuaram o combate na região leste. No meio de junho, cerca de 20 dias após as eleições presidenciais, um avião militar com 49 soldados ucranianos foi abatido antes de pousar no aeroporto de Luhansk. A população, acuada, começou a deixar suas casas para se refugiar em outros locais na Ucrânia
Genya Svilov/AFP
JUNHO - Ucranianos comemoram assinatura do acordo de livre comércio entre a Ucrânia e a União Europeia, no dia 27 de junho, após meses de conflitos no país; o acordo foi o estopim da crise da ex-república soviética com a Rússia
Dmitry Lovetsky/AP
JULHO - Avião da Malaysia Airlines que ia de Amsterdã (Holanda) para Kuala Lumpur (Malásia) cai na região leste da Ucrânia, numa tragédia que causou comoção e homenagens pelo mundo. Todos os 298 ocupantes do MH17 -- entre passageiros e tripulação -- morreram. A maioria era de nacionalidade holandesa. Nesta foto, um budista faz suas orações em Kiev, capital ucraniana, em frente à embaixada da Holanda. Também morreram cidadãos de Malásia, Austrália, Reino Unido, Indonésia, Alemanha, Bélgica e outros países
Dmitry Lovetsky/AP
JULHO - O avião estava a 10 mil metros do chão quando caiu em território ocupado por separatistas no leste da Ucrânia. Investigações apontaram que a aeronave foi abatido por um míssil disparado do solo -- para os EUA, por separatistas, com apoio russo. O acesso de investigadores internacionais ao local onde permaneceram os destroços do avião e corpos das vítimas foi impedido por insurgentes por vários dias. Houve denúncias de que eles retiraram objetos da área antes da realização da perícia
Yuri Kochetkov/EFE
AGOSTO - Os conflitos na Ucrânia acabaram desencadeando uma segunda crise, a de refugiados. Nesta foto, civis fazem fila para receber comida em um campo para refugiados localizado a 10 km da fronteira com a Rússia. Até o fim do mês de agosto, a ONU estimava em cerca de 415 mil o número de pessoas que tiveram de deixar suas casas para escapar da violência. De acordo com a ACNUR (Agência das Nações Unidas para Refugiados), essas famílias se mudaram para outras regiões da Ucrânia e também para a Rússia
Sergei Bondarenko/AFP
AGOSTO - Vladimir Putin (à esquerda), presidente da Rússia, e Petro Poroshenko, presidente da Ucrânia, se cumprimentam pouco antes de se reunirem em Minsk (Belarus) para discutir um plano de paz para a desgastada situação no leste ucraniano
Philippe Desmazes/AFP
SETEMBRO - Até o fim do mês de setembro, os rebeldes separatistas mantinham-se no controle de algumas importantes cidades do leste ucraniano, e continuavam os confrontos e ataques com mortos entre milicianos e forças de segurança do país. Nesta foto, uma casa em Donetsk ficou destruída após ser atingida por um foguete
Dmitry Lovetsky/AP
OUTUBRO - O aeroporto internacional localizado na região de Donetsk sofreu algumas tentativas de ocupação por parte dos separatistas pró-Rússia. Eles também promoveram ataques a comunidades próximas, desrespeitando o cessar-fogo anunciado em setembro
Roman Pilipey/ EFE/ EPA
OUTUBRO - O país realizou em outubro suas eleições parlamentares, que resultaram em vitória da frente pró-ocidente. Apesar de um boicote realizado pelos separatistas pró-Rússia, a CEC (Comissão Eleitoral Central da Ucrânia ) declarou as eleições legislativas válidas
Menahem Kahana/ AFP
NOVEMBRO - Mesmo com um acordo de cessar-fogo entre Ucrânia e Rússia em setembro, não foram interrompidos os ataques no leste do país. Nesta foto, apartamentos atingidos durante bombardeio a um bairro de Donetsk são vistoriados. O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, declarou que seu país estava "preparado para um cenário de guerra total", mas que preferia uma solução pacífica para o conflito
Eric Feferberg/AFP
DEZEMBRO - O ano chegou ao fim com muitos prejuízos para a região leste do país, que foi alvo de ataques armados e sangrentos em todos os 12 meses de 2014. Os separatistas pró-Rússia continuavam controlando a área de Donetsk, e não havia entendimento definitivo entre Rússia e Ucrânia sobre a longa crise no país. Nesta foto, morador de Donetsk mostra estragos provocados em sua casa Mais