Há 43 anos, começava escândalo de Watergate nos EUA

AP - 20.abr.1973
Na madrugada do dia 17 de junho de 1972, há 43 anos, cinco homens vestindo terno e gravata, usando luvas cirúrgicas e carregando milhares de dólares nos bolsos foram surpreendidos arrombando o escritório do Comitê Nacional do Partido Democrata, localizado no sexto andar do edifício Watergate, em Washington, capital dos Estados Unidos, ato que daria início ao escândalo político que culminou na renúncia do presidente Richard Nixon Mais
Paul J. Richards/AFP - 13.jun.2002
Os Arquivos Nacionais dos EUA exibiram algumas evidências do arrombamento da sede do partido Democrata em 13 de junho de 2002, após ficarem seladas e guardadas por quase 30 anos. Na parte superior da foto, estão os retratos dos homens que cometeram o roubo, da esquerda para a direita, Eugenio Martinez, Virgilio Gonzalez, Bernard Barker, Frank Sturgis --o quinto homem é James McCord--, há também uma mala de ferramentos, um casaco, luvas cirúrgicas e equipamentos de escuta Mais
AP
O crime chamou a atenção de Carl Bernstein (à esq.) e Bob Woodward, na época dois jovens repórteres do jornal "The Washington Post", um dos mais importantes do país. Eles passaram a seguir as pistas com ajuda de uma fonte sigilosa que, por 33 anos, foi conhecida apenas como "Garganta Profunda". Richard Nixon tentava se reeleger pelo Partido Republicano e não havia nenhuma evidência que ligasse o presidente ao grupo detido arrombando o escritório rival para instalar escutas telefônicas Mais
Jason Reed/Reuters - 1º.jun.2005
Isso até que Bernstein (à esq.) e Woodward fossem escalados para cobrir o caso. Nas semanas seguintes, eles descobriram que o nome de um dos homens detidos constava da folha de pagamento do comitê de reeleição de Nixon. Mas foi um cheque de US$ 25 mil depositado na conta bancária de outro integrante do grupo, encontrado por Bernstein em Miami, que permitiu relacionar o crime aos fundos de campanha do presidente. As matérias do "Post" revelaram que Nixon fez um "caixa dois" de campanha, ou seja, fundos com dinheiro não declarado, para financiar operações de espionagem aos democratas Mais
AP - ago.1976
Mark Felt, a verdadeira identidade sob o pseudônimo "Garganta Profunda" (chamado assim em referência a um célebre filme pornográfico dos anos 70), era na época o segundo homem na direção do FBI, a polícia federal norte-americana. Ele morreu em 18 de dezembro de 2008 aos 95 anos, no Estado da Califórnia. A contribuição do ex-agente do FBI às matérias publicadas no "Post" culminaria, dois anos depois da invasão ao quartel-general dos democratas, com a primeira renúncia de um presidente norte-americano Mais
Justin Sullivan/Getty Images/AFP - 31.mai.2005
Felt revelou em 2005 ser a fonte anônima mais bem guardada das últimas décadas, por meio de um artigo de sua autoria publicado na revista "Vanity Fair". Com sua ajuda, Watergate entraria para a história como o mais famoso escândalo dos anos 70, e "Garganta Profunda", como o personagem mais misterioso da política dos Estados Unidos. Sem fontes que se dispusessem a contar o que sabiam, Woodward recorreu a Mark Felt, sob a condição de que seu verdadeiro nome não fosse citado nas reportagens e permanecesse no anonimato. A promessa foi cumprida pelo jornalista. Na verdade, "Garganta profunda" não fornecia informações sigilosas ao repórter. Em seus encontros às escondidas com Woodward, em um estacionamento subterrâneo, ele apenas confirmava ou desmentia informações, colocando os jornalistas no caminho certo Mais
AP - 19.jun.1997
Personagens envolvidos no escândalo Waltergate responsável pela renúncia do presidente Richard Nixon. Da esq. para dir.: Gordon Liddy arquitetou operação de invasão da sede do Partido Democrata; John Dean foi conselheiro da Casa Branca e acorbetador do esquema de espionagem do presidente; John Mitchell operador político mais leal e antigo de Nixon; Stuart Magruder foi diretor de Planejamento Político do presidente, se confessou culpado de conspiração no caso Watergate e cumpriu pena em uma prisão federal Mais
AP - 1º.jan.1971
Oficialmente, a Casa Branca não comentava o assunto. Ao longo dos dois anos seguintes, Nixon (com as mãos no bolso) negou qualquer envolvimento com os fatos ao mesmo tempo em que, nos bastidores, montava uma "força tarefa" para obstruir as investigações da polícia e difamar o jornal Mais
AP - 1º.abr.1974
As denúncias não impediram que Nixon fosse reeleito, em novembro de 1972, com mais de 60% dos votos válidos de vantagem. Apesar disso, era um presidente que lutava contra o tempo para desarmar a "bomba" de Watergate, que assumiu dimensão de escândalo nacional. Em 1973, o FBI avançou nas investigações e, em abril daquele ano, quatro dos principais assessores do presidente foram demitidos por envolvimento no caso. Uma prova decisiva estava a caminho quando, em julho de 1973, um assessor da Casa Branca revelou a existência de conversas comprometedoras com Nixon gravadas no Salão Oval. Nixon fez de tudo para evitar que o material fosse divulgado. Na imagem, Nixon mostra transcrições de gravações que ele mesmo mandara fazer de suas conversas de trabalho na Casa Branca Mais
AP - 16.mai.1973
Em 1973, o FBI avançou nas investigações e, em abril daquele ano, quatro dos principais assessores do presidente foram demitidos por envolvimento no caso. Enquanto isso, o Senado formou uma comissão especial para acompanhar a apuração das denúncias envolvendo a Presidência da República. Senador Fred Thompson (à esq.) e senador Howard Baker, no Capitólio. Ambos fizeram parte da comissão do Senado dos EUA designada para investigar o arrombamento do comitê democrata Mais
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Por fim, em 24 de julho de 1974, a Suprema Corte dos Estados Unidos ordenou a entrega das fitas cassetes à Justiça. Os áudios, mesmo parcialmente apagados, confirmaram que Nixon tentou, desde o início, impedir uma investigação profunda sobre o crime. Era a prova de que o presidente mentia sobre sua participação no episódio Mais
AFP - 9.ago.1974
Com a iminência da votação de um impeachment Nixon renunciou ao cargo em 8 de agosto de 1974, admitindo seus erros. Richard Nixon morreu em 1994, aos 81 anos de idade. Na imagem, Nixon, no Salão Leste da Casa Branca, onde ele fez um discurso de despedida à sua equipe, no dia da renúncia Mais
Gerald R. Ford Presidential Library & Museum/AFP - 8.set.1974
O vice Gerald Ford foi empossado no dia seguinte, dando fim à crise. "Nosso longo pesadelo nacional terminou", disse na ocasião. Um mês depois, concedeu a Nixon perdão para quaisquer crimes que tenha cometido, evitando assim que o ex-presidente fosse a julgamento. Na imagem, o dia em que Ford concede o perdão a Nixon Mais
Bob Daughtery/AP - 9.ago.1974
Depois de Watergate, a política americana não foi mais a mesma. Talvez seu principal legado tenha sido o ceticismo incorporado à opinião pública norte-americana, que passou a ser mais crítica em relação ao governo. Para o restante do mundo, Watergate virou sinônimo de corrupção política. Na imagem, Richard Nixon acena do lado de fora da Casa Branca antes de embarcar em um helicóptero logo após sua renúncia Mais
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Woodward e Bernstein publicaram em 1974 o livro "Todos os Homens do Presidente", campeão de vendas nos Estados Unidos. Na imagem, a capa original da primeira edição Mais
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Em 1976, a obra foi adaptada para o cinema em filme homônimo, dirigido por Alan J. Pakula e estrelado por Robert Redford e Dustin Hoffman (nos papéis dos repórteres do "Post"). O filme ganhou quatro Oscars Mais