Adolescentes infratores viram fotógrafos em oficina no Rio

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Um dos adolescentes que participaram da oficina de fotografia em unidades do Degase, no Rio, teve uma solução criativa para fazer um autorretrato cobrindo a região dos olhos. Ele utilizou a grade de um alojamento para compor a imagem Mais
Divulgação/A Nossa Visão
Segundo o professor Alex Marcos Lima Alves, o primeiro contato dos adolescentes com o equipamento fotográfico é um estímulo ao autorretrato. Como medida de prevenção, as unidades de internação não possuem espelhos. Fatalmente, o objeto poderia ser quebrado e usado como material cortante em eventuais conflitos Mais
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O adolescente que tirou esta fotografia pediu ao professor da oficina que imprimisse a foto em preto e branco, mas que preservasse a cor da flor (vermelho). "Esse rapaz tem um olhar diferenciado, principalmente para compor imagens e cenários", disse Alex Marcos Lima Alves. O jovem foi apontado como "garoto prodígio" da turma Mais
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De acordo com Alex Marcos Lima Alves, criador do projeto "A Nossa Visão", os adolescentes que fizeram parte das oficinas de fotografia mostraram uma obsessão incomum: tirar fotos com flores atrás das orelhas. "É engraçado porque, ao mesmo tempo em que eles tentam passar a imagem de um criminoso, mostram certa sensibilidade", disse Mais
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O agente socioeducativo disse ter criado, logo no início das oficinas, um exercício para estimular a memória dos jovens. Ele os fotografava, mas não mostrava o registro na própria câmera. No dia seguinte, o agente socioeducativo imprimia as fotos e as picotava. "Posicionava todos os pedaços em cima de uma mesa, e a sugestão era que eles fossem capazes de juntar esses pequenos recortes de si mesmo, construindo a foto", explicou Mais
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Questionado sobre o potencial dos alunos, o criador do projeto "A Nossa Visão" diz que alguns jovens se destacaram pelo "olhar diferenciado". Na foto, o jovem retratado posiciona a câmera fotográfica ao lado do corpo, em alusão a um fuzil. "A fotografia é um meio para incentivar a reflexão e a desconstrução de paradigmas e preconceitos", disse Mais
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O professor disse que todas as imagens registradas pelos adolescentes precisam ser justificadas, isto é, necessitam ter um sentido fotográfico e um contexto apropriado. Na foto, um jovem olha por um buraco semelhante a uma marca de disparo de fuzil. "Ele está aprisionado e tem curiosidade para ver o mundo lá fora", afirmou Alex Marcos Lima Alves Mais
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Alex Marcos Lima Alves utiliza a sua própria câmera profissional, principalmente para explicações mais avançadas sobre técnica fotográfica. Os alunos, afirma, têm "grande respeito pelo equipamento". "Eles já passam para os outros colocando no pescoço, com medo de cair no chão. Quando um não o faz corretamente, outro já chama a atenção. Eles são bem disciplinados em relação a isso" Mais
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Questionado sobre o sentido e o contexto da imagem, o adolescente que fez esta afirmou para o professor: "Se a gente não pode mostrar o rosto, então os pássaros também não podem". Por esse motivo, o jovem buscou desfocar os animais em segundo plano. "Ele pode até ter pensado rápido na hora e inventado essa história. Mas é um boa explicação", brincou Alex Marcos Lima Alves Mais
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Jovem grávida foi uma das 22 alunas da oficina fotográfica realizada em unidade feminina. Segundo Alex Marcos Lima Alves, ao observar a imagem, ela se mostrou surpresa com o tamanho da barriga. Ela afirmou que não "imaginava que estava tão grande". Assim como nas unidades masculinas, as adolescentes que cumprem penas socioeducativas no Degase não têm espelhos nos alojamentos Mais
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O agente do Degase já desenvolveu, desde janeiro, três ciclos de oficinas voluntárias, pelas quais passaram 179 alunos --157 meninos e 22 meninas. Cada turma tem, em média, 15 alunos, e as aulas duram cerca de uma hora. Ao fim do período de atividades, os participantes ganham um certificado de conclusão. Os jovens adquirem noções práticas e teóricas sobre a técnica fotográfica Mais
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Alex Marcos Lima Alves criou a oficina "A Nossa Visão" depois de realizar, no ano passado, um trabalho acadêmico em uma das unidades do Degase, onde ele trabalha há dez anos. A direção do órgão gostou das fotografias registradas pelo estudante universitário, à época no terceiro período da faculdade, e sugeriu que ele criasse um projeto social. Para viabilizar a ação, ele contou com a colaboração e solidariedade de amigos, que doaram 12 máquinas compactas digitais e uma analógica Mais
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Durante as aulas, a única regra expressamente definida pelo professor é estabelecer um distanciamento entre os conhecimentos adquiridos e o universo das facções criminosas. Alex Marcos Lima Alves explica que, no começo, muitos jovens queriam tirar fotos com gestos ou símbolos que remetessem ao Comando Vermelho. "Tem que existir essa dissociação com as facções, isso a gente deixa fora da aula" Mais