Conheça a rotina do casal de idosos que vive sem luz na Floresta da Tijuca

Mauro Pimentel/UOL
Com um facão em mãos, Afrânio Dias Gomes, 75, faz rondas diárias pela Floresta da Tijuca para verificar se está tudo bem. "Me sinto um guardião da floresta", diz ele, que mora em uma casa em meio à imensidão do Parque Nacional da Tijuca, no Rio. Ele e a mulher, Maria do Carmo Gonzaga Gomes, 71, vivem sem energia elétrica há 46 anos Mais
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Afrânio Dias Gomes, 75, e Maria do Carmo Gonzaga Gomes, 71, residem há 46 anos em meio à imensidão da Floresta da Tijuca, no Parque Nacional da Tijuca, zona norte do Rio de Janeiro. O casal vive até hoje sem energia elétrica. E ambos dizem que, apesar das dificuldades naturais, são plenamente felizes com a vida que têm. "Eu diria que somos privilegiados porque, mesmo sem luz, não deixamos de fazer nada", disse ele Mais
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Afrânio e Maria do Carmo tiveram energia elétrica por cerca de um ano, em 2013, quando um gerador foi instalado na residência, com auxílio do filho mais velho --que já não mora na casa dos pais há dez anos anos. Porém, o equipamento apresentou defeito, e o casal chegou a uma conclusão pouco provável nos dias de hoje. "A vida era melhor quando não tinha luz", afirma Afrânio Mais
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Afrânio diz que sua família é uma das poucas remanescentes entre as que moravam no interior do Parque Nacional de Tijuca desde o trabalho de remodelação feito na década de 40. "Eram dez famílias e hoje existem poucas, talvez três ou duas. Os parentes do meu tio ainda estão aqui também", contou ele Mais
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A iluminação interna da casa é baseada em um lampião a gás, instalado na sala, próximo ao portão e às janelas, para que o ambiente não fique muito quente, e velas. Não há ventilador, "mas quem precisa disso quando se tem a brisa da floresta entrando pela janela?", questiona Afrânio Mais
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Todas as despesas da casa, que não são muitas, são custeadas pela aposentadoria de Afrânio, que trabalhou praticamente a vida inteira na Fundação Parques e Jardins (órgão da Prefeitura do Rio) e hoje recebe um salário mínimo. A mulher consegue ajudá-lo fazendo pequenos bicos, como serviços de costura Mais
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Na entrada para o Bosque dos Eucaliptos e para as ruínas da Fazenda, no Parque Nacional da Tijuca, Afrânio escreveu em uma pedra uma mensagem para que entregadores de gás consigam achar a casa dele, situada em meio à imensidão da floresta Mais
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Na cozinha, a geladeira é representada por um isopor velho, que conserva alimentos como carne e frango por dois ou três dias, desde que haja gelo suficiente. "Buscamos o gelo na rua e já compramos porções mínimas para que nada estrague. É tudo calculado", afirma a idosa. "Não há nenhuma comida que eu não consiga fazer." Mais
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Maria do Carmo usa um antigo ferro a gás, aquecido no fogão, para passar as roupas da casa. Ela traz na memória uma passagem com o filho mais velho, que, logo quando começou a trabalhar, tinha seu uniforme diariamente passado pela mãe. "Uma vez, ele foi elogiado no trabalho porque estava sempre engomadinho. Aí eu disse para ele falar no trabalho que o bom mesmo é o ferro a gás, não é ferro elétrico, não", relatou a idosa, sorrindo Mais
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Afrânio diz que sua família é uma das poucas remanescentes entre as que moravam no interior do Parque Nacional de Tijuca desde o trabalho de remodelação feito na década de 40. "Eram dez famílias e hoje existem poucas, talvez três ou duas. Os parentes do meu tio ainda estão aqui também", contou ele Mais
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O casal planta na parte externa da casa ervas e raízes que, segundo Maria do Carmo, são a sua "farmácia particular". Por isso, se o problema é uma dor de cabeça, enjoo ou mal-estar, por exemplo, não há necessidade de ir até a farmácia. "Aqui eu tenho erva-cidreira, saião, macaé... Já tomou chá de macaé? É muito bom para o fígado." Mais