Da luta armada ao impeachment: veja a trajetória política de Dilma Rousseff

Folha de S. Paulo/Arquivo Pessoal
FILHA DE IMIGRANTE BÚLGARO - Filha do poeta e empresário búlgaro Pétar Russév (naturalizado no Brasil como Pedro Rousseff) e da professora brasileira Dilma Jane Silva, Dilma Vana Rousseff nasceu em 14 de dezembro de 1947 em Belo Horizonte. Na foto, ela é a criança com vestido de bolinhas, acompanhada do pai, da mãe e dos irmãos Igor e Zana Lúcia
Arte UOL
CLANDESTINIDADE E LUTA ARMADA - Começou a vida política em 1964, quando estudava no Colégio Estadual Central (hoje Escola Estadual Governador Milton Campos). Lá, ela começou a militar na Polop (Organização Revolucionária Marxista - Política Operária), depois ingressou na Colina, movimento adepto da luta armada, que se uniu à VPR e se transformou na VAR-Palmares. Em 1969, começou a viver na clandestinidade e abandonou o curso de economia na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) que havia iniciado dois anos antes
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PEGA PELA OPERAÇÃO BANDEIRANTES - Dilma foi presa em 1970, com 22 anos, acusada de subversão pela ditadura militar. A imagem é de janeiro de 1970 e consta na ficha do SNI (Serviço Nacional de Informação). Ela havia sido presa em São Paulo, pela Oban (Operação Bandeirantes)
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PRESA E TORTURADA PELOS MILITARES - Dilma foi condenada a seis anos e um mês de prisão e teve os direitos políticos cassados. Ficou presa durante quase dois anos em prisões em São Paulo, em Juiz de Fora (MG) e no Rio. Passou por inúmeras sessões de torturas. Em depoimento ao Conselho de Direitos Humanos de Minas Gerais, Dilma contou as agressões lhe causaram hemorragias no útero e o comprometimento de parte de sua arcada dentária. A imagem é de novembro de 1970, durante audiência na sede da Auditoria Militar no Rio de Janeiro. Ao fundo, os oficiais que a interrogavam escondem o rosto
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SOLTA EM 1972, RECONSTRUIU A VIDA EM PORTO ALEGRE - Dilma conseguiu redução da pena junto ao STM (Superior Tribunal Militar) e saiu da prisão no final de 1972. Após deixar a prisão, se mudou para Porto Alegre (RS), onde morou com Carlos Araújo, com quem viveu por mais de 30 anos e teve sua filha, Paula Rousseff. A foto de identificação mostra Dilma Rousseff com 25 anos, em 1972, ano em que foi libertada, e consta na pasta que reunia informações sobre o processo ao qual ela respondeu na Justiça Militar
Olderige Zardo/Agência RBS
NA REDEMOCRATIZAÇÃO, AJUDOU A FUNDAR O PDT - Na capital gaúcha, ela terminou o curso de economia e, com a redemocratização, ajudou na fundação do PDT (Partido Democrático Trabalhista). Dilma exerceu seu primeiro cargo executivo como secretária municipal da Fazenda em Porto Alegre, entre 1985 e 1988 (foto), na gestão de Alceu Collares
Antonio Pacheco/Zero Hora
DEIXOU O PDT PELO PT EM 2001 - Dilma se filiou ao PT em 2001, quando era secretária de Minas e Energia do Rio Grande do Sul. Seu desempenho à frente da pasta durante uma grave crise no abastecimento de energia no país, que fez com que o Rio Grande do Sul fosse um dos poucos Estados a não sofrer apagões, fez com que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva a convidasse, no final de 2002, para integrar a equipe de transição do governo
Ormuzd Alves/Folha Imagem
MÃE DO LUZ PARA TODOS - Dilma Rousseff tomou posse como ministra de Minas e Energia em 2003. Na imagem, ela chora durante discurso de posse do cargo em Brasília
Alan Marques - 21.jun.2005/Folhapress
SAI DIRCEU, ENTRA DILMA - Com a saída de José Dirceu, Lula escolheu Dilma Rousseff para ocupar a chefia da Casa Civil em 2005. Na imagem, Dilma toma posse do cargo acompanhada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ex-ministro, no Palácio do Planalto, em Brasília
Alan Marques/Folha Imagem
LUTA CONTRA O CÂNCER - No início de 2009, Dilma descobriu que tinha câncer no sistema linfático e foi submetida a tratamento. Na época, ela disse que não reduziria as atividades, admitiu que usava uma "peruquinha básica" e criticou uso político de sua doença. Em setembro do mesmo ano, médicos disseram que ela estava curada. Na imagem, feita em dezembro de 2009, Dilma aparece pela primeira vez sem peruca, após o tratamento
Sérgio Lima/Folhapress
SUCESSORA DE LULA - Em abril de 2010, Dilma deixou a chefia da Casa Civil para se candidatar à presidência. A candidatura foi oficializada pelo PT em junho daquele ano
Antônio Cruz/Abr
TEMER E "CASAMENTO" PT E PMDB - No fim de 2009, o PMDB já tinha conseguido a vaga de vice do candidato do PT para as eleições do ano seguinte. O escolhido foi o presidente do partido na época, Michel Temer (PMDB-SP). Na foto, Temer chega ao comitê de campanha de Dilma Rousseff para entregar o programa de governo do partido à então pré-candidata
Marlene Bergamo/Folhapress
VITÓRIA NA PRIMEIRA ELEIÇÃO DA VIDA - Dilma Rousseff venceu a primeira eleição da sua vida no segundo turno contra o candidato do PSDB, José Serra. Recebeu 55,7 milhões de votos (56,05%), sendo a primeira mulher a chegar ao Palácio do Planalto. Na foto, feita em 31 de outubro, ela comemora o resultado do segundo turno
Jorge Araújo/Folhapress
PRIMEIRA MULHER PRESIDENTE DO BRASIL - O ex-presidente Lula entregou a faixa presidencial a Dilma em janeiro de 2011. A ex-ministra assumiu o governo e, durante seu primeiro mandato, chegou a atingir quase 80% de popularidade
Sergio Lima/Folhapress
O GOSTO AMARGO DAS LEMBRANÇAS - Conhecida por sua postura forte, Dilma chorou em maio de 2012 durante cerimônia de instalação da Comissão da Verdade ao citar familiares de desaparecidos na ditadura militar brasileira. O relatório final foi entregue em dezembro de 2014
Piervi Fonseca/AGIF
COPA DO MUNDO DENTRO DE CASA - O Brasil sediou a Copa do Mundo em 2014, meses antes do início da campanha para as eleições presidenciais daquele ano. Na imagem, Dilma torce para o Brasil no primeiro jogo do mundial, contra a Croácia. A abertura aconteceu em 12 de junho, na Arena Corinthians, em São Paulo
Alan Marques/Folhapress
RENOVAÇÃO DE VOTOS - O PT repetiu a "casadinha" e manteve Michel Temer (PMDB-SP) como vice da pré-candidata à reeleição, Dilma Rousseff. Na imagem, Temer e Dilma comemoram a renovação da aliança PT-PMDB durante convenção nacional do PMDB, em Brasília, em junho de 2014
Antonio Lacerda/EFE
"COXINHAS" X "PETRALHAS" - A eleição presidencial de 2014 foi uma das mais acirradas da história recente do Brasil. A operação Lava Jato revelou o maior esquema de corrupção da história do país e, embora Dilma não tenha sido investigada diretamente, o centro do escândalo foi a Petrobras, que tinha ela como presidente do Conselho de Administração da estatal. Apesar disso, Dilma venceu as eleições no segundo turno contra o senador Aécio Neves (PSDB-MG)
Sérgio Lima/Folhapress
VITÓRIA SUADA - Dilma Rousseff foi reeleita com mais de 54,5 milhões de votos (51,64%), contra mais de 51 milhões de Aécio Neves (PSDB-MG), ou seja, 48,36% dos votos válidos. Na imagem, feita em 26 de outubro de 2014, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva beija a presidente reeleita durante evento em comemoração da vitória nas eleições, em Brasília
Fábio Braga/Folhapress
A "BATALHA" NÃO ESTAVA GANHA - Dilma Rousseff tomou posse em 1º de janeiro de 2015 ao lado do seu vice, Michel Temer (PMDB), mas a "batalha" não estava ganha. A profunda polarização da sociedade, com protestos que levaram multidões às ruas contra e a favor do governo Dilma, as várias fases da operação Lava Jato, as delações premiadas de empresários e a grave crise que atingiu a economia brasileira foram minando a popularidade da presidente. Em setembro, o índice de reprovação do governo atingiu 69%, o maior já registrado pelo Ibope desde que a pesquisa começou a ser realizada, em 1986
Ruy Baron/Folhapress
QUEM ERA ALIADO VIROU OPOSIÇÃO - Desde o início do segundo mandato, Dilma mostrou ter dificuldades em negociar com o Congresso Nacional. Em julho, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que já acumulava atritos com o Planalto, anunciou que faria oposição ao governo. Menos de um mês antes, ele tinha recebido o primeiro pedido formal de impeachment contra a presidente
Ueslei Marcelino/Reuters
PEDALADAS FISCAIS E IMPEACHMENT - Em outubro de 2015, o TCU (Tribunal de Contas da União) recomendou a reprovação das contas de 2014 do governo da presidente Dilma. O episódio conhecido como "pedaladas fiscais" embasou o pedido de impeachment feito pelo jurista Hélio Bicudo e Janaína Paschoal, que foi aceito em dezembro por Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Na época, Dilma Rousseff se disse "indignada" com a abertura do processo e afirmou nunca ter cometido "ato ilícito" Mais
Ueslei Marcelino/Reuters
"ABSOLUTA DESCONFIANÇA" - A relação de Dilma Rousseff e seu vice-presidente Michel Temer se mostrou deteriorada após a divulgação de uma carta entregue por Temer a Dilma, na qual relata episódios de "absoluta desconfiança" que sempre existiu em relação a ele e ao PMDB por parte da petista. O peemedebista alega que passou os quatro primeiros anos do governo como "vice decorativo" e que foi "menosprezado"
Alan Marques/Folhapress
"INJUSTIÇADA E INDIGNADA" - Por 367 votos a favor e 137 contra, o pedido de abertura de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) foi aprovado pela Câmara do Deputados na noite de 17 de março e passou para a análise do Senado. No dia seguinte, Dilma Rousseff afirmou se sentir "injustiçada e indignada" em pronunciamento Mais
Eduardo Anizelli/Folhapress
O ÚLTIMO DIA NO PLANALTO - No dia 12 de maio, o Senado aceitou o pedido de abertura de impeachment da presidente Dilma Rousseff, com 55 votos a favor e 22 contra. Ela foi afastada temporariamente do governo e quem assumiu foi o seu vice, Michel Temer (PMDB). Na imagem, já afastada, Dilma foi recebida por manifestantes favoráveis a ela após deixar o Palácio do Planalto
Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
DEFENDENDO O MANDATO NO SENADO - Já afastada, a presidente Dilma Rousseff foi ao Senado Federal defender o seu mandato durante sessão do julgamento do processo de impeachment contra ela. Em discurso considerado histórico pelos aliados, ela declarou que o impeachment é sua pena de morte política e se emocionou ao citar a tortura sofrida durante a ditadura. Dilma fez um apelo para que os senadores votassem contra sua condenação, mas não conseguiu reverter o processo e foi cassada Mais
Pedro Ladeira/Folhapress
DILMA SOFRE IMPEACHMENT - Dilma Rousseff foi afastada definitivamente do poder em 31 de agosto de 2016, após votação no Senado Federal. Foram 61 votos a favor do impeachment e 20 contra, sem abstenções. Logo após o afastamento, Dilma fez um pronunciamento em que afirmou que "haverá contra eles a mais firme e enérgica oposição que um governo golpista pode sofrer". Os senadores mantiveram os direitos políticos de Dilma Mais
José Carlos Daves/Futura Press/Estadão Conteúdo
A VOLTA PARA PORTO ALEGRE - Seis dias após sofrer o impeachment, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) deixou definitivamente o Palácio da Alvorada, em Brasília. Na imagem, ela é recebida por manifestantes e apoiadores na Base Aérea de Canoas (RS), de onde seguiu para a casa da família, em Porto Alegre