Livro mostra cidades abandonadas do Brasil

Miguel von Behr
Ararapira (PR) - Fundada pelos portugueses no século 18, na divisa entre São Paulo e Paraná, Ararapira cresceu como um entreposto comercial marítimo e chegou a ter 500 moradores. A construção de um canal para dar acesso ao porto de Paranaguá, nos anos 1950, fez o nível do mar subir e alagar parte da vila. Outro fato foi um episódio no início dos anos 1980, quando os moradores enfrentaram a invasão de uma empresa que queria derrubar árvores e fazer pastos. Os moradores resistiram. Após o conflito, foi criado o Parque Nacional de Superagui e hoje o local é um santuário ecológico Mais
Nestor Razente
Airão Velho (AM) - Cidade amazônica fundada por missionários portugueses nas margens do rio Negro. No século 18, o local era estratégico porque as fronteiras entre a América portuguesa e as colônias espanholas ainda não tinham sido fixadas. Durante o Ciclo da Borracha, a cidade testemunhou um comércio intenso. Chegou a ter uma dezena de casas aviadoras, estabelecimentos comerciais que se constituíram para abastecer os seringais. Airão Velho foi abandonada na década de 1950. Quando a riqueza da borracha sumiu, a população se mudou para perto de Manaus e fundou a cidade de Airão Novo Mais
Marcelo Lessa
Biribiri (MG) - O vilarejo, a 15 km de Diamantina (MG), nasceu de uma extinta fábrica de tecidos no final do século 19. No auge da produção, a fábrica da família Mascarenhas chegou a ter mais de mil habitantes, mas fechou as portas em 1973. Apenas quatro moradores ficaram. A vila foi preservada pelos herdeiros e depois foi tombada como patrimônio histórico. Hoje é uma atração turística Mais
Aureluz Sétimo
Cococi (CE) - Foi sede de uma das maiores sesmarias do Ceará durante o período colonial. Na década de 1950, Leandro Custodio de Oliveira Castro, da poderosa família Feitosa, construiu uma cidade em sua fazenda. O grande problema do abandono foi político. Em 1968, o governo federal considerou que a cidade era uma "mentira". O local funcionava como uma fazenda, mas recebia verba pública. O município foi extinto e incorporado à vizinha Parambu. O clã Feitosa e os moradores decidiram migrar para uma cidade vizinha. Hoje apenas duas famílias de agricultores vivem na área Mais
Virginia Dolabela
Desemboque (MG) - Surgiu como caminho de entrada para bandeirantes que buscavam ouro em Goiás. Durante o século 18, se tornou o maior centro comercial e de mineração do Triângulo Mineiro. Nos dias de glória, o local chegou a ter 1.500 habitantes. Tudo foi abandonado quando as minas de ouro acabaram. Hoje a vila pertence ao município de Sacramento e conserva apenas 20 casas. As igrejas Nossa Senhora do Desterro e do Rosário estão bem preservadas e abrigam um cemitério Mais
Alex Albino
Fordlândia (PA) - A vila foi criada no interior do Pará em 1928, pelo empresário norte-americano Henry Ford, fundador da Ford Motor Company. Ele queria erguer uma fábrica de látex para abastecer a indústria automotiva nos Estados Unidos e não mais depender da Inglaterra. Ford projetou uma cidade típica americana em plena selva amazônica. O empreendimento fracassou devido às condições inadequadas do plantio das seringueiras. Em 1950, após a falência da indústria, os moradores abandonaram o local Mais
Casemiro Witasiak
Ouro Fino (GO) - O extinto arraial fica a 16 km de Goiás, antiga capital goiana. Foi fundada em 1726 pelo bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva, que criou garimpos ao longo do rio Vermelho. Durante o século 19, a vila era uma das mais sofisticadas do Estado. Com o esgotamento das jazidas, veio o abandono. O local também sofreu com a queda da ponte sobre o rio Uru, fazendo com que a estrada fosse desviada. Aos poucos, a população foi se mudando para as fazendas e cidades vizinhas Mais
Marcos Zimmermann
Bom Jesus do Pontal (TO) - Fundado em 1738, o arraial se formou a partir de garimpos de ouro. Em 1810, índios xerentes atacaram um garimpo próximo ao arraial e muitos foram mortos. Outra versão da história diz que o massacre teria acontecido dentro da vila. Com medo de novos ataques, as famílias se mudaram para Porto Real (atual Porto Nacional). Em meados do século 19, já não havia ninguém. Hoje restam apenas algumas ruínas, que ficam dentro de uma fazenda Mais
Divulgação
O arquiteto e urbanista Nestor Razente mapeou histórias de cidades fantasmas brasileiras em seu livro "Povoações Abandonadas no Brasil". Na obra, o professor da Universidade de Londrina faz um levantamento inédito sobre oito cidades brasileiras que deixaram de existir entre os séculos 19 e 20 Mais