Fotos mostram cotidiano de limpadores de latrina na Índia

Digvijay Singh/BBC
Milhões de pessoas de castas mais baixas na Índia removem excrementos humanos de banheiros que não têm um sistema de descarga moderno e os carregam em cestos para serem descartados. Mulheres dessas castas -- como Gangashree, do Estado de Uttar Pradesh (foto) -- geralmente limpam banheiros de casas, enquanto os homens costumam limpar esgotos e fossas. Na imagem, Gangashree leva as fezes em seu cesto para os arredores do vilarejo. Mais
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A prática antiga de remover excrementos manualmente é comum no vilarejo de Kasela, em Uttar Pradesh, e os limpadores de latrinas ainda são considerados "intocáveis". Nesta foto, uma mulher entra em uma casa do vilarejo pela porta dos fundos para remover excrementos do banheiro. Mais
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Manisha (foto), de Uttar Pradesh, limpa banheiros de 20 casas todos os dias. "Eu uso um prato de lata e uma vassoura para remover as fezes que acumulam no vaso, coloco os excrementos no cesto, levo e jogo fora. É um trabalho tão ruim que eu nem tenho vontade de comer", diz. Mais
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Munnidevi (foto) diz que não será paga pelo trabalho. "Às vezes eles nos dão dois rotis (pães caseiros), às vezes só um. Uma das casas não me pagou nada por dois ou três dias, então eu parei de ir lá. Se eles não me dão nada, por que devo ir? Mas eles vieram me ameaçar. Disseram: 'se você não vier, não vamos deixar você entrar em nossas terras. Onde você vai conseguir comida pra seus animais?'. Nós temos quatro búfalos. Aí eu voltei para limpar. Eu tinha que fazer isso." Mais
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"O panchayat (conselho do vilarejo) contrata pessoas para trabalhar como transportadoras de água, mensageiras, balconistas, garis e esse trabalho que eu faço -- limpador de latrinas", diz Anil, do distrito de Dhule, no Estado de Maharashtra. "Se você é da casta Mehatar, você precisa fazer esse trabalho. Não dizem isso diretamente, mas é o que você é contratado pra fazer e o que é esperado, até dos moradores. Se há fezes para limpar, eles vem nos chamar para fazê-lo." Mais
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"O conselho do vilarejo trouxe nossa família para cá para limpar os banheiros secos, os banheiros com água e os locais onde se defeca ao ar livre. Eu recolho todo o excremento e jogo em outro lugar. Na verdade, nós queremos ir pra casa. Não gostamos daqui", diz Rajubai, na foto. "Por causa desse trabalho, minha saúde piorou. Eu como muito pouco. O trabalho é muito sujo. Mas as pessoas dizem que o conselho não vai nos deixar ir embora e é por isso que eles não estão nos dando o pagamento completo." Mais
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Uma campanha lançada pela ONG Jan Sahas ajudou a libertar 11 mil limpadores de latrinas no Estado de Madhya Pradesh. Sevanti (foto), do distrito de Dewas, disse: "Eles me disseram que eu podia ir embora e que esse trabalho é contra a lei. Antes disso, nos diziam que tínhamos que fazer isso. Ninguém nos dizia que não precisávamos fazê-lo" Mais
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Rekhabai (na foto) diz que, quando saiu do local onde trabalhava, foi ameaçada: "Uma das pessoas para quem eu limpava me disse: 'se você aparecer em minha fazenda, cortarei suas pernas'." Mais
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Sahina (na foto), de Madhya Pradesh, diz que "era obrigada a sentar longe das outras pessoas na escola enquanto comia". "Um dia eu fiquei de saco cheio disso. Joguei minha comida fora. Aí perdi pontos por falar contra a maneira como fui tratada. Eu disse para minha professora: 'Se você me tratar mal e me tirar pontos por responder, não virei mais'." As coisas não melhoraram para Sahina até o dia em que ela saiu da escola. Mais
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Rahul, que também faz parte da comunidade dos limpadores de latrinas, disse que apanhou por tocar em uma tigela que pertencia a um garoto de uma casta mais alta. "Foi um acidente. O garoto correu para o professor e disse a ele. Ele me chamou e me bateu com uma vara nas costas cinco vezes. A cada vez que ele me batia, ele dizia: 'Você não pode tocar nessa tigela! Se tocar de novo, vou te bater de novo'." Mais
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"A limpeza manual de fezes humanas não é um emprego, mas uma injustiça semelhante à escravidão.É uma das formas mais proeminentes de discriminação contra os dálits (conhecidos antes como intocáveis), e é central para a violação dos seus direitos humanos", diz Ashif Shaikh, que criou a campanha para libertar os limpadores. Mais
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Senajbi, uma ex-limpadora de latrinas, conseguiu deixar o trabalho em 2008, com a ajuda da ONG. "Em 2010, eu fui eleita para um lugar no conselho reservado para mulheres, representando meu distrito no vilarejo. Fiz com que se construíssem estradas e esgotos de verdade." Mais
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"Dez anos depois de eu parar de fazer a limpeza manual de fezes, nossa comunidade tem uma cooperativa de pescadores e uma licença do governo para pescar nesse lago", diz Mamta (na foto). "Temos uma conta de banco conjunta onde depositamos todo o dinheiro que ganhamos com a venda do peixe no mercado. Usamos esse dinheiro para pagar um salário diário a todos da cooperativa." Mais