Tuítes de Bolsonaro resumem crises e um modo de fazer política

Na primeira viagem internacional, falou pouco a jornalistas e continuou focando sua comunicação nas redes sociais

A internação para reverter a colostomia rendeu um "bunker" no hospital para fazer reuniões e boletins diários sobre seu estado de saúde feitos pelo filho Carlos Bolsonaro

A interferência dos filhos de Bolsonaro no governo tem causado bastante instabilidade. A queda de Gustavo Bebianno foi a principal consequência até agora. Mas também houve muito barulho em torno das investigações contra Flávio e a atuação como um chanceler informal de Eduardo

Após críticas recebidas de artistas, o presidente publicou em suas redes sociais um vídeo que mostrava um homem urinando em outro durante um bloco em São Paulo, dizendo estar "expondo a verdade" sobre o Carnaval de rua. No dia seguinte, perguntou o que era o termo viralizado com o vídeo. As postagens causaram constrangimento mesmo dentro do governo, além de críticas em jornais internacionais. Ele acabou por excluir o vídeo e os tuítes relacionados de suas contas pessoais após os retratados entrarem com uma ação no STF pedindo que o conteúdo fosse apagado

A influência do escritor Olavo de Carvalho dentro do governo causou uma crise dentro do Ministério da Educação e do Itamaraty, com uma sequência de demissões no alto escalão

Embates com jornalistas e meios de comunicação se seguiram conforme aumentaram as crises entre os membros do governo e do PSL

Um dos pilares de sustentação do governo continua sendo o discurso antiesquerdista, sempre inflamado, e o do combate à corrupção dentro do sistema

A reforma da Previdência continua sendo a maior dificuldade, apesar de ter sido uma das bandeiras do governo. A falta de articulação com o Congresso e falas nada apaziguadoras complicam a tramitação da proposta

A iminente queda de Ricardo Vélez, da Educação, gerou uma acusação de notícia falsa, mas a falta de gestão do então ministro era consenso no governo

Numa ação que terminou com 11 pessoas mortas, o presidente elogiou os profissionais envolvidos, mas foi criticado por especialistas em segurança por exaltar a letalidade policial

Bolsonaro antecipou a volta da viagem a Israel para negociar com partidos a tramitação da reforma da Previdência. Ao se reunir com líderes de partidos, fez questão de ressaltar que não negociou cargos, mas também não conseguiu formar uma base para o governo no Congresso

Com a pior avaliação após três meses no cargo, Bolsonaro ironizou a pesquisa: "Não vou perder tempo para comentar pesquisa do Datafolha, que disse que eu ia perder para todo mundo no segundo turno"

Depois de antecipar a demissão na semana anterior, Bolsonaro acabou demitindo Vélez e anunciando o substituto pelo Twitter, como fez para todos os ministros que compõem o governo