CPI da Covid - semana 4

Ernesto Araújo, Pazuello, 'capitã cloroquina': os próximos depoimentos

Por Carolina Marins

Depois de depoimentos reveladores na CPI da Covid, com direito a ameaça de prisão, esta semana promete ser ainda mais tensa na comissão que apura ações e omissões do governo federal no combate à pandemia. A seguir, o que esperar dos depoimentos desta semana:

Edilson Rodrigues/Agência Senado

18 de maio: Ernesto Araújo

O ex-chanceler é considerado uma das peças-chave para esclarecer a condução da pandemia pelo governo federal. Os senadores devem questioná-lo, principalmente, sobre o papel da diplomacia brasileira no enfrentamento da covid-19, em especial na obtenção de insumos e vacinas.
Mateus Bonomi/AGIF/Estadão Conteúdo
Os embates do ex-chanceler com membros da diplomacia chinesa, principal fornecedor de insumos para fabricação de vacinas do Brasil, serão o centro da oitiva. É possível que o ex-ministro também tenha que responder por uma possível resistência à compra de oxigênio para Manaus da Venezuela.
Reuters

19 de maio: Eduardo Pazuello

O depoimento mais esperado da CPI é o do ex-ministro da Saúde mais longevo do governo de Jair Bolsonaro. Era o general quem estava no comando da pasta quando a Pfizer fez uma oferta de 70 milhões de doses ao Brasil. Segundo a empresa, o governo ignorou três propostas negociação em agosto de 2020.
Wallace Martins/Futura Press/Estadão Conteúdo
Pazuello deixou de ir na primeira semana de oitivas com a justificativa de que havia tido contato com pessoas contaminadas pela covid-19. Desta vez, a AGU apresentou ao STF pedido de habeas corpus, concedido pelo ministro Ricardo Lewandoski. Com isso, o ex-ministro poderá ficar em silêncio em perguntas que possam incriminá-lo, mas deve dizer a verdade sobre terceiros.
Wallace Martins/Futura Press/Estadão Conteúdo

20 de maio: Mayra Pinheiro

Na quinta-feira é esperado o depoimento da secretária de Gestão do Trabalho do Ministério da Saúde, conhecida nas redes sociais como 'capitã cloroquina'. Os senadores querem ouvi-la sobre a defesa de medicamentos antivirais durante a crise de oxigênio em Manaus (AM) no início do ano.
Anderson Riedel/PR

Também estão previstos:

  • Dia 25: Dimas Covas (presidente do Instituto Butantan)
  • Dia 26: Nisia Trindade (presidente da Fiocruz)
  • Dia 27: representante da União Química (Sputnik V)
Divulgação

Quem falou na última semana?

A última semana teve depoimentos do presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), do ex-secretário de comunicação do governo e do representante da Pfizer, que reforçaram indícios de que o presidente Jair Bolsonaro negligenciou a pandemia.
Jefferson Rudy/Agência Senado

Antônio Barra Torres

O presidente da Anvisa abriu as oitivas da semana anterior. Ele se contrapôs a falas negacionistas de Bolsonaro, afimou que barrou uma tentativa de mudar a bula da cloroquina para indicá-la em casos de covid e defendeu o atual veto da Sputnik V.
Jefferson Rudy/Agência Senado

Esse documento [que visava alterar a bula] foi comentado por Nise [Yamaguchi], o que provocou uma reação deseducada e deselegante minha, de dizer que aquilo não poderia ser, só quem pode modificar bula de um medicamento é a agência reguladora do país, desde que solicitada pelo detentor do registro.

Antonio Barra Torres,
presidente da Anvisa
Jefferson Rudy/Agência Senado

Fabio Wajngarten e ameaças de prisão

O ex-secretário-executivo do Ministério das Comunicações entrou em contradições durante seu depoimento na CPI, o que motivou diversos pedidos de prisão por parte dos senadores sob a acusação de que mentiu.
Sergio Lima/AFP
No fim de abril, Wajngarten culpou em entrevista à revista Veja o ministério da Saúde pelo atraso da chegada das vacinas contra a covid-19 e pelo insucesso nas negociações do Planalto com a farmacêutica Pfizer. Na CPI, porém, ele negou ter emitido opiniões sobre Pazuello.
Edilson Rodrigues/Agência Senado

Jamais adjetivei, rotulei, emiti opinião [sobre Pazuello], até porque o meu contato com o ex-ministro Pazuello, conforme dito, foi de bom dia, boa tarde, boa noite, nada além disso.

Fabio Wajngarten,
durante CPI da Covid
Edilson Rodrigues/Agência Senado

Foi incompetência. Quando você tem um laboratório americano com cinco escritórios de advocacia apoiando a negociação e tem do outro lado um time pequeno, tímido, sem experiência, é 7 a 1.

Fabio Wajngarten,
durante entrevista à revista Veja
Pedro Ladeira/Folhapress,

CEO da Pfizer

Carlos Murillo, ex-presidente da Pfizer no Brasil e atual CEO da farmacêutica na América Latina, foi o último ouvido na semana passada. Ele disse que a farmacêutica abriu diálogo sobre vacinas ainda em maio de 2020 com o governo, confirmou o envio de uma carta ao presidente Bolsonaro e negou a existência de "cláusulas leoninas" em acordos.
Jefferson Rudy/Agência Senado

O que eu posso confirmar é que depois de feitas estas ofertas, com data de 12 de setembro, nosso CEO [Albert Bourla] mandou uma comunicação para o governo do Brasil indicando nosso interesse em chegar a um acordo e que nós tínhamos fornecido para o governo do Brasil as propostas anteriormente mencionadas.

Carlos Murillo,
CEO da Pfizer na América Latina
Edilson Rodrigues/Agência Senado
O CEO também confirmou à CPI que Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), vereador do Rio de Janeiro e filho do presidente, participou de uma reunião no Palácio do Planalto entre a farmacêutica e o governo federal.
Jorge Hely/Framephoto/Estadão Conteúdo

Após aproximadamente uma hora de reunião, Fabio Wajngarten recebe uma ligação, sai da sala e retorna. Minutos depois, entra na sala Filipe Garcia Martins, assessor internacional da Presidência da República, e Carlos Bolsonaro. Fabio explicou a Filipe Garcia Martins e a Carlos Bolsonaro os esclarecimentos prestados pela Pfizer até então na reunião.

Carlos Murillo,
CEO da Pfizer na América Latina
Edilson Rodrigues/Agência Senado
Publicado em 17 de Maio de 2021.
Edição Vanessa Alves Baptista