Anvisa, Wajngarten, Pfizer: os próximos alvos da CPI da Covid

Por Carolina Marins

Depois de ouvir o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e os antecessores Mandetta e Teich, a CPI da Covid retomará os depoimentos nesta semana, a partir de amanhã.

Criada no Senado após determinação do STF, a comissão investiga ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia e repasses federais a estados e municípios.

Ueslei Marcelino/Reuters
Para os próximos dias, são esperados o presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, o ex-Secretário de Comunicação da Presidência Fabio Wajngarten e Marta Díez, presidente da Pfizer no Brasil.
Pedro França/Agência Senado

11 de maio: Barra Torres

Barra Torres deveria ter falado na última quinta (6), mas teve o depoimento adiado por falta de tempo. A audiência de Queiroga, no mesmo dia, durou cerca de dez horas. O chefe da Anvisa deve ser questionado sobretudo acerca da aprovação de vacinas no país e do recente embate entre a agência e o Fundo Russo responsável por comercializar a Sputnik V.
Leopoldo Silva/Agência Senado

12 de maio: Fábio Wajngarten

Em seguida será a vez de Wajngarten, que afirmou em entrevista que, por ?incompetência? do Ministério da Saúde, não se comprou antes vacina da Pfizer. Outra questão a ser levantada pela CPI está a contratação de influenciadores para difundir a cloroquina, além de falhas e omissões na política de comunicação sobre isolamento social e uso de máscaras.
André Coelho/Folhapress

13 de maio: Pfizer

Senadores da CPI devem questionar a presidente da Pfizer acerca da informação de que o governo Bolsonaro rejeitou as primeiras ofertas de vacinas feitas pela empresa. A vacina da farmacêutica foi a primeira a obter registro definitivo na Anvisa.
JURANIR BADARó/ESTADÃO CONTEÚDO

18 de maio: Ernesto Araújo

O ex-chanceler também será ouvido nas oitivas da comissão. Ele deve ser questionado por possíveis obstruções e embates com outros países e organizações, que levaram à problemas na compra de vacinas para o país. É possível que o ex-ministro também tenha que responder por uma possível resistência à compra de oxigênio para Manaus da Venezuela.
Edu Andrade/Fatopress/Estadão Conteúdo

19 de maio: Eduardo Pazuello

O ex-ministro Eduardo Pazuello era esperado para falar na quarta-feira (5), mas não compareceu alegando haver tido contato com pessoas contaminadas por covid-19.

Já sob investigação pela PF por possível omissão na condução da pandemia, em especial na crise de falta de oxigênio em Manaus, Pazuello teme ser abandonado agora pelo governo.

Tarla Wolski/Futura Press/Estadão Conteúdo

Também estão previstos:

  • Dia 20: Mayra Dias (secretária do Ministério da Saúde)
  • Dia 25: Dimas Covas (presidente do Instituto Butantan)
  • Dia 26: Nisia Trindade (presidente da Fiocruz)
  • Dia 27: representante da União Química (Sputnik V)
Divulgação

Quem já falou?

O primeiro ministro da Saúde de Bolsonaro e o mais longevo no cargo, Luiz Henrique Mandetta abriu, na terça-feira (4), os depoimentos. Agora crítico ao presidente, ele defendeu sua gestão à frente da pasta e disse sempre ter baseado a tomada de decisões na ciência.
Jefferson Rudy/Agência Senado

Várias vezes, na reunião do ministério, o filho do presidente, que é vereador no Rio de Janeiro [Carlos Bolsonaro (Republicanos)], estava sentado atrás, tomando as notas na reunião. Eles tinham constantemente reuniões com esses grupos dentro da presidência"

Luiz Henrique Mandetta,
Ex-ministro da Saúde, em depoimento à CPI da Covid
Jefferson Rudy/Agência Senado

Nesse dia, havia sobre a mesa um papel não timbrado de um decreto presidencial para que fosse sugerido que se mudasse a bula da cloroquina na Anvisa, colocando a indicação para coronavírus. E foi o próprio presidente da Anvisa, Barra Torres, que falou: 'Isso não'"

Luiz Henrique Mandetta,
Ex-ministro da Saúde, em depoimento à CPI da Covid
Jefferson Rudy/Agência Senado
Na quarta-feira foi a vez do ex-ministro Nelson Teich ser ouvido pela CPI. Em depoimento de quase seis horas, ele criticou a tese da imunidade de rebanho, classificando-a como um "erro", e disse que a cloroquina foi o estopim para a sua saída do governo.
Edilson Rodrigues/Agência Senado

As razões da minha saída do ministério se devem basicamente à constatação de que eu não teria autonomia e liderança [...]. Essa falta de autonomia ficou mais evidente em relação às divergências com o governo quanto à eficácia e extensão do uso do medicamento cloroquina para o tratamento da covid-19"

Nelson Teich,
Ex-ministro da Saúde, em depoimento à CPI da Covid
Jefferson Rudy/Agência Senado

Acho que são duas situações distintas,uma é o presidente mostrar a caixa, a outra é o remédio funcionar ou não. A minha indicação do remédio depende da comprovação do funcionamento, independente do que o presidente faça"

Nelson Teich,
Ex-ministro da Saúde, em depoimento à CPI da Covid
Edilson Rodrigues/Agência Senado
O atual ministro, Marcelo Queiroga, foi ouvido na última quinta-feira (6). Ele se esquivou das perguntas mais sensíveis ao governo, como sua opinião sobre o uso da cloroquina, isolamento social e inflou o índice de vacinados no país. O cardiologista ocupa o cargo há pouco mais de um mês.
Pedro França/Agência Senado

Não tenho que fazer juízo de valor a respeito das opiniões do presidente da República"

Marcelo Queiroga,
Ministro da Saúde em depoimento à CPI da Covid
Pedro França/Agência Senado

Destaco que a solução que nós temos para o problema da pandemia é a campanha de vacinação. Precisamos vacinar a nossa população. A vacina contra a covid é uma resposta da ciência"

Marcelo Queiroga,
Ministro da Saúde em depoimento à CPI da Covid
Edilson Rodrigues/Agência Senado
Publicado em 10 de Maio de 2021.
Edição: Vanessa Alves Baptista