Até quando?

Mortes sem pena de pretos e pobres

Por Herculano Barreto Filho

Um coro por justiça

Velório de Edson Arguinez Júnior, 20, e Jhordan Luiz Natividade, 17, mortos em Belford Roxo em dezembro.
Herculano Barreto Filho/UOL

Uma moto que cruza uma rua pouco movimentada na madrugada. Duas crianças brincam na frente de casa à noite.

Em comum, o trágico destino traçado por balas perdidas de policiais militares em áreas pobres do Rio e que encontram pretos e pobres.

Edson e Jhordan

Acervo Pessoal

'Aí, mãe! Foi pra tu!'

Herculano Barreto Filho/UOL

Jeito descontraído

Herculano Barreto Filho/UOL

Atira primeiro, pergunta e mata depois

Edson e Jhordan encontraram a morte ao cruzar de moto pela PM na madrugada de 12 de dezembro, em Belford Roxo (RJ). O soldado Jorge Luiz é flagrado em vídeo atirando à queima-roupa sem motivo aparente.

Em seguida, os jovens são levados pela viatura. Os corpos foram encontrados a menos de 3 km dali, em uma área de milícia.

Herculano Barreto Filho/UOL

Renata Oliveira

Mãe de Edson
Herculano Barreto Filho/UOL

"Covardia o que fizeram contigo... Covardia dos 'polícia'"

Edson Arguinez, pai de Dinho, inclinado sobre o caixão fechado do filho no velório
Herculano Barreto Filho/UOL

Renata Souza (PSOL)

Deputada estadual e presidente da comissão de direitos humanos da Alerj.
Zo Guimarães/Folhapress

Pedro Mara

Professor de sociologia e ex-diretor do Ciep 210, onde Edson e Jhordan estudaram.
Herculano Barreto Filho/UOL
Herculano Barreto Filho/UOL
Marcello Zambrana/Agif - Agência de Fotografia/Estadão Conteúdo
Marcelo Oliveira/UOL

Silvia Ramos

Coordenadora do estudo "A cor da violência policial: a bala não erra o alvo"
Tânia Rêgo/Agência Brasil
Herculano Barreto Filho/UOL
Ricardo Moraes/Reuters

Emily e Rebeca

Reprodução

Vidas negras interrompidas na infância

Na noite de 4 de dezembro, as primas Emily e Rebecca brincavam na frente de casa quando foram baleadas por tiros de fuzil em uma ação da PM em Duque de Caxias (RJ).

Maycon Douglas Moreira Santos

Pai de Rebeca
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Em vídeo, família mostra origem de tiros

Voz de Maycon
Arquivo Pessoal
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Carlos Eduardo

Herculano Barreto Filho/UOL

Invisível

Ele tinha nome, sobrenome e família. Mas era invisível para quem circulava por Ipanema, na zona sul do Rio. Deitado sobre um pedaço de papelão na calçada, Carlos Eduardo de Magalhães acordou vomitando sangue na manhã de 27 de novembro.

Levantou, atravessou a rua e pediu socorro em uma padaria...

Foi ignorado até o seu último suspiro, quando caiu morto dentro do estabelecimento sem receber auxílio. O corpo foi coberto por um pedaço de plástico preto enquanto o serviço funcionava normalmente.
Herculano Barreto Filho/UOL

Último pedido de mãe

Só teve os cabelos cortados e a barba feita para o próprio enterro. Foi um pedido da mãe dele, a dona de casa Marlene Alves Flauzino, que queria ver o rosto do filho pela última vez. "Ele tinha família", desabafou.

João Alberto

Arquivo pessoal

Não é só a PM que mata pretos e pobres...

Eles são vítimas do racismo estrutural, citado no indiciamento do assassinato de João Alberto no Carrefour. Também morrem por abandono e descaso, desumanizados em situação de rua. Como Carlos Eduardo, com o corpo sob uma lona preta enquanto as pessoas tomavam café da manhã.
Jefferson Bernardes/Estadão Conteúdo
Publicado em 19 de dezembro de 2020.
Edição: Clarice Cardoso Edição de vídeos: Marcio Komesu