A mais recente etapa da Operação Última Milha não mirou diretamente o deputado Alexandre Ramagem (PL), mas as investigações fecharam o cerco ao aliado de Jair Bolsonaro (PL).
Gilmar Félix - 13.set.2023/Câmara dos Deputados
A Polícia Federal (PF) diz que as ações da Abin eram de "domínio do fato" de Ramagem.
Polícia Federal / Divulgação
Ramagem nega que autoridades tenham sido monitoradas pela agência no governo Bolsonaro e classificou a operação da PF como um "alvoroço".
Pablo Valadares/18.abr.2023 - Câmara dos Deputados
A expressão usada pela PF para se referir a Ramagem tem relação com uma teoria jurídica que foi utilizada inúmeras vezes durante o julgamento do Mensalão.
Foi citada pelo então procurador-geral da República, Roberto Gurgel, para embasar a condenação do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.
TON MOLINA/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
A tese foi evocada na Operação Lava Jato. Depois, aprofundada pelo jurista alemão Claus Roxin, citado em meio ao julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal, em 2012.
Guilherme Pupo - 8.out.14/Folhapress
Ele entendia que ocupantes de um "aparato organizado de poder" que ordenassem a execução de crimes teriam de responder como "autores" do delito.
Marcos Oliveira/Agência Senado
Admitiu que aprofundou a tese em razão da preocupação com a possível impunidade do alto escalão nazista.
A teoria, importada da Alemanha, usada no Mensalão e na Operação Lava Jato agora é aplicada a um dos aliados de Jair Bolsonaro.
4.abr.2024-Ueslei Marcelino/Reuters
Os investigadores atribuem a Ramagem "domínio do fato", ou seja, tinha conhecimento das ações da Abin paralela.
Mário Agra - 12.jun.2024/Câmara dos Deputados
A PF levantou essa suspeita depois de encontrar na posse do ex-diretor da Agência dois documentos, nomeados "Presidente" e "Presidente 2".
Eles foram reproduzidos na representação da 4.ª fase da Última Milha, em razão da "essencialidade do relevo probatório".
Polícia Federal / Divulgação
Os arquivos foram achados após Ramagem ser alvo de busca na Operação Vigilância Aproximada, em janeiro.
À época, Ramagem negou irregularidades, afirmou que a investigação é uma "salada de narrativas" e que a PF queria incriminá-lo.
A corporação diz que os documentos corroboram a premissa investigativa de que as informações da Abin paralela abasteciam o "núcleo-político" da organização criminosa.