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Como são feitos os testes de eficácia de vacinas para novas variantes

Por Carlos Madeiro

A descoberta de variantes do novo coronavírus são sempre motivo de preocupação para cientistas que trabalham na produção e pesquisas de imunização. Para saber se uma vacina é eficiente, é preciso fazer uma análise específica em um processo chamado neutralização.
Francis Mascarenhas/Reuters

Esse método pega o sangue das pessoas que foram vacinadas e leva para o laboratório onde tenho material celular humano.”

José Eduardo Levi,
doutor em Microbiologia pela USP e coordenador de pesquisa e desenvolvimento dos laboratórios DASA
kukhunthod/IStock
No laboratório, os cientistas inserem a variante do SARS-CoV-2 nas células extraídas do soro do voluntário vacinado. O mesmo processo é feito para cada uma das vacinas aplicadas e mesmo entre doses da vacina.
Divulgaçao/Governo do Paraná

Depois de um ou dois dias, o vírus vai tentar entrar na célula. Se ela tiver anticorpos efetivos contra esse vírus, eles vão bloquear a invasão da célula humana. E você compara isso com células de pessoas não vacinadas, que vão ser ‘invadidas’ pelo vírus."

José Eduardo Levi
Esse tipo de processo de pesquisa é conhecido e similar, por exemplo, ao que ocorre com a vacina da Influenza -- que anualmente tem reformulação no seu conteúdo para se adaptar a novos tipos do vírus. É comum haver esse tipo de pesquisa com vírus que têm vacinas já produzidas.
JURANIR BADARó/ESTADÃO CONTEÚDO
Segundo José Eduardo Levi, esses tipos de testes só podem ser feitos em laboratórios de nível 3, ou seja, que trabalham com vírus vivo. “O método de neutralização é o mais fiel que temos em laboratório, mas nunca vai substituir o teste da efetividade na vida real”, diz.
Divulgação/Fiocruz
No caso das vacinas produzidas no país -- CoronaVac e AstraZeneca --, os laboratórios responsáveis já fizeram testes com as variantes que circulam no Brasil e se mostraram eficazes. Em especial, a variante dominante hoje: a Gama, anteriormente chamada d P.1, descoberta no Amazonas.
Divulgação/Governo do Estado de São Paulo
Em comunicado de março, a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), informou que a variante Gama “reage de forma idêntica à variante britânica ao imunizante de Oxford.” “Testes indicaram que há impacto na neutralização”, disse a coordenadora dos centros de pesquisa da vacina no Brasil, Sue Ann Clemens.
Governo do Rio Grande do Sul/Divulgação
O Instituto Butantan também garante que a CoronaVac é eficaz contra a Gama. “As vacinas compostas de vírus inativado possuem todas as partes do vírus. Isso pode gerar uma resposta imune mais abrangente em relação ao que ocorre com vacinas que utilizam somente uma parte da proteína Spike”, afirmou comunicado de abril.
Marlon Costa/FuturaPress/Estadão Conteúdo
Até agora, o maior estudo de eficácia da CoronaVac contra a Gama ocorreu em Manaus. A pesquisa foi feita com 67.718 trabalhadores da saúde e mostrou que 50% de eficácia na prevenção da doença após 14 dias já da primeira dose.
Marcos Dantas/UOL
Publicado em 12 de junho de 2021.
Para saber se uma vacina é eficiente, é preciso fazer uma análise específica em um processo chamado neutralização.