Vacina contra covid-19

Pressão e falta de insumos preocupam profissionais de saúde de SP

Por Cleber Souza

UBSs

Em dezembro, o UOL visitou 10 Unidades Básicas de Saúde no extremo sul e uma no extremo norte da capital. Em todas as unidades os relatos de médicos, enfermeiros e agentes comunitários de saúde são similares: a vacinação contra a covid gera questionamentos.
Reprodução/Twitter/João Doria

Muitas questões ainda são incógnitas. Além de qual vacina vai ser liberada inicialmente, tem também a questão da falta de insumos. Que é realidade nas UBSs.

Alessandra*,
médica de um posto de saúde da zona sul da capital paulista
Mariana Pekin/UOL

Dúvidas

Falta de estratégias e insumos para lidar com a demanda são queixas de profissionais ouvidos pela reportagem. Eles optaram por não terem suas identificações reveladas. As fotos aqui publicadas são meramente ilustrativas.
Rafael Roncato/UOL

Não sabemos se teremos nossos direitos trabalhistas preservados. Ainda que se desloquem profissionais de outras áreas ou criem postos volantes, a UBS ainda é referência em bairros populosos. Precisamos já pensar em jornadas de trabalho, que deverão sofrer alterações durante o período de vacinação.

Carla*,
médica de uma UBS no extremo sul paulistano
Edson Lopes Jr./UOL

R$ 100 milhões

O programa estadual inclui a contratação de profissionais de saúde e insumos como agulhas e seringas.
Tatyana Makeyeva/Reuters

CoronaVac

A vacina impulsionada pelo governador João Doria (PSDB), ainda necessita da aprovação em sua última fase de testes e da liberação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
Governo de São Paulo/Divulgação

Toda campanha de vacinação tem seus pontos positivos e negativos, desde a falta de estrutura nas unidades de saúde até o desrespeito da população com os grupos prioritários.

Marcela*,
médica de uma UBS no Jardim Ângela, também na zona sul
iStock

CoronaVac

A meta é que Butantan tenha entre 600 mil a um milhão de doses envasadas por dia. O primeiro lote terá aproximadamente 300 mil doses. Até janeiro, o governo paulista prevê que 40 milhões de doses da vacina serão produzidas.
Governo de São Paulo/Divulgação

Periferias

O modo como a vacina será distribuída em unidades da periferia também foi outro ponto lembrado por uma médica que atua em uma UBS no extremo sul da cidade.
Rivaldo Gomes/Folhapress

Sabemos que virão pessoas de diversos lugares para tomar vacina. Muitos vão tentar desrespeitar o protocolo. Então, é preciso ter estratégias de comunicação claras e que alcancem primeiro as pessoas que a unidade atende. Só assim vamos evitar um colapso na busca pela vacina.

Marcela*,
médica de uma UBS no Jardim Ângela, também na zona sul
Peter Leone/Futura Press/Futura Press/Estadão Conteúdo

Não há restrições ao "turismo vacinal". Todos os brasileiros poderão se vacinar de acordo com o calendário do governo. O problema é que nosso tempo é escasso para a criação de estratégias locais para atendermos a grande demanda.

Marcos*,
enfermeiro de uma unidade na Brasilândia
Hiroko Masuike/The New York Times

Os profissionais trabalham com o que têm. Após a aprovação da Anvisa, vamos pensar em como atender nossa região. A ideia é que o cronograma seja cumprido para evitarmos filas e termos doses para todos os grupos prioritários.

Mariana*,
Médica de uma UBS no Grajaú
Cleber Souza/UOL

Outro lado

Em nota, a prefeitura afirma que a cidade de São Paulo está com o seu plano de vacinação estruturado, incluindo a compra de insumos, como seringas e agulhas, e logística de transporte refrigerado da vacina. O texto afirma que a cidade utilizará todas as suas 468 Unidades Básicas de Saúde, além de 150 postos satélites -- praças, shoppings, estações de metrô, terminais de ônibus, comércios, ou seja, lugares com grande movimentação de pessoas, que serão disponibilizados para a vacinação contra a covid-19.

Após a liberação do plano pela Anvisa, o primeiro grupo a ser vacinado, a partir de 25 de janeiro, é o de profissionais da Saúde, juntamente com as populações indígena e quilombola.

Nota da prefeitura de São Paulo
iStock
Publicado em 28 de dezembro de 2020.
A identidade dos entrevistados foi preservada a pedido dos mesmos. Assim, as fotos aqui publicadas são meramente ilustrativas. Edição: Clarice Cardoso