Congresso do Partido Comunista Chinês ocorre em meio a conspirações e censura da mídia
Com o noticiário internacional polarizado no embate eleitoral entre Obama e Romney, têm-se dado pouca atenção a outro importante calendário político: a mudança da equipe dirigente da China. Um livro conhecido de Jules Verne, o grande romancista francês, intitula-se "As Tribulações de um Chinês na China" (1879, publicado pela Saraiva no Brasil em 1954). Na mesma ordem de ideias, o 18° Congresso do Partido Comunista (PC), onde serão substituídos sete dos nove membros do comitê central, será um ponto alto das tribulações dos comunistas chineses que dirigem a maior ditadura capitalista do século 21.
A contradição entre o sistema político – a ditadura comunista -, e a prática econômica dominante – o capitalismo industrial e financeiro -, engendra uma situação inédita na história contemporânea.
Marcada para a segunda semana de novembro, a escolha do novo governo terá lugar no 18° Congresso do PC, em meio a conspirações e à censura da mídia. Desde já, Pequim organiza uma imensa operação abafa, na tentativa de estancar a série de escândalos envolvendo a alta cúpula comunista do país.
No último mês de março, a morte acidental do filho de Ling Jihua, figura importante do PC e um dos principais aliados do presidente Hu Jintao, tomou proporções políticas. Segundo um blogueiro chinês, a vítima havia morrido no volante de uma Ferrari de US$ 788 mil. Acusado de corrupção, Ling Jihua foi demitido dos cargos importantes que ocupava.
Em agosto, numa trama sombria de ladroeira, lavagem de dinheiro e espionagem, Gu Kailai, mulher de Bo Xilai, ex-ministro e dirigente do PC, foi condenada pelo assassinato de um empresário inglês residente em Xunquim. Estrela ascendente do PC, Bo Xilai foi demitido de suas funções e está sendo processado pelas autoridades.
Nos últimos dias, escancarou-se um novo e grande escândalo atingindo os dirigentes comunistas. Segundo uma alentada reportagem do New York Times, a família do primeiro-ministro Wen Jiabao arrebatou uma fortuna calculada em US$ 2,7 bilhões. Soma para nenhum dirigente comunista chinês botar defeito.
Em 2010, a outorga do prêmio Nobel da Paz ao militante dos direitos humanos Liu Xiaobo, já havia ouriçado os dirigentes de Pequim. O noticiário internacional sobre o assunto foi censurado, a mulher de Liu Xiaobo foi posta em prisão domiciliar e o ministério das relações exteriores chinês teve a pachorra de acusar o comitê do Nobel de agir “contra os princípios do prêmio”. Tentava-se isolar a ameaça representada por um prisioneiro político, por um pacifista que cumpria uma pena de prisão de dez anos no fundo de um cárcere.
Agora, o regime chinês corre para bloquear o site do New York Times e filtrar novamente o internet. Atentos ao impacto dos índices do PIB chinês na economia mundial e brasileira, os analistas internacionais e nacionais deveriam também considerar a grande fragilidade política da China, regularmente exposta à luz do dia.
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