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Criação de nova liga causa racha no Grupo de Acesso do RJ

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Imagem: Divulgação

18/04/2019 17h36

Impasse na Série A (Grupo de Acesso) carioca. A noite desta quarta-feira registrou o ápice de uma crise que vinha se estendendo desde o fim do último Carnaval. De um lado, o presidente da Lierj (Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro), Renato Thor. Do outro, presidentes de nove escolas que fundaram a Liga-RJ (Liga Independente do Grupo A do Rio de Janeiro) e pretende tomar para si a administração do desfile de sexta e sábado de Carnaval. Em meio a este cenário, os sambistas aguardam, apreensivos, os próximos acontecimentos.

Composto por 14 escolas, o desfile da Série A de 2020 terá uma visitante pouco usual. Depois de 40 anos ininterruptos no Grupo Especial, a Imperatriz Leopoldinense foi rebaixada. A presença da escola, oito vezes campeã do Carnaval carioca, fará do desfile um produto ainda mais interessante do que já é. Desde 2013, com o surgimento da Lierj, a Série A passou a ter seus desfiles em dois dias, com transmissão da Rede Globo para o estado do Rio e boa presença de público na Sapucaí. Outro ponto positivo foi a coerência dos resultados, muito maior do que nos tempos em que a divisão era comandada por entidades como a Associação das Escolas de Samba e a Lesga (Liga das Escolas do Grupo de Acesso) - esta, desativada para o florescer da Lierj.

Logo após o Carnaval, presidentes de um grupo de escolas passaram a exigir a renúncia de Thor. O dirigente, que também é o mandatário do Paraíso do Tuiuti, assumira o cargo no ano passado após a renúncia de Déo Pessoa. Dentre as alegações destes dirigentes, Thor não poderia estar na presidência por já ocupar o mesmo cargo em uma escola de samba - e ainda do Grupo Especial. Os dissidentes também se queixam de falta de transparência nas prestações de contas.

Em um primeiro momento, Thor sinalizou com a renúncia ao cargo - não oficializada - e cogitou-se a marcação de uma nova eleição. O presidente do Conselho Deliberativo da Lierj, Antõnio Marcos Telles, conseguiu, por via judicial, cancelar a Assembleia convocada pelos dissidentes. Com isso, Thor desistiu da abdicação. Em resposta, a nova liga surge, com o apoio de Acadêmicos da Rocinha, Acadêmicos de Santa Cruz, Acadêmicos de Vigário Geral, Acadêmicos do Sossego, Inocentes de Belford Roxo, Unidos da Ponte, Unidos de Bangu, Unidos de Padre Miguel e Unidos do Porto da Pedra.

A nova liga, presidida por Wallace Palhares, ex-presidente da Acadêmicos do Sossego, promete, de acordo com sua carta de fundação divulgada para a imprensa, "transmitir às comunidades e ao mundo do samba uma maior transparência e credibilidade". Por sua vez, Thor afirma, em seu comunicado, que permanece no cargo por desconfiar das intenções dos dissidentes: "ficou muito claro que os objetivos eram puramente individuais e nem de longe contemplariam as escolas de samba e seus segmentos, enfraquecendo aquele produto cultural que vem sendo lapidado com tanto carinho e alcançou resultados tão expressivos nos últimos anos."

O embate promete novos capítulos. A nova liga, formada por dirigentes ligados à Liesb (Liga das Escolas de Samba do Brasil), responsável pelos desfiles dos grupos inferiores, na Estrada Intendente Magalhães, tem como aliadas escolas que tinham peso político nos tempos da Lesga, como Acadêmicos de Santa Cruz e Inocentes de Belford Roxo . Já a Lierj, ao que parece, conta com o respaldo inicial da Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba), a quem a Passarela do Samba é cedida e quem decide qual liga poderá ascender ao seu grupo. Outro fator a se considerar é o contrato assinado entre Lierj e Rede Globo para a transmissão dos desfiles. Imperatriz e Império Serrano, as escolas de maior torcida e recém-rebaixadas ao grupo, ainda não se posicionaram oficialmente.

Anderson Baltar