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Rio tem abertura não oficial do Carnaval; 20 blocos desfilam sem alvará

Rio tem abertura não oficial do Carnaval de rua; 20 blocos desfilam mesmo sem alvará - Bruna Prado/UOL
Rio tem abertura não oficial do Carnaval de rua; 20 blocos desfilam mesmo sem alvará
Imagem: Bruna Prado/UOL

Michel Alecrim

Colaboração para o UOL, no Rio

06/01/2019 20h58

Com dois meses de antecedência, foi dado o grito de Carnaval do Rio de Janeiro neste domingo (6). A chamada "Abertura Não Oficial 2019" ganhou a adesão de quase 20 blocos, que desfilaram em diversos pontos do Centro, mesmo sem a autorização da Prefeitura.

Ritmistas e foliões combinaram os locais de concentração e os trajetos pelas redes sociais e via WhatsApp para não atrair grandes multidões e fizeram desse evento, quase clandestino, uma forma de protesto contra o controle do poder público sobre a festa popular. O evento encerrou à noite, com a reunião de todos os grupos na Praça XV.

"É hora de desenrolar a bandeira, ocupar as ruas, lotar as passarelas. E varrer a intolerância num vendaval de serpentina. Espalhem por aí: o ódio é o túmulo do samba. Façamos de cada estandarte uma trincheira contra a opressão", dizia a convocação para o desfile no Facebook. Além do tom de rebeldia e de combate à intolerância, o grupo propõe um combate ao movimento politicamente correto no samba.

Um dos primeiros blocos a arrastar os foliões antecipados foi o Cordão da Bola Laranja, cujo nome faz menção ao tradicional Bola Preta. Os participantes fizeram a concentração na Cinelândia, por volta das 13h, e encararam o sol forte num pequeno desfile para Avenida Rio Branco.

O músico Bernardo Guidolini, 30 anos, um dos organizadores, diz que prefere não se oficializar. "Nossa mensagem política é que podemos fazer um Carnaval de rua, por nós mesmos, e com o povo", exalta Guidolini.

Um dos que participaram do cortejo foi o profissional de marketing Adriano Bezerra, 39 anos, fantasiado de musa. "Eu gosto desse Carnaval não oficial porque ele é acessível a todo mundo. Não podemos nos render à repressão", diz Bezerra.

A bancária Ana Paula Cunha, 43 anos, elogiou a espontaneidade da festa, que, de fato, se assemelha aos carnavais antigos, sem o aparato de trios elétricos. "Não tem a massificação que vemos no Carnaval normalmente", comemorou Ana Paula.

O Bola Laranja encontrou o Vem Cá, Minha Flor no Buraco do Lume, ponto tradicional de manifestações políticas. Ao som de marchinhas tradicionais e músicas populares atuais, inclusive funks, os integrantes aproveitaram para extravasar suas opiniões políticas.

Sobrou até para a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, que foi ironizada na fantasia do auditor Anilson Costa, 40 anos, que saiu de Sátiro com ramo e fruto de goiabeira. Ele fez referência a vídeo que circula pela internet, no qual a ministra afirma que o "Brasil vive uma nova era" e que "menina veste rosa e menino, azul".

Blocos de rua