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Centenário, Bola Preta esquenta feijoada da Salgueiro com marchinhas

Marina Lang

Colaboração para o UOL, no Rio

13/01/2019 18h02

Nem o calor intenso do Rio de Janeiro impediu que os fãs e os seguidores da escola de samba Salgueiro caíssem no ritmo neste domingo (13), na tradicional feijoada da sede, em Andaraí (zona norte do Rio), que arrecada fundos para o desfile da agremiação na Sapucaí. 

Com marchinhas clássicas do Carnaval, o Cordão Bola Preta, bloco que completou cem anos em 2018, fez a alegria dos foliões. Enredos carnavalescos tradicionalíssimos como "Allah-la-ô", de Haroldo Lobo, e "Cabeleira da Zezé", de João Roberto Kelly e Roberto Faissal, levaram a quadra da escola ao delírio e ao samba. 

A surpresa da tarde foi a aparição da rainha da bateria da Salgueiro, Viviane Araújo. Muito assediada pelos fãs, a Neide de "O Sétimo Guardião", acenos e selfies. 

"Eu adoro a feijoada. E sempre tem o Cordão do Bola Preta aqui no pré-Carnaval da Salgueiro. Vim prestigiar a feijoada e também curtir o Cordão do Bola Preta", declarou ela ao UOL. "Muita gente que é de fora vem curtir a quadra, muito turista, muita gente de outros estados, então dou atenção para todo o mundo", prosseguiu. 

Como toda rainha, Viviane não perdeu a majestade: se jogou no samba em meio à bateria da Salgueiro, que se apresentou no final da tarde de hoje na na quadra da agremiação. "Trazemos aqui a mulher mais bonita do Brasil. A rainha das rainhas: Viviane Araújo", disse um dos puxadores da escola ao apresentar a atriz Outras passistas também se apresentaram no palco, para delírio da plateia presente.

O clima de pura festa, gastronomia e descontração - com direito a muitos leques para espantar o calor carioca - veio sob benção de uma entidade africana muito importante para a Salgueiro.

Neste ano, a escola vermelha e branca leva um enredo sobre Xangô para a avenida. A ideia, segundo o carnavalesco Alex de Souza, é prestar um tributo ao patrono espiritual da Salgueiro. Em 2018, a agremiação ficou em 3º lugar com um enredo que homenageava matriarcas negras. 

"Xangô foi um enredo muito esperado para quem é salgueirense de verdade. É o padroeiro da escola. Por muitos anos a gente esperou esse enredo. Estamos muito confiantes que ele vai trazer a vitória para a nossa Salgueiro", declarou a veterinária Julia Faria Delapena Mendoza, 26, que vai desfilar no último dos cinco carros da agremiação que estarão na avenida em 2019.

A confiança também era esbanjada pela aposentada Evanir da Silva, 63, que chegou de Campo de Goytacazes, a 275 km da capital fluminense, para sambar e apreciar a feijoada servida pela ala das baianas da escola. 

"O evento está maravilhoso! Salgueiro é um caldeirão. Estamos aqui nesse calor, mas vale muito a pena. Daqui a pouco vou ali comer um pouquinho da feijoada", afirmou a veterana. "Eu desfilo todo o ano na Ala dos Estudantes. Salgueiro é amor", derreteu-se ela, após quatro horas de viagem. 

Mãe e filha, a vendedora Tatiana Monteiro, 39, e a maquiadora Tainá Monteiro, 21, ostentavam adereços vermelhos e brancos em homenagem à Salgueiro.

"Esse ano a gente não desfila, faltou oportunidade. Vamos assistir. Mas, se Deus quiser, ano que vem a gente desfila", diz Tatiana. "É minha escola de coração. Sempre que podemos estar junto, quando tem ensaio técnico, a gente vem, está sempre presente", continuou.

Ela era só elogios para a feijoada. "A gente vem para curtir um samba, a escola recebe bem. Escola de coração e a gente ama muito. Falta só a gente desfilar pela Salgueiro."

A tarde de festas também foi embalada pela bateria e pela velha guarda da escola. Segundo a agremiação, cerca de de 2.000 foliões estiveram na quadra da escola neste domingo.

Rio de Janeiro