Bloco Põe na Quentinha? lança enredo sobre culinária brasileira no Rio
Garantir a diversão dos foliões durante o Carnaval dá muito trabalho. Tanto que os profissionais que se encarregam de alimentar quem pula nos blocos e clubes sequer têm tempo para sua própria brincadeira. Nesta época do ano, a correria de chefs de cozinha, cozinheiros e também garçons é intensa, mas um grupo de profissionais do Rio de Janeiro deu um jeito de brincar conciliando a agenda nos restaurantes e bares com o samba. São os integrantes do Põe na Quentinha?, que se preparam para o quinto desfile.
Numa tarde animada e com um calor de derreter, o bloco lançou neste sábado (19) na Lapa, região central da cidade, seu samba-enredo para este ano. O tema "Ajeum Irê - Comida de Re Existência" trata das origens ancestrais da culinária brasileira. O termo significa agradecimento aos orixás pelo alimento num ato coletivo. O pesquisador Luiz Antônio Simas explica que o sagrado e o profano se misturam na cozinha brasileira. "Muitos dos nossos pratos mais comuns vêm das religiões de origem africana e nem todos sabem. Numa época de muita intolerância, como a atual, é sempre bom lembrar isso", conta o autor do enredo.
O Põe na Quentinha?, cujo nome é uma brincadeira com os pedidos dos clientes na hora de pagar a conta, procura mesmo reunir cultura, gastronomia e samba. Este ano, ganhou a adesão do cozinheiro Ton Rodrigues, de 35 anos. O amapaense é especializado na culinária amazônica, além de cantar. A combinação deu certo e o profissional, que vive há 14 anos no Rio, está emprestando a voz ao bloco e vai montar barraca com quitutes no desfile programado para 23 de fevereiro. "Temos que dar um jeito de curtir o carnaval, mesmo que trabalhando", afirma Ton, que sempre atua vestido a caráter, com direito a cocar.
A festa do bloco atraiu também quem não é de lidar com o fogão, como a bióloga Valéria Resende, 45, e a pesquisadora Vânia Mourão, 61 anos. As amigas aprovaram a mistura de comida e batucada. "Numa roda de samba não pode faltar uma boa comidinha. É da prática popular", diz Vânia. A garçonete Dayana Bertazzo, 28, promete dar um jeito para comparecer no dia do desfile. "Todo carnaval eu trabalho, mas não fico chateada. Coloco uma fantasia e me divirto servindo os clientes. Mas nada como ficar à vontade para brincar. Por isso não posso perder esse bloco", diz.
O chef Antônio Carlos Laffargue (conhecido como Toninho), 38, do Bar do Zeca, que montou em parceria com o cantor Zeca Pagodinho na Barra da Tijuca, garante que vai tirar sua folga para acompanhar o desfile. "A gente trabalha se divertindo, mas precisamos também de um carnaval só nosso", defende o chefe.
Por conta da colocação de barracas com comidas, o bloco fica normalmente parado, em rua da Zona Portuária da cidade. "Os integrantes desfilam até o bar para pegar uma bebidinha", brinca Berg Silva. Mas está previsto no encerramento um pequeno cortejo, quando o som do palco é desligado e são usados instrumentos de percussão. Marchinhas antigas e sambas tradicionais são o forte do grupo. O bloco tem como rainha Andressa Cabral do concorrido Meza Bar, de Botafogo, Zona Sul carioca. Os padrinhos são os premiados Kátia Barbosa, do Aconchego Carioca, e o francês Frederic Monier. O mestre-sala do bloco será a revelação da gastronomia João Diamante e o papel de porta-estandarte caberá a Bianca Barbosa, também do Aconchego.(Veja a programação dos desfiles do Rio de Janeiro).
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