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Com gritos contra Bolsonaro, troça da Pitombeira faz pré-Carnaval em Olinda

Jovem mostra animação durante passagem do bloco Pitombeira dos Quatro Cantos - Alcione Ferreira/UOL
Jovem mostra animação durante passagem do bloco Pitombeira dos Quatro Cantos Imagem: Alcione Ferreira/UOL

Allan Nascimento

Colaboração para o UOL, no Recife

28/01/2019 08h40

Com parte do público fantasiado e fazendo coro contra o presidente Jair Bolsonaro, a Pitombeira dos Quatro Cantos, troça que anima o Carnaval de Olinda (PE) há mais de 70 anos, subiu as ladeiras da cidade histórica neste domingo (27) em preparação para o desfile deste ano.

Segundo os organizadores, desde 7 de setembro que, quinzenalmente, entre 600 e mil foliões seguem o bloco pelas principais ruas do Centro Histórico, antecipando o clima carnavalesco da cidade.

Olinda - Alcione Ferreira/UOL - Alcione Ferreira/UOL
Imagem: Alcione Ferreira/UOL

"A gente ensaia 18 vezes antes do Carnaval e, como escolhemos nos últimos anos uma data fixa para o início do nosso calendário (o feriado da Independência), muita gente já se prepara para participar das prévias com a mesma energia que vai gastar durante o Carnaval", diz Hermes Neto, presidente da troça desde novembro. 

Todos os anos, a Pitombeira dos Quatro Cantos sai da sua sede, localizada na Rua 27 de Janeiro, no Carmo, às segundas e terças-feiras de Carnaval seguindo uma orquestra de frevo composta por 30 músicos. Todos eles são liderados pelo Maestro Lessa, um dos nomes mais importantes do Carnaval de Olinda. Além disso, três grupos de passistas abrem passagem para o bloco cruzar a cidade.

"Por isso que a gente precisa começar nosso calendário cedo: para levantar dinheiro para manter a Pitombeira na rua, precisamos vender nossas camisas e lucrar com a venda de bebidas no nosso bar (que funciona dentro da sede)", justifica Hermes, que ainda conta com apoio de órgãos públicos para fechar as contas.

Independentemente do motivo de o Carnaval ser antecipado na cidade, o professor e ator paulistano Paulo Henrique Deptuesqui, 44 anos, aproveita a passagem por Olinda para brincar. "A confluência de pessoas é uma das melhores coisas do Carnaval. Você encontra gente de São Paulo, da Holanda, do interior de Pernambuco... Já participei outros anos e as vivências são sempre diferentes, por isso que eu volto quando posso."

Noiva em fuga

Já sabendo o calendário de prévias da cidade, a turismóloga Luciana Muniz, de 29 anos, chamou os amigos para realizar neste domingo, durante a passagem do bloco, a sua despedida de solteira. "Eu vou casar no dia 16 de fevereiro, então vou chegar ao Carnaval já casada. Pensando nisso, há um cinco meses a gente começou organizar a vinda para cá hoje", conta.

Trabalhando na folia

Além dos vendedores de bebidas, muitas outras pessoas aproveitaram a oportunidade para lucrar. O casal Antonieta Araújo e José Radamés estavam entre os empreendedores que enfrentaram o calor neste domingo. "Nós vendemos camisas para todos os públicos, só que a gente não traz os modelos para cá. Aqui pegamos as encomendas e fazemos as entregas quando está mais perto do Carnaval", explica Antonieta. 

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Imagem: Alcione Ferreira/UOL

"Além disso, nós também temos doleiras específicas para quem passa o Carnaval em Olinda. Elas têm um plástico interno, o que protege os itens durante os banhos de mangueira que rolam durante a festa", comenta a vendedora.

Já Cínthia Juliana Jordão, que está desempregada, também entrou na onda. "Eu nunca tinha aproveitado essa época do ano para trabalhar. Agora, resolvi fazer tiaras para vender porque tenho notado muita gente interessada em investir em acessórios para o Carnaval."

Recife e Olinda