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Samba da Camisa 12 viraliza e atrai 250 professores para o desfile

Giz de cera e lápis fazem parte da alegoria que vai entrar na avenida com 40 professores enaltecendo a importância da profissão - Divulgação
Giz de cera e lápis fazem parte da alegoria que vai entrar na avenida com 40 professores enaltecendo a importância da profissão Imagem: Divulgação

Soraia Gama

Colaboração para o UOL, em São Paulo

05/02/2019 04h00

A Camisa 12 não faz parte da elite do Carnaval -está no Grupo de Acesso 2 da Liga das Escolas de Samba de São Paulo-, mas o enredo polêmico da escola está atraindo novos foliões. Principalmente professores. Em um cenário de muita discussão sobre o projeto Escola Sem Partido, o samba enaltecendo a profissão fez com que os profissionais se identificassem facilmente. Conclusão: o áudio com a música tem chegado pelo WhatsApp para grupos e mais grupos e viralizou.

Com o enredo "Professores: Camisa 12 Orgulhosamente Desfila essa Homenagem a Vocês, Mestres na Arte de Ensinar", a agremiação do Belenzinho foi pega de surpresa com a repercussão neste Carnaval. "Fomos presenteados. Fizemos uma captação pública pelas redes sociais, porque precisávamos de 40 professores para compor o carro alegórico", conta Jhonny, diretor de comunicação da escola. 

O que eles não imaginavam é que esse número cresceria tanto e tão rapidamente. "Eles se identificaram com o projeto. Estamos com mais de 250 professores. Eles são de Sergipe, Santa Catarina e Rio de Janeiro", conta Edson Facchola, presidente da Camisa 12.

A escolha do tema deste Carnaval se deve ao fato de a escola ter uma identidade política. "A ideia de falar dos professores, de seu legado e, principalmente, da luta dessa classe nasceu por conta da nossa identidade política. Apresentamos e discutimos as possibilidades de temas na escola e o professor foi o que mais se encaixou no momento atual do Brasil", defende Facchola. 

Isis Brum, professora de técnica de redação no Colégio John Kennedy, na unidade de Porto Ferreira, elogia a iniciativa: "De um ano para cá, esse samba foi uma das poucas declarações sensatas sobre a escola, vista, hoje em dia, como uma espécie de inimiga das famílias, do aluno e do atual governo. A escola é amiga do saber e salvaguarda da democracia. É como diz a letra: o escudo na luta da desinformação, é na sala de aula que se muda uma nação".

Na cidade de Rio Claro a música também está fazendo sucesso: "Recebi esse samba-enredo em um grupo de WhatsApp. Apesar de abordarem o tema de maneira superficial, o samba contemplou aspectos importantes da educação, como a desvalorização da categoria e de como os governantes oprimem o professor", diz Bruna Bernardes, coordenadora pedagógica na rede pública da cidade. Apesar de gostar da ação da escola de samba, Bruna não desfilaria: "Se eu fosse do Carnaval, com certeza iria. Mas não é o meu caso".

As fantasias são gratuitas e há vagas para o desfile, que acontece no dia 4/3, segunda-feira. Os ensaios são realizados sempre às terças e às sextas-feiras, no Belenzinho (rua Juvenal Gomes Coimbra, 12). 

São Paulo