Topo

Sombrinhas de frevo dominam o Ibirapuera em blocos de Alceu e Elba Ramalho

Foliões dançam frevo no Ibirapuera durante passagem dos blocos Frevo Mulher e Bicho Maluco Beleza - André Lucas/UOL
Foliões dançam frevo no Ibirapuera durante passagem dos blocos Frevo Mulher e Bicho Maluco Beleza
Imagem: André Lucas/UOL

Mateus Araújo

Colaboração para o UOL, em São Paulo

23/02/2019 18h43

Famílias e grupos de amigos eram a maioria do público que foi até o Ibirapuera, neste sábado, para curtir os blocos Frevo Mulher, de Elba Ramalho, e Bicho Maluco Beleza, de Alceu Valença. Eles também investiram em fantasias criativas e coloridas. 

"Em Salvador, tem os Filhos de Gandhy; aqui tem as Filhas de Queiroz", brinca a advogada Juliana Andrade, 35 anos. Ela e cinco amigas foram fantasiadas de laranjas, em referência às denúncias de candidatos laranjas do PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro. 

Baiana morando em São Paulo, Juliana decidiu curtir o pré-Carnaval em ritmo pernambucano, ao som de Elba e Alceu. "Eu sei que o Carnaval da Bahia e de Pernambuco tem rixa, mas tenho vontade de conhecer a festa no Recife", diz. 

Com uma sombrinha colorida, nas cores da bandeira de Pernambuco, a professora Francineide da Silva, 54 anos, aproveitou a festa para "matar a saudade da minha terra". Ela é recifense, mas mora em São Paulo. 

"Gosto de Alceu, que é meu conterrâneo, e a Elba está ali junto", explica a professora, que fez passos de frevo no meio da multidão, e foi acompanhada da filha para o bloco.

Blocos Frevo Mulher e Bicho Maluco Beleza, no Ibirapuera - André Lucas/UOL - André Lucas/UOL
Folião aposta em fantasia de caboclo de lança para curtir Alceu Valença
Imagem: André Lucas/UOL
Mesmo com o calor de 35 graus, o contador Airton Cordeiro, 65 anos, investiu em uma fantasia ainda mais ousada: vestiu-se de caboclo de lança, figura do maracatu rural de Pernambuco, que tem um manto de lantejoulas e uma canela ceia de fitas coloridas. "O calor é normal. Todo pernambucano aguenta", brinca. 

Cordeiro mora em São Paulo há 50 anos, e conta que sempre se fantasia no Carnaval. Os blocos de Elba e Alceu, segundo ele, faz desse pedaço de São Paulo um Recife temporário. "Aqui parece que é tudo igual. Tem muito pernambucano aqui."

Apresentações 

Elba Ramalho subiu ao trio elétrico às 13h30, com uma hora de atraso. Durante o trajeto, que saiu da Assembleia Legislativa de São Paulo em direção ao Obelisco, ela cantou frevos, cirandas, axé e até samba. Segundo a prefeitura, 80 mil pessoas acompanharam. 

O repertório do show é composto de frevos, ritmo pernambucano. "Eu amo o frevo. Sou filho de pai músico, pernambucano, e conheço o frevo desde criança. E com todo amor que tenho ao axé - que eu canto também -, mas é o frevo que me reporta ao Carnaval", conta a cantora. 

O nome do bloco de Elba, Frevo Mulher, faz referência à música de Zé Ramalho, que virou clássico na voz dela. "Estamos vivendo o tempo das mulheres. O próprio Frevo Mulher tem essa força de reportar essa consciência de que somos fortes. O que não quer dizer que somos melhores do que os homens, mas que possamos andar com os ombros lado a lado."

Alceu Valença começou o show logo em seguida, às 16h30 - também com uma hora de atraso. Pelo quinto ano consecutivo, ele trouxe seu bloco Bicho Maluco Beleza para a capital paulista. Desta vez, foram 140 mil pessoas acompanhando o bloco, segundo a prefeitura. 

"Cada vez mais esse bloco vem crescendo. E eu sempre tenho reiterado que as pessoas venham fantasiadas, e elas têm vindo", diz o cantor.

"Trazemos aqui músicas do meu repertório e outras coisas do meu repertório de carnaval", conta. "Uma pessoa que não pode ir até lá, pode aproveitar aqui e saber e ver a cultura do carnaval pernambucano."

Blocos de rua