Agora evangélicas, Urach e Bismarchi falam de polêmicas de outros carnavais
Elas já causaram muito, mas agora, cristãs praticantes, se afastaram do buxixo. Andressa Urach, 31, e Angela Bismarchi, 51, eram sinônimos de polêmicas envolvendo seus corpos, geralmente nus, e marcavam presença nos desfiles das escolas de samba em São Paulo e no Rio. Hoje, em comum, além da fé, as duas têm o arrependimento pelo que aprontaram para chamar atenção.
Fantasia roubada, discussão ao vivo, se tinha polêmica, Urach estava envolvida e se orgulhava disso. Desde que ficou entre a vida e a morte, lutando contra uma infecção generalizada, em 2014, a ex-vice Miss Bumbum decidiu mudar sua vida e viu na fé uma opção para ser uma nova Andressa.
Mais reclusa e longe dos holofotes, ela lamenta algumas atitudes do seu passado. Musa da Tom Maior em 2013, Urach protagonizou uma discussão ao vivo na Globo com o diretor da escola. Com os seios de fora e uma calcinha minúscula, ela reclamou da sua posição no carro alegórico, avisou que não desfilaria e ainda contou uma mentira em rede nacional.
"Me arrependo de muitas coisas. Teve um desfile de Carnaval que inventei que tinham roubado a minha fantasia, me arrependo disso porque, quando conheci a palavra de Deus, vi o quanto é horrível a mentira. O diabo é o pai da mentira e infelizmente o mundo acha que tudo bem uma mentirinha", disse em entrevista ao UOL.
Bismarchi está longe da passarela do samba há quatro anos, desde que se converteu à Igreja Batista. Atualmente ela se dedica ao trabalho de pastora e dá palestras sobre sua conversão.
A ex-modelo chamava atenção para si com polêmicas sobre suas plásticas - ela chegou até a orientalizar os olhos para o desfile da Porto da Pedra, em 2008, que homenageou a imigração japonesa. No ano seguinte, entrou na avenida como musa do Salgueiro "virgem" novamente após fazer uma reconstrução de hímen para seu casamento com o médico Wagner de Moraes. Ao todo, a ex-modelo fez mais de 40 procedimentos.
"Fui muito dedicada ao Carnaval por 17 anos, nas avenidas do Rio e de São Paulo, fazendo bailes, shows pelo mundo, já fui para o Canadá. Vinculavam muito minhas cirurgias ao Carnaval e eu fazia para estar sempre bem nessa época", afirma.
"Me arrependo de tudo. De sair nua, me expus muito", relembra. "Uma coisa que hoje eu tenho muita vontade de refazer é meu casamento na Igreja Evangélica Batista porque eu me casei com o Wagner na Cidade do Samba [sede das oficinas das escolas de samba do Rio]. Hoje não faria jamais. Estamos nos programando para fazer a renovação dos votos na igreja, com vestido branco e um pastor evangélico."
Urach atribui os momentos ruins de seu passado a "desobediência à palavra de Deus". "Quando você tem paz, você consegue ser uma mãe melhor, uma amiga melhor, um ser humano melhor. O mal do século é a depressão. Antes da minha conversão, eu tinha depressão, síndrome do pânico, era viciada em cocaína, vivia em baladas bebendo, brigando. Isso não é vida. Antes eu não tinha vida, depois que me converti fui liberta disso", acredita.
Ela diz ainda que só o tempo vai mostrar se as pessoas acreditam em sua conversão. "Hoje tenho vida, tenho paz. Estou curada da depressão, liberta dos vícios, durmo de noite e não preciso ficar dependente de calmantes, tenho um bom relacionamento com a minha mãe, perdoei as pessoas que me magoaram. Perdoar é maravilhoso, você tira um peso das suas costas", diz.
Bismarchi também contou que as pessoas têm dificuldade em entender sua conversão e o motivo de ela ter deixado o universo quem envolve o Carnaval.
"Tinha alegria num dia e no dia seguinte era uma tristeza. Nunca entendi isso. Tinha algo errado. As pessoas não entendem o porquê da mudança tão radical. O Carnaval me projetou, me trouxe até dinheiro, mas larguei todo esse passado para seguir o Evangelho. Aprendi na Bíblia que não podemos servir a dois deuses."
O que gastou com o Carnaval também está na lista de pesares de Bismarchi. "Joguei muito dinheiro fora com roupas caríssimas, fantasias que custavam os olhos da cara, enquanto podia ter ajudado pessoas que precisam. As coisas passam, procuro esquecer. Vivo outro momento igual jogador de futebol. As alegrias do país são futebol e Carnaval."
A vida sem limites de Urach, regadas a muito álcool, drogas e sexo, deu lugar a uma mulher mais contida, discreta e, segundo ela, muito mais feliz. Com a voz embargada, ela conta o que diria se pudesse se encontrar há cinco atrás e não gosta de falar sobre seu passado como garota de programa.
"Primeiro lugar não julgaria ela porque ela tinha um passado de muita dor e sofrimento. Só Deus sabe o que passei. Passei por abusos sexuais na infância, rejeição do meu pai, abandono da minha mãe. Tenho nojo até de lembrar, mas faz parte do meu passado, não tenho como mudar... Me arrependo muito da exposição porque não tenho como apagar. Meu passado está na internet, fotos nuas, escândalos, besteiras que falei na imprensa", enumera.
"Infelizmente as pessoas sempre trazem o passado, muitas duvidam da minha mudança. Antes as pessoas me aplaudiam, eu estava sendo uma vergonha pro meu filho, pra minha família e agora que tenho uma vida tranquila. Só quero ser um ser humano melhor e sou muito mais julgada, condenada e atacada do que antes. Isso é muito triste, ver que os valores se inverteram."
Carnaval sem folia
No Carnaval deste ano, Urach passará bem longe dos holofotes. Morando em Porto Alegre, com a mãe, o padrasto, o irmão e o filho, ela diz que os dias de folia são comuns como todos os demais.
"Passo em casa com a família, não frequento mais festas, é um feriado normal como qualquer outro. Respeito a opinião das pessoas, elas são livres pra fazer suas escolhas. Mas hoje eu jamais iria desfilar como fiz. Me arrependo, tenho vergonha da Andressa, mas o passado está ali, o que posso fazer é construir uma nova história e hoje a cada dia tento ser uma pessoa melhor e viver da melhor forma possível".
Já Bismarchi, estará nos Estados Unidos com o marido para um retiro espiritual e também pregações.
"Vou falar a verdade: não sinto falta do Carnaval. Quando o Espírito Santo está em você faz com que não sinta mais falta. Se há verdadeira conversão você não vai se interessar por essas coisas. Não tenho vontade de assistir. Se me perguntar hoje quem está na mídia sobre Carnaval, sobre samba, não sei nada. A Bíblia diz que tudo é permitido, mas nem tudo me convém", explica.
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