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Com Gretchen e Ragatanga, Agrada Gregos atrai 400 mil pessoas em São Paulo

Cristiane Tada

Colaboração para UOL, em São Paulo

02/03/2019 21h25

Apesar da previsão de chuva, o bloco Agrada Gregos parece ter mesmo uma ligação direta com deuses do Olimpo. Hoje à tarde a agremiação reuniu cerca de 400 mil pessoas na Avenida Marquês de São Vicente sob um sol forte, animados pela cantora Ludmillah Anjos e sua banda. "Esse é o bloco mais estourado de São Paulo", disse a cantora. 

Com a avenida completamente lotada, o trio teve dificuldades para avançar na pista e chegou a parar a música para pedir para os foliões descerem dos pontos de ônibus na via. Foram pelo menos 4 horas de muito axé e funk, com participações especialíssimas. 

A cantora e ícone da internet Gretchen, rainha do bloco, não deixou dúvida do posto. Tirou a galera do chão com velhos sucessos e também inovou com versões de funk por cerca de meia hora. "Hoje tenho um público mais jovem, mais teen, mais gay, tive que me atualizar e vocês estão fazendo uma senhora dançar funk", brincou com a multidão. 

Direcionado ao público LGBT, o Agrada Gregos afirma ter espaço para todos que saibam respeitar a diversidade. No final do show a rainha deixou seu recado: "A nossa luta continua, eu sempre vou estar com vocês, sempre serei mãe de vocês, como eu luto pelo meu filho". 

Antes de Gretchen, a irreverência da Mulher Pepita já tinha levantado a galera que parecia saber de cor todos as letras do funk da carioca. Passaram pelo palco também as cantoras Adryana Ribeiro, Lorena Simpson e Aretuza Love. 

Agrada Gregos - Divulgação - Divulgação
O bloco Agrada Gregos reuniu mais de 400 mil pessoas na Avenida Marquês de São Vicente
Imagem: Divulgação

Possuídos pelo ritmo ragatanga

Depois de Gretchen, outro ícone do público LGBT que não deixou ninguém parado foi a cantora Karin Hils, do grupo Rouge. "Tenho muito orgulho da minha história sim, muito orgulho de onde vim sim", afirmou após terminar o sucesso "Ragatanga" repetido como hino pelos foliões.

Karin cantou também outros hits como "Um Anjo Veio Me Falar" e o mais recente "Não é Não". "Acredito que o sucesso desta música é porque as pessoas compartilharam essa ideia, que este grito estava na garanta de todas as mulheres, porque não é não, porra!", enfatizou. 

Além das mensagens de respeito a todos os sexos e orientações sexuais, e do uso de preservativo, também teve crítica política que vieram dos foliões que entoaram um "Bolsonaro vai tomar no c*", durante o trajeto. 

A chuva prevista só chegou no final do bloco, o que não desanimou os foliões que continuaram curtindo mesmo debaixo de muita água. 

Da internet para o Carnaval 

Antes do show, Gretchen bateu um papo com o UOL sobre sua agenda para o Carnaval 2019: ontem no Rio de Janeiro, amanhã em Belo Horizonte, segunda no Rio de novo, e na terça-feira em Salvador. A cantora contou que está apresentando o Carnaval brasileiro para a cantora portuguesa Luciana Abreu, com quem fez uma parceria musical recentemente. 

E afirmou que sempre gostou de Carnaval, mas que andava um pouco parada e agora o público jovem a tem chamado. "Gosto mais de ser rainha da internet porque fala muito com jovens e eu tenho a alma jovem", afirmou. 

E como ser eterna rainha em um mundo cada vez mais cheio de celebridades? Segundo ela, é pelo carinho que tem com os fãs e sua capacidade de reinvenção. "Tem que se reinventar, cada hora com uma novidade, acho que sou boa nisso". Sobre a devoção do público LGBT, ela disse que adora. "Eu acho que eles gostam de mim porque eu sou exatamente a expressão da liberdade". 

Acompanhada do marido Carlos Marques, Gretchen aproveitou para afirmar que não está separada. Quem veio prestigiar a apresentação da mãe foi Thammy Miranda, recém chegado dos EUA para o tratamento de inseminação da mulher Andressa Miranda. "Em abril já saberemos se seremos papai e mamãe. Preferimos não escolher o sexo, será o que Deus quiser", falou.

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