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"Se chover deixa molhar", diz Carlinhos Brown que estreia seu bloco em SP

Carlos Minuano

Colaboração para o UOL, em São Paulo

02/03/2019 13h02Atualizada em 02/03/2019 14h46

"O axé é a maior revolução rítmica e estética de Carnaval dos últimos séculos", afirma Carlinhos Brown, que acaba de estrear em São Paulo com seu novo bloco Bloco du Brasil na avenida Brigadeiro Faria Lima, em Pinheiros. Os foliões, que começaram a se reunir desde 11h, contrastavam com a equipe do músico que se organizava para o desfile. Mais de 130 pessoas estão envolvidas na produção do evento entre, segurança, técnicos e músicos.

Brown chegou às 12h19 em um micro-ônibus que estacionou logo atrás do bloco. Uma multidão de fãs cercou o carro, todos com o celular nas mãos. O músico saiu sorridente, esbanjando simpatia e acenando para o público. "Boa tarde, quem ta feliz levanta a mão e dá um grito, ajayo", disse Brown, já em cima do trio elétrico.

 O discurso de Brown

Antes de começar a folia, o músico falou da importância da sustentabilidade, da erradicação da fome, de mudança climática e até da previsão do tempo. "Se chover deixa molhar." Em seguida, o artista começou a passar o som e a batucar seus atabaques. A folia começou às 12h35, com a canção Carnavália, dos Tribalistas, como não poderia deixar de ser. 

A estimativa da organização do bloco é de que mais de 100 mil pessoas venham para o bloco, que segue pela avenida até 17h, quando encerra a folia no largo da Batata, já em Pinheiros, zona oeste.

"Você não precisa ser gay para respeitar uma opção sexual diferente da sua. Isso tem a ver com humanidade não com sexualidade", disse Brown enquanto começava a cantar "Namorada". 

Ele também tocou Tim Maia, "Não Quero Dinheiro", e Paralamas do Sucesso, "Uma Brasileira". "Quem gostou dá um gritinho", convidou o artista. "Vamos agora pro Carnaval", disse antes de sacudir o público com a batucada animada de "Dandalunda". Para embalar ainda mais, um grupo de dançarinos desceu do trio e sambou bem perto do público.

Novo público

Um dos nomes mais badalados da folia baiana está celebrando em São Paulo quatro décadas de Carnaval.

Pedi licença para minha Bahia. Isso não é um abandono porque é amor e respeito. Carlinhos Brown

Entre os foliões também havia baianos que cabularam o Carnaval de Salvador. Adriana Fontes, 44, e o marido Carlos Souza, 44, resolveram trazer os filhos para uma folia mais tranquila em São Paulo.

"Só que a gente viu um trio elétrico e ainda descobrimos que é do Brown aí não teve jeito, tivemos que vir", disse Souza, enquanto Adriana colocava pulseiras de identificação nos filhos. "Expertise baiana", garante a foliona. "Em Salvador os trios têm portais de acesso com detector de metais e entrega de pulseiras, aqui não tem, então o jeito é improvisar."

Também apareceu folião vindo de bem mais longe. Apesar de brasileira, Alessandra Wendt, 41, vive há 20 anos na Alemanha. Chegou para conferir o Carnaval de rua paulistano pela primeira vez. "Ainda não sei se vou gostar", avisa. 

Mas logo se corrige. "Melhor que na Alemanha com certeza é, lá é muito chato." E teve até sósia de Carlinhos Brown entre os foliões. Com oito anos seguindo o ídolo, que este ano não participa do Carnaval da Bahia, João Henrique, 45, não teve dúvidas: botou seu abadá dos Filhos de Gandhi, os colares de Ogum, turbante, e antes das 11h já estava posicionado perto do trio. "Sou fã dele desde pequeno."

Uma briga entre jovens fez o desfile parar por volta das 13h30. Brown interrompeu o som e mandou um recado: "Se eu ver coisa errada vou entregar. Tem que ter respeito". Os foliões aplaudiram. A polícia chegou. E o bloco seguiu.

Blocos de rua