Beneficiada por virada de mesa, Grande Rio critica "jeitinho brasileiro"
Beneficiada por uma polêmica virada de mesa do Carnaval 2018, ao lado da Império Serrano, a Grande Rio quer acabar com um amargo jejum. A escola do município de Duque de Caxias, fundada em 1988, jamais foi campeã do Grupo Especial do Rio.
O enredo deste ano, "Quem Nunca...? Que Atire a primeira Pedra", falou sobre educação do brasileiro --ou a falta dela. Nossos maus hábitos e o "jeitinho brasileiro", que nos faz cometer as pequenas corrupções no dia a dia. Um assunto muito sério tratado de forma muito divertida.
Desenvolvido pelos carnavalescos Márcia e Renato Lage, o conceito, de certa forma, alfineta a própria agremiação, que também se beneficiou do "jeitinho" ao escapar do Grupo de Acesso. Ao todo 30 alas, seis alegorias, dois tripés e 3.200 componentes passaram pela avenida, com destaque para rainha de bateria Juliana Paes.
Emojis voadores
Com a proposta de mostrar os profetas da internet, com seus equívocos e falsas premissas, a Grande Rio apostou numa bela comissão de frente com passistas vestindo cabeças de emojis famosos da web. Com objetos cênicos minimalistas, eles executaram a viral "floss dance" (famosa no fenômeno dos games Fortnite) e, num segundo momento, surpreenderam quando as dez cabeças se desprenderam dos dançarinos e voaram por sobre a Sapucaí com suas hélices acopladas.
Falta de educação no trânsito
A Grande Rio continuou chamando atenção logo de cara, com um carro mostrando a falta de educação do brasileiro: um ônibus com grávidas e idosos que não conseguiam lugar para sentar porque passageiros optavam por ignorá-los. Você já viu cenas parecidas no seu dia a dia? A alegoria também trazia carros reais estragados, simbolizando a falta de educação dos motoristas brasileiros.
Falta de educação na internet
A ala Fake News trouxe integrantes com nariz de Pinóquio e passistas com smiles, representando as "correntes do bem" que tanto nos importunam em aplicativos de mensagens. Os haters e os usuários da "gatonet", com ligações clandestinas, também foram representados em fantasias e adereços. Por ironia, o carro "Deu Ruim na Rede", com artistas circenses presos em "redes" reais, deu ruim na avenida e precisou de força extra para ser empurrado.
Falta de educação no meio ambiente
Apesar de ter deixado a desejar no acabamento de fantasias, a descontração falou mais alto no desfile da Grande Rio. Adereços simbolizavam os jogadores de bitucas de cigarro na rua, quando as lixeiras estão ao lado. Isso é feio. Os pichadores também não foram poupados: ganharam um spray gigante e a indicação: "sujeira não é arte". Pessoas e empresas que jogam plástico no mar viraram alegoria marinha adornada por uma imensa tartaruga.
A solução? Educação
O desfile chegou ao fim clamando por educação, trazendo um tripé com lousa e lápis de escrever, além de alas representando professores e alunos, a filosofia e a ciência. O principal ensinamento: para fazer o mundo melhor, que tal investirmos em quem está começando a aprender? Todos temos parcela de culpa no país em que vivemos. "Olha o que fizemos de nós/ Então pegue seu filho nas mãos/ Educar é um desafio/ Se errei, peço perdão/ Renasce a Grande Rio", diz a letra do samba-enredo.
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