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Sempre favorita, Salgueiro levanta Sapucaí com o sincretismo de Xangô

Bruna Prado/UOL
Imagem: Bruna Prado/UOL

Leonardo Rodrigues*

Do UOL, em São Paulo

04/03/2019 02h02Atualizada em 04/03/2019 19h16

Sempre apontada como uma das favoritas no Carnaval do Rio, a Acadêmicos do Salgueiro entrou na Sapucaí defendendo a força do enredo "Xangô", desenvolvido pelo carnavalesco Alex de Souza e que conta a história do homem que se transformou em orixá.

O aceno ao candomblé, uma das mais populares religiões afro-brasileiras, traçou ainda um paralelo com a justiça brasileira, destacando que a corrupção não vem de hoje, reina no país desde os tempos imperiais.

O desfile contou com 39 alas, 5 alegorias, um tripé e 3.500 componentes, que empolgaram a plateia na maior parte dos 75 minutos de samba.

Show da torcida

Foi só a Salgueiro começar o desfile que milhares de bandeirinhas passaram a tremular nas arquibancadas, em ritmos aleatórios e também coreografados. A recepção foi a mais calorosa entre as escolas que passaram pela Sapucaí até aqui. Um lindo espetáculo com ar de torcida de futebol. Se, no Rio, a popular Mangueira é o "Flamengo do samba", o Salgueiro estaria próximo do rival Vasco --ao menos em termos de popularidade.

Vermelhaço

O vermelho escuro do Salgueiro imperou em fantasias e alegorias de acabamento luxuoso e detalhista, com muito brilho --boa parte confeccionada às pressas, a um mês e meio do desfile. Ao contrário de muitas rivais, agremiação prefere preservar sua cor tradicional na maioria das alas, deixando apenas o branco e o azul invadirem com mais força a vermelhidão nas últimas alas. A identidade do Salgueiro é muito forte, e ela encantou.

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Papa negro

Na cultura brasileira, Xangô, orixá da justiça, da sabedoria e rei de Oyó, é um santo sincrético. Ou seja, dialoga com diversas crenças e culturas, do candomblé ao catolicismo europeu. Por causa disso, outras representações religiosas ganharam destaque no desfile, incluindo o papa, que foi representado pelo ator Ailton Graça em um papamóvel com direito a seguranças de terno, gravata e óculos escuros.

O ator Ailton Graça fantasiado de papa para o Salgueiro - Reprodução/Globoplay - Reprodução/Globoplay
O ator Ailton Graça fantasiado de papa para o Salgueiro
Imagem: Reprodução/Globoplay

Homenagem a Iracema Pinto

Responsável pelos destaques de luxo que desfilam pelo Salgueiro, Iracema Pinto, de 78 anos, morreu enquanto se dirigia à Sapucaí, na noite deste domingo. Ela, que sairia no fim do desfile, sofreu um AVC dentro de um táxi, foi encaminhada ao Hospital Souza Aguiar, no centro do Rio, mas não resistiu. O Salgueiro dedicou a apresentação a Iracema.

Problema em carro no esquenta

Apesar do belo desfile, o Salgueiro deve perder pontos no quesito evolução. Na parte final do desfile, a escola ficou parada por alguns minutos na avenida. O motivo: o último carro da demorou para entrar na Sapucaí, devido a um problema técnico, e a escola precisou desacelerar o ritmo para não criar buracos na avenida.

Viviane Araújo leva alegria e samba no pé para a Sapucaí - Bruna Prado/UOL - Bruna Prado/UOL
Viviane Araújo leva alegria e samba no pé para a Sapucaí
Imagem: Bruna Prado/UOL

Viviane "deusa" Araújo

Há dois dias, ela viveu uma princesa do Congo com penteado black à frente da bateria da Mancha Verde, em São Paulo. Na Carnaval do Rio, Viviane retornou em grande estilo, como uma suntuosa deusa, também africana, com longos cabelos vermelhos saindo da fantasia. O cansaço não pesou e ala conduziu sem erros a perfeccionista seção rítmica da escola.

Ala sobre igualdade causa furor

Em meio a um desfile com várias menções às injustiças sociais, foi justamente a última ala que causou o maior clamor das arquibancadas. Batizada de "Justiça seja feita", trouxe bandeiras de diversas causas. Transgêneros, negros, deficientes físicos e componentes representando o proletariado levaram seus símbolos à Avenida Marquês de Sapucaí. Ao final do desfile, o setor 1 gritou: "É campeão!".

*Com informações de Gabriel Sabóia, do UOL, no Rio

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