Topo

Antes avesso à folia, cantor Marcelo Veronez se destaca no Carnaval de BH

Nereu Jr./UOL
Imagem: Nereu Jr./UOL

Miguel Arcanjo Prado

Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte

06/03/2019 08h58

Quem vê o cantor Marcelo Veronez abusando da libido em cima do trio elétrico ou cantando em blocos e bailes no Carnaval de Minas Gerais, nem imagina que há 15 anos ele não curtia folia nem verão. "O Carnaval mudou radicalmente a minha vida", admite ao UOL.

O músico conhecido pela voz segura e límpida e pela forte presença de palco, que o faz ser comparado a Ney Matogrosso, lançou há pouco mais de um ano seu primeiro disco, "Narciso Deu o Grito". O álbum traz faixas como "Nunca Vi" e "Solta o Espartilho - Hino da Corte Devassa", bloco carnavalesco do qual é um dos vocalistas - e que hipnotizou em BH após grito contra Bolsonaro e confusão.

Este ano, Veronez ainda assinou a direção artística do bloco Havayanas Usadas e estreou seu Baile do Prazer, no qual revisitou antigas marchinhas, como "Sassaricando", e novas, como a irreverente sátira política "O Baile do Pó Royal".

"O Carnaval foi um salto enorme na minha vida, porque eu só construí o primeiro disco da minha carreira com base no Carnaval de rua de BH", conta o artista. "E eu só consegui a base, o financiamento coletivo, por conta da minha participação no Carnaval." 

Tão imerso na folia, Veronez hoje mal acredita que já foi avesso à festa. "Fico impressionado com a forma como o Carnaval tomou conta da minha figura. Eu nunca fui do sol, do Carnaval, mas o Carnaval foi transformando minha figura. Antes mesmo de eu me entender nesse lugar que estou hoje, a cidade começou a me entender", filosofa.

Para o músico, o Carnaval de BH precisa ainda reforçar a presença da música mineira contemporânea na festa de rua, que ainda costuma repetir velhos hits baianos dos anos 1990 em boa parte dos trios.

"Isso vem mudando. Existe uma preocupação hoje com a música autoral e daqui, pensar músicas inéditas para o Carnaval. Não existia muita produção para o Carnaval de BH, porque sua retomada é um fenômeno recente. Mas isso vem mudando aos poucos", pondera.

"Algumas pessoas estão começando a fazer isso. O Phedro Thiago, o Octavio Cardozzo, a Aline Calixto e a Leopoldina estão fazendo música de Carnaval. Essa ideia de colocar músicas inéditas no meio do jogo é bem-vinda", avalia.

"E o público já começa a pedir as músicas do nosso Carnaval. Em toda apresentação que faço, tenho de cantar o 'Hino da Corte Devassa', cujo clipe eu gravei durante o cortejo do bloco no Carnaval no meio do povo", conta.

"O Carnaval ajuda nossas músicas a se tornarem conhecidas do grande público e a furar o bloqueio que existe para a música independente no mercado", comemora.

Minas Gerais