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Empresa que contratou trio de Lexa diz que produtor deu cheque sem fundo

Após ficar sem trio, Lexa se apresenta na Ressaca do Bloco das Poderosas a convite de Anitta - Gabriela Cais Burdmann/UOL
Após ficar sem trio, Lexa se apresenta na Ressaca do Bloco das Poderosas a convite de Anitta Imagem: Gabriela Cais Burdmann/UOL

Leonardo Rodrigues*

Do UOL, em São Paulo

11/03/2019 14h47

O problema ocorrido ontem no trio elétrico da cantora Lexa, que ficou sem desfilar no pós-Carnaval de São Paulo, foi causado por falta de pagamento do cantor e produtor Sebah Vieira, que descumpriu contrato e chegou a passar um cheque sem fundo na negociação. A denúncia é do empresário Paulo Barros, dono da carioca GRV, empresa de transporte e logística responsável por alugar o trio e disponibilizá-lo para a artista.

Após a publicação da primeira reportagem, Barros entrou em contato com o UOL afirmando ter assinado um contrato de aluguel de R$ 54 mil com Vieira, por meio da produtora Tchê Produções e Eventos, que previa a realização de três shows no sábado e domingo, com a utilização de dois trios. Um deles seria o Trio Sapequinha, de Lexa. Próxima ao produtor, a cantora entrou com parte do dinheiro, mas não participou diretamente do acordo.

Imagem de cheque sem fundo enviado à GRV - Reprodução/Montagem - Reprodução/Montagem
Imagem de cheque sem fundo enviado à GRV
Imagem: Reprodução/Montagem

Barros, que reclama de calote, está acionando a Justiça com duas ações, de reparação financeira e danos morais. "Foi emitido contrato de pagamento para 15 de fevereiro. No dia 15, ele pediu para prorrogar para o dia 20. No dia 20, jogou para o dia 23, e no dia 23 pagou R$ 10 mil reais", explica ele, que atua há mais de 30 anos no ramo e diz nunca ter passado por situação parecida.

Segundo o empresário, ele cobrou diversas vezes o restante do pagamento e, com a demora no retorno, se comprometeu a pagar do próprio bolso, junto à prefeitura, o valor da licença para a realização do desfile. "No dia 25, às 7 horas da noite, ele depositou um cheque de R$ 18 mil, mas estava sem fundos! Daí, no dia 27, ele depositou mais R$ 10 mil reais, totalizando R$ 20 mil. Na sexta-feira agora, véspera do evento, ele fez um depósito de R$ 7.000 e um R$ 1.600."

"No fim, o Sebah fez um TED programado só para o dia 11, no valor de R$ 13 mil. Perguntei se ele tava de sacanagem comigo. Um TED programado que pode simplesmente ser cancelado no sábado? Decidi não mandar os trios." Ainda segundo Barros, alegando dificuldade financeira, Vieira chegou a oferecer na negociação um Honda Fit 2011 no valor de R$ 20 mil, mas, após consulta no Detran, descobriu que o carro estava alienado.

"Não tenho contrato com a Lexa, mas falei com a produção dela. Eles querem o dinheiro devido. Se ela deu dinheiro a ele, como me escreveram, o Sebah ficou com o dinheiro. O pior de tudo: os meus trios não foram, mas, no sábado, ele contratou outro trio por R$ 32 mil. Se na sexta ele não tinha dinheiro, como apareceu dinheiro para ele milagrosamente no sábado de manhã?", questiona.

Produtor se diz enganado

Sebah Vieira - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Sebah Vieira (em pé, à esquerda) com a cantora Lexa e Darlin Ferrattry (sentada), mãe e empresária da cantora
Imagem: Reprodução/Instagram

Apesar de a equipe de Lexa preferir não confirmar o produtor responsável pelo Trio Sapequinha em São Paulo, o UOL conversou ontem com Sebah Vieira por telefone. Ele, que já fez vários eventos de Lexa e MC Guimê, confirmou que seria responsável também pelo Trio Sapequinha.

"Sou amigo da Lexa e estava ajudando ela a produzir esse trio. Desde o ano passado, a gente estava conversando sobre isso. Ela me pediu para ajudar a produzir esse trio em São Paulo, e a gente conseguiu. A Lexa pagou R$ 22 mil pelo trio dela, e eu paguei R$ 22 mil pelo meu. Mas esse homem que foi pago, o tal de Paulo Barros, não teria repassado o dinheiro para o Enéas, do Trio Movidão. Eles são do Rio de Janeiro, são duas pessoas que ficam jogando uma para a outra, ninguém assume a responsabilidade. Um diz que passou o dinheiro, o outro diz que não recebeu nada, sendo que a gente tem todos os comprovantes de pagamento", explicou, dizendo ter feito um contrato único com a empresa que teria dado o calote nele e em Lexa.

"Eles queriam os 30% restantes para sair com o trio do Rio de Janeiro. Acabei fazendo um DOC e, mesmo assim, eles não vieram. Isso eles fizeram de propósito. É um contrato de dois trios, um do dia 9 e outro do dia 10, do qual eles não assumiram a responsabilidade. Paulo Barros e Enéas são os verdadeiros culpados, e não eu. Está todo o mundo achando que sou eu. Quem deixou de vir com o trio para São Paulo foi a empresa Trio Movidão", explica.

O produtor ainda completou: "Eu não sou culpado. Fui enganado assim como a Lexa. Passei a noite acordado tentando resolver isso, tentando conseguir um trio para ela. Ontem consegui com a ajuda de um amigo outro trio para mim em cima da hora, mas hoje não foi possível", lamentou. Sebah diz que, além dos R$ 44 mil que perdeu com a empresa, agora também tem uma nova dívida de R$ 15 mil com o trio que contratou ontem de última hora. Além de despesas com segurança (R$ 2.000), van (R$ 1.000) e bar (R$ 650), que ele afirma que sairiam de seu próprio bolso.

Paulo Barros, que afirma ter sido ameaçado por Vieira via mensagens de texto, contesta. "O contrato dele era comigo, não com o Enéas. Eu sou empresa de logística e transportes. Se você quiser alugar comigo, eu dou o preço e vou alugar o trio no mercado. É asism que funciona A produção da Lexa teve só um erro: não ter nos contratado direto. Se a Lexa deu a ele R$ 20 e poucos mil, e ele nos deu R$ 30 mil, ele queria era fazer a festa dele de graça."

Vieira terá de pagar uma multa para a Prefeitura de São Paulo por não ter saído com o trio na hora marcada. "Estava tudo no meu nome, participei de todas as reuniões. Ficarei responsável por isso."O produtor disse também que já se desculpou com Darlin, mãe e empresária de Lexa, mas que ainda não conseguiu falar com a cantora. "Sempre faço tudo para eles e nunca cobrei nada. Fiz por amor à família."

Frustração pré-show

Uma das atrações da folia de rua em São Paulo, Lexa não conseguiu desfilar na avenida Marquês de São Vicente, na Barra Funda, zona oeste de São Paulo por não ter um trio elétrico à disposição. O show aconteceria para um público esperado de cerca de 100 mil pessoas. Em um desabafo no Instagram, a cantora afirmou que pessoa contratada ficou com o dinheiro e não apareceu com a estrutura.

"Trabalhei muito para pagar esse trio. Paguei, e a pessoa responsável sumiu com o meu dinheiro e sumiu com o trio. Vou postar as notas e os comprovantes de todos os depósitos feitos. A questão agora é que as pessoas já viram que o trio não está lá", afirmou, chorando muito.

Ao saber do ocorrido, a cantora Preta Gil ligou para Lexa e a convidou para cantar no trio dela, no Ibirapuera. "A Preta me ligou e falou: 'Lexa vem para cá agora, vem para o meu trio agora. Traz seus convidados'", contou Lexa.

"Ela viu meu desespero, porque eu estou atrás de qualquer trio. Eu fui atrás de vários trios para tentar alugar, mas, gente, não tem cabimento eu ter pago uma fortuna de dinheiro e pagar de novo. E não tem mais como cumprir meu circuito. Então, com esse ato de generosidade, eu estou indo lá para o trio da Preta Gil. Ela foi uma querida e me mandou mensagem. Todo o mundo já está sabendo do que aconteceu, e ela se propôs a me ajudar."

A cantora ainda pediu desculpas aos fãs. "As pessoas que foram lá me ver me perdoem, a culpa não é minha. Eu fiz a minha parte. É uma 'cafajestagem' o que fizeram comigo. Eu trabalho todos os dias, eu dou muito duro na minha vida. Eu era uma padeira, consegui várias coisas, e fizeram isso comigo. Então, peço de todo meu coração desculpa, e a quem puder ir para o trio da Preta, sou muito grata."

Lexa reclama prejuízo de pelo menos R$ 30 mil

Lexa - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Lexa faz desabafo no Instagram após tomar calote em trio
Imagem: Reprodução/Instagram

Por questões judiciais, a equipe de Lexa preferiu não apontar quem foi o produtor responsável pela logística do trio que sumiu. Por telefone, a assessora de Lexa informou ao UOL que mais de R$ 30 mil foram gastos e que a cantora pretende entrar na Justiça para recuperar todo o valor investido.

"Não era só o trio. Tinha aluguel de van, segurança, muita coisa. Nem conseguimos calcular todo o prejuízo ainda", explicou. Posteriormente, a cantora postou alguns comprovantes de transferências bancárias que somavam R$ 22 mil.

Lexa também conversou com a reportagem do UOL momentos antes de subir com seus convidados no trio de Preta Gil, no Ibirapuera. "Paguei pelo trio, mas ele não estava lá, estou arrasada", lamentou, ainda no camarim. Segundo ela, o prejuízo foi grande. Além de R$ 22 mil, do trio, ela perdeu R$ 3.000 pagos para segurança e logística, além de R$ 18 mil gastos com voos de convidados, que incluíam as influenciadoras digitais Bianca Andrade e Thaynara OG, as cantoras Glória Groove e Mari Antunes e o seu marido, MC Guimê.

"Na hora em que anunciei o cancelamento, a Preta me convidou, me estendeu a mão. Eu chorava muito enquanto agradecia, foi muita generosidade da parte dela", disse. Quando foi anunciada por Preta Gil para cantar, uma multidão gritou, enquanto Lexa pedia ao público: "Muito barulho para a Preta". "O trio é seu", reforçou Preta.

Lexa também foi convidada por Anitta para se apresentar com ela mais tarde, no Espaço das Américas, também em São Paulo. "Soube que ela já foi para o Bloco da Preta, mas se quiser está convidada para cantar aqui também", disse a cantora em seus stories no Instagram.

*Com colaboração de Carlos Minuano e Renata Nogueira

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