O "Baile da Gaiola" é certamente hoje o mais famoso do Brasil, com inúmeras músicas em sua homenagem. Como manda a tradição, as canções costumam ter duas versões, a "light" e a "proibidona". Numa das versões do hit "Tu tá na Gaiola", Kevin o Chris conta que vai pro baile, "na intenção de beber", na outra a motivação é "fuder" mesmo. Da mesma maneira, "cheiro de perfume bom" e "cheiro de marola boa", viram "lança da bom" e "maconha boa". A grande estrela do notório Baile da Gaiola é o DJ Rennan da Penha, conhecido por tirar fotos sempre com a linguinha de fora. Órfão do baile da Chatuba, Rennan começou a tocar no "Bar da Gaiola", na rua Aymoré. O bar tinha esse apelido por ser cercado de grades. Sábado após sábado, a festa foi crescendo a ponto de se transformar no Baile da Gaiola, com várias equipes de som atraindo dezenas de milhares de pessoas, avançando a madrugada, muitas vezes até o meio-dia. Rennan costuma entrar por volta das 5h da manhã, normalmente depois de já vir de algumas apresentações pela cidade. Ele é hoje um DJ requisitado, com programa toda segunda-feira na rádio FM O Dia e uma agenda concorrida de shows por todo país.
Rennan mantém uma presença forte na internet, publicando dezenas de histórias e tweets por dia. No final do ano passado, um vídeo que mostrava mulheres trans dançando de peito de fora na gaiola viralizou, gerando uma reação homofóbica contra a Gaiola. Em resposta, Rennan convocou em dezembro uma edição especial LGBT do baile, com atrações como Viviane Araújo e Mulher Pepita (que no passado se apresentava como Transnitta). No início de fevereiro produziu com Ludmilla "Vem Amor Bate Não Para", música de sua autoria originalmente gravada pela MC Mazzoni, mas que ganhou versão de Ludmilla após pedido dos fãs. Em março foi lançado o clipe de "Eu Vou Passar", produção de Rennan com Mazzoni, "essa música tem uma coreografia ilustre que todo mundo tá fazendo no baile, quero que cheguem vídeos de não sei quantas pessoas dançando a coreografia da música."
Durante o Carnaval, Rennan tocou na Bahia e Minas Gerais, além de um camarote da Sapucaí. Mas seus hits e remixes ecoaram muito além. Os versos em exaltação a "Gaiola" foram entoados por gente bombada e siliconada cujo contato mais próximo de uma favela é através do muro acústico da linha vermelha no caminho do aeroporto. Os moradores da Penha já não tiveram a mesma sorte, visto que o baile já não acontece há algumas semanas, por conta de operações policiais.