Já é Carnaval

Foliões lotam ruas do país inteiro e decretam: não existe mais "pré-Carnaval"

Do UOL em São Paulo Eduardo Anizelli/Folhapress

O fim do "pré-Carnaval"

Já é Carnaval. Até 2018, o fim de semana que antecedia o Carnaval era um escape para os foliões ansiosos. Em 2019, os dias 23 e 24 de fevereiro ficarão marcados como o fim do pré-Carnaval. As ruas de diversas capitais ficaram lotadas, os trios arrastaram massas com muitos hits sob forte calor e o Carnaval se instalou definitivamente antes da hora. Blocos aniversariantes -- como o Acadêmicos do Baixo Augusta (SP) e o Bloco da Preta (Rio) -- celebraram 10 anos de desfiles e a folia em todo o país cresceu exponencialmente.

Eduardo Anizelli/Folhapress
Nelson Antoine/UOL

São Paulo

"Túmulo do samba"? A capital paulista se afasta definitivamente do apelido

Regido pela rainha Alessandra Negrini, a Acadêmicos do Baixo Augusta tradicionalmente adota um viés político em seus desfiles. O bloco não faria diferente em sua celebração de dez anos, neste domingo, onde fez uma homenagem ao rock com o tema "Que País é Esse", da Legião Urbana, e ainda lembrou as vítimas do rompimento da barragem de Brumadinho com um minuto de silêncio antes de sua saída. Ainda na região central da cidade, a festa foi regida no sábado pela cantora Iza no Vale do Anhangabaú no bloco Pop Como te Gusta com forte apelo ao público LGBTQ. 

"Acho SP muito melhor do que qualquer lugar para o Carnaval, porque tem opções para todos os tipos de músicas"

Vitória Lopes, 21, estudante de design gráfico

Outro gigante do Carnaval paulistano tomou as ruas no sábado: o Casa Comigo. Madrinha do bloco, a atriz Fernanda Paes Leme escolheu um modelito de noiva inspirado em um look de Madonna. O auto-explicativo tema do grupo, "São Paulo casou com o Carnaval", é prova de como a cidade abraçou o evento em seu calendário. 

O fim de semana paulistano ainda contou com a tradicional Confraria do Pasmado, Dennis DJMonoblocoSargento Pimenta e até a presença de Paolla Oliveira no carioca Bloco da Favorita. Notável também as ilustres presenças dos blocos de Elba Ramalho e Alceu Valença, que deram um toque pernambucano ao Parque do Ibirapuera.

Bahia "indoor"

São Paulo também teve um gostinho do Carnaval baiano. O Anhembi recebeu Harmonia do Samba com o bloco Vem Neném e Léo Santana, que pulou a folia mesmo usando uma bota ortopédica. E quem questionava a potência de hit de verão de "Jenifer", pôde cantar junto com Gabriel Diniz na festa.

Fernanda Paes Leme, musa do bloco Casa Comigo

Marcelo Justo/UOL

Carnaval de SP: força online

No Facebook, São Paulo superou o Rio de Janeiro na publicação de eventos na plataforma. A capital paulista confirmou 570 eventos, contra 498 da capital fluminense. No top 10 dos eventos mais populares na rede social, nove posições eram ocupadas por blocos paulistanos. No topo da lista está o Casa Comigo, com mais de 150 mil pessoas confirmadas ou interessadas no evento. No Rio, o mais buscado é o Chora Me Liga, com 80 mil foliões interessados. Os dados foram contabilizados até a última quarta-feira (20).

Rio de Janeiro

Luciola Villela/Uol
Douglas Shineidr/UOL

Preta Gil arrastou multidão sob sensação térmica de 46ºC

A festa começou cedo também no Rio de Janeiro. As primeiras horas do sábado tiveram concentrações ainda de manhã do Chame Gente, assim como o Céu na Terra, que abriu seu cortejo às 7h da manhã com uma ode ao universo feminino.

Enquanto o domingo teve a estreia do Bloconcé, criado há apenas cinco meses para homenagear a cantora Beyoncé, uma maré de pessoas enfrentou um calor absurdo para acompanhar a celebração dos 10 anos do Bloco da Preta, comandado por Preta Gil. Sob uma sensação térmica que bateu 46,8°C, Preta recebeu famosos como Ludmilla, Luísa Sonza, MC G7 e Lellezinha.

Com um tom mais político e social, o bloco Se Benze Que Dá, fundado por Marielle Fraco na favela da Maré, saiu em cortejo e desfilou pelas ruas do complexo com cartazes que lembravam a vereadora, assassinada em março de 2018.

A única baixa do fim de semana do Rio foi por conta do Chora Me Liga, que acabou sendo cancelado no sábado por estar sem aval da PM.

Luciola Villela/UOL

Rio: menos blocos, mais gente

No Rio de Janeiro, os blocos enfrentam um ano com menos recursos da prefeitura, que passa por uma forte crise. Isso, no entanto, não reflete nos números de público. Em 2017, foram 1,1 milhão de turistas na cidade, enquanto em 2018 o número cresceu para 1,5 milhão. A expectativa da prefeitura é de que este número chegue aos 2 milhões, mesmo com o encolhimento do número blocos. No ano anterior foram emitidas licenças para 608 blocos, número que caiu para 498, na esperança de que os maiores coletivos atraiam ainda mais pessoas.

Belo Horizonte

Alexandre Rezende
Nereu Jr

Capital mineira também já deu pontapé no seu Carnaval

O bairro Savassi ficou responsável por abrigar os foliões mineiros, que se reuniram nos blocos Paraibando, Havayanas Usadas e Orquestra Royal. 

"Aqui em BH a festa é da diversidade, tem o pessoal que sai para zoar, para pegação, mas também tem a galera que curte em família"

Lucas Prado, estudante de direito

O bloco feminista Sagrada Profana também aproveitou a data para fazer um Carnaval-manifesto.

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Quem deu o que falar

Instagram/Reprodução

Maria Casadevall

No Baixo Augusta, Maria Casadevall fez topless e exibiu as palavras "Ele Não" em referência ao presidente Jair Bolsonaro.

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Junior Lago/UOL

Gabriel Diniz

O cantor se apresentou no Anhembi e cravou que sua "Jenifer" será a música do Carnaval. "Ela é minha musa", disse.

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Nelson Antoine/UOL

Iza

A cantora estreou no Carnaval de rua e mandou bem: "Sejam cada vez mais donas de si mesmas. Não aceitem assédio".

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Nelson Antoine/UOL

Alessandra Negrini

A rainha do Baixo Augusta brilhou no aniversário de 10 anos do bloco. "Essa fantasia de punk combina com momento do Brasil".

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Daniel Lisboa/UOL

Pra esquecer

Em SP, Largo da Batata teve dispersão com brigas, bombas e arrastões

Depois de um dia de muitos blocos em Pinheiros, na zona oeste da cidade, a dispersão dos foliões no Largo da Batata foi problemática. Bombas de gás lacrimogêneo foram disparadas nas proximidades da estação Faria Lima do metrô. Durante as sete horas que a reportagem esteve na região, presenciou pelo menos seis brigas, duas sendo de grandes proporções. Um integrante da Guarda Municipal confirmou que no largo foram registrados ao menos três arrastões.

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