Filmes de Hollywood cometem deslizes científicos

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Para entreter os espectadores e inchar as bilheterias, roteiristas e diretores violam importantes leis da natureza para montar as cenas de cinema. Mas, ao criar esse mundo paralelo, Hollywood deixa os filmes de ficção menos científicos e cada vez mais fantásticos. Um dos deslizes mais famosos e corriqueiros estão nas explosões que ocorrem no meio do Universo, sejam elas de naves ou asteroides. O impacto não poderia criar bolas de fogo, já que não há oxigênio no espaço, nem estrondos barulhentos, já que o som não se propaga no vácuo
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Clássico de Stanley Kubrick, "2001: Odisseia no Espaço" (1968) é um dos poucos filmes respeitados tanto por cinéfilos quanto por cientistas. As cenas abusam do silêncio para criar um ambiente melancólico e, ao mesmo tempo, ameaçador do espaço. Pena que os astronautas do filme se movimentam na Lua do mesmo jeito que fazem na Terra, ignorando as diferenças da gravidade do satélite e a do planeta
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O Homem-Aranha, personagem da HQ de Stan Lee que já ganhou vários versões no cinema, não respeita as façanhas das aranhas. A cada 100 metros de fios, o jornalista com superpoderes teria de perder 3% de seu volume corporal, como acontece com os aracnídeos. Para explicar como o personagem não definha ao jogar seu organismo pelos ares, só desafiando a física: ele teria de criar matéria a partir do nada
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Em "A.I.: Inteligência Artificial" (2001), Steven Spielberg colocou na telona as ideias mirabolantes que Stanley Kubrick tinha a respeito de robôs. David, o tristonho personagem de Joel Osment (foto), e muitos dos companheiros tecnológicos têm uma energia infinita e nunca recarregam suas baterias - até hoje, algo impossível no campo da robótica
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O jovem Martin McFly e o cientista Emmett Brown, da saga "De Volta para o Futuro", não teriam problemas para pular 30 anos de suas vidas, mas dificilmente voltariam um segundo no passado. O efeito relativista da dilatação do tempo garante, em teoria, uma visita ao futuro caso os viajantes atingissem a velocidade da luz - o campo gravitacional criado seria tão intenso, que o tempo passaria mais devagar para eles do que para os outros, arremessando-os para o futuro quando brecassem o Delorean. No entanto, a volta ao passado fica mais complicada, já que a teoria de Albert Einstein exige algumas estruturas ainda desconhecidas: como a criação de um buraco de minhoca, túnel que liga dois pontos no plano do espaço-tempo
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As transformações do robô de metal líquido T-1000 (foto), imortalizado por Robert Patrick, deixaram o público de queixo caído, mas "O Exterminador do Futuro: O Julgamento Final" (1991) não convenceu os cientistas. As viagens no tempo que existem no roteiro descartam a lei da conservação de energia, já que permitem alterar o passado sem mudar o curso da História - segundo a teoria, não se pode criar nem destruir energia, apenas transformá-la, ou seja, a quantidade da energia no mundo é constante e, portanto, é impossível adicionar energia em forma de matéria no passado ou retirá-la do futuro
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Para inundar a cidade de Nova York, uma das catástrofes mostradas em "O Dia Depois de Amanhã" (2004), especialistas do clima afirmam que seria preciso derreter de uma só vez 75% do gelo da Antártida
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A tenente Ellen Ripley (foto) se sacrifica em "Alien 3" (1992) para impedir que o predador, um extraterrestre que vivia dentro dela, fosse parar na Terra. Mas no filme seguinte, 200 anos depois de sua morte, a heroína reaparece como um clone, com suas memórias preservadas, mesmo sendo impossível para o DNA carregar lembranças e emoções do corpo original
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A trupe de perfuradores de petróleo recrutada pela Nasa (Agência Espacial Norte-Americana) não conseguiria salvar o planeta do impacto de um asteroide, como mostra "Armageddon" (1998). A manobra para fixar um dispositivo nuclear no objeto seria insuficiente para rachar o objeto em dois - para dividi-lo em pedaços que passariam de raspão no planeta - e, no máximo, desviaria um pouco sua rota, mas não o suficiente para salvar a humanidade. Além disso, o prazo de 18 dias seria curto demais para a equipe do personagem de Bruce Willis (centro) perfurar o núcleo do asteroide Mais
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A tripulação da série "Jornada nas Estrelas" parece estar em um avião, e não em uma espaçonave. Segundo a física, o único jeito para a equipe caminhar normalmente dentro da Enterprise, já que não há gravidade no espaço, seria manter a nave em constante rotação
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O diretor Christopher Nolan usa a licença poética para armar um encontro entre o engenheiro mecânico Nikola Tesla, interpretado pelo cantor David Bowie (acima), e o fictício mágico Robert Angier, vivido por Hugh Jackman, em "O Grande Truque" (2006). Tesla foi um grande inventor (seu nome consta em mais de cem patentes) e seus trabalhos no campo magnético foram fundamentais para a transmissão de energia elétrica e para a tecnologia do rádio e da televisão, mas ele não criou uma máquina de teletransporte, como mostra o filme, apenas tinha esboços de 'uma parede de luz' que permitiria ao operador manipular ondas eletromagnéticas com o intuito de alterar tempo, espaço, matéria e gravidade Mais
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O efeito espetacular usado para registrar o pulo no hiperespaço das espaçonaves da saga "Guerra nas Estrelas" não aconteceria na vida real, segundo estudo da Universidade de Leicester, no Reino Unido. Os personagens não veriam qualquer estrela se aproximando deles enquanto a nave Millenium Falcon acelerasse para mergulhar no espaço profundo devido ao efeito Doppler, fenômeno em que o comprimento de onda da radiação eletromagnética encolhe ou se alonga conforme a fonte se aproxima ou se afasta do observador Mais
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O filme Gravidade, que estreiou no dia 11/10 no Brasil, retrata a jornada de dois astronautas à deriva no espaço. Marcos Pontes, o astronauta brasileiro, dá nota 3 para a realidade dos procedimentos técnicos reproduzidos no filme. Um dos pontos é que a personagem de Sandra Bullock não iria usar um shortinho e camiseta na Estação Espacial e por baixo da roupa de astronauta. Segundo ele, além do traje EMU (para atividades extra-veiculares), os astronautas usam outras duas camadas de roupas. Além disso, o fogo retratado no filme reage de maneira similar à Terra, o que não é verdade, não é possível se locomover tanto no espaço com o jato como o personagem de George Clooney faz e todos os processos demorariam horas para serem realizados