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Por que a Conferência do Clima deste ano é tão importante?

Imagem: Jean-Sebastien Evrard/AFP

Do UOL, em São Paulo

30/11/2015 06h00

Conferências do Clima das Nações Unidas ocorrem todos os anos desde 1995. Mas, pela primeira vez, serão 153 governantes a se reunir fora da sede da ONU, em Paris, na França, para discutir medidas para conter as emissões de gases do efeito estufa, que causam as mudanças climáticas. Mas por que este ano a Conferência está sendo mais falada? Por que todos eles irão participar de sua abertura nesta segunda-feira (30)? E o mais importante: por que você deve prestar atenção (se ainda não se importava tanto com o tema)? 

O UOL aponta a seguir as principais questões que fazem desta talvez a reunião climática mais importante desde o Protocolo de Kyoto, firmado em 1997.

12 razões para prestar atenção na COP

  • Primeiro acordo global para reduzir emissões

    Espera-se para Paris o primeiro acordo em que todos os países se comprometem a reduzir suas emissões de gases do efeito estufa. O Protocolo de Kyoto, único acordo existente hoje, foi prorrogado até 2020. É preciso que se chegue a um acordo em 2015 para que o novo tratado entre em vigor até lá. E, pela primeira vez, uma antiga reivindicação dos países desenvolvidos deve ser atendida: no Protocolo de Kyoto, só os países ricos tinham metas de redução dos gases. Hoje, como a maior emissora é a China (e Brasil e Índia estão no top 10 entre os maiores emissores), os países desenvolvidos exigiam que todos os países se comprometessem com uma redução e não apenas eles.

  • EUA e China fizeram acordo

    Os dois maiores emissores do planeta firmaram um acordo no final de 2014 com metas com o quanto vão diminuir suas emissões nos próximos anos. A China, pela primeira vez, se comprometeu a atingir o ápice de suas emissões de CO2 no máximo até 2030. Já os EUA assumem o compromisso de reduzir as emissões em 2025 entre 26% e 28% em relação a 2005. Os dois juntos representam 45% das emissões mundiais dos gases do efeito estufa. Leia mais

  • Já existem metas voluntárias

    E não só os dois grandes, ao menos 155 países anunciaram seus objetivos nacionais para reduzir ou limitar as emissões de gases do efeito estufa antes de 2025 ou 2030. Esse seria o ano limite para que as emissões continuem subindo. Essas são metas voluntárias, ou seja, o que cada país acha que é possível reduzir e não existe nenhuma sanção caso não atinja a meta. Elas receberam o nome de INDCs, a sigla em inglês para Contribuições Nacionalmente Determinadas Pretendidas. Os planos descrevem como e quanto os países vão reduzir e as ações que vão fazer.

  • Mas as metas não são suficientes

    As INDCs devem representar pontos de partida para a ação, não os seus tetos, diz a ONU. Isso porque estudos atuais indicam que mesmo que os países implementem as INDCs, o planeta ainda irá sofrer um aumento de temperatura global entre 2,7º C e 3,5º C (dependendo das estimativas utilizadas nos modelos). Estes valores são muito altos, mas melhor do que continuar no caminho atual, do qual irá resultar um aumento de temperatura global em mais de 4º C. As negociações devem forçar para que se chegue a emissões que limitem o aquecimento a 2ºC ou menos. Para reduzir a diferença entre esses 3ºC e o objetivo de 2ºC, muitos países defendem novos compromissos, mais ambiciosos, a cada cinco anos.

  • Alguém precisa pagar a conta

    Na reunião de Paris também deverá ser estabelecido um pacote de financiamento. Muitos países em desenvolvimento vão necessitar da cooperação internacional, incluindo financiamento e tecnologia, para poderem seguir na direção de um futuro de baixo carbono. Assim, os países desenvolvidos terão que explicar em detalhe como vão concretizar o compromisso assumido anteriormente de mobilizar US$ 100 bilhões, por ano, até 2020, para apoiar os países em desenvolvimento. O investimento para o período pós 2020 também terá que ser debatido. Mas agora, os países desenvolvidos querem que países em desenvolvimento, mas em boa situação econômica, como o Brasil e a China, também contribuam. Esses países falaram que só concordam em financiar parcerias Sul-Sul.

  • Emissões nunca pararam de crescer

    Mesmo com toda ação feita nas 20 Conferências do Clima anteriores, as emissões só crescem. Então, espera-se que em Paris seja definida uma data limite para que as emissões parem de crescer. A formulação deste objetivo pode ser muito precisa - fixando, por exemplo, uma data limite para o pico das emissões - ou muito mais vaga, com termos como "transformação global de baixo nível de carbono" ou "neutralidade de carbono", que consiste em alcançar o equilíbrio entre o carbono liberado na atmosfera e o montante equivalente retido ou compensado seja igual a zero.

  • Estamos perto do limite

    Para que se tenha uma chance provável de alcançar a meta de 2 ºC, as emissões globais de gases do efeito estufa chegam ao pico em 2020 ou antes em torno de 85% dos cenários no banco de dados de cenários do IPCC, e todas as regiões chegam ao pico até 2020.

  • Precisamos chegar a emissão zero até 2050

    O objetivo de limitar o aumento da temperatura global a 2ºC até ao final do século foi decidido pela primeira vez em Copenhague e depois aprovado na Conferência do Clima em Cancún, em 2010. O IPCC afirma que as emissões de devem ser reduzidas de 40 a 70% até 2050, abaixo dos níveis de 2010, e cair para próximo de zero ou abaixo entre 2055 e 2070, para que se tenha uma chance provável de limitar o aquecimento a 2 ºC. Se nada for feito e o mundo continuar no caminho atual, deverá haver um aumento médio global da temperatura de 4ºC até ao final deste século. Já aquecemos 1ºC e mesmo que os níveis de CO2 parassem de aumentar amanhã, a temperatura continuaria a crescer em cerca de 0,5ºC.

  • Ano mais quente

    2015 deve acabar com um recorde nada agradável: o ano com a maior temperatura média global registrada até agora. Isso não é, no entanto, uma grande novidade. Ao longo da última década, sete anos entraram na lista dos dez mais quentes da história humana.

  • Todo mundo tem que contribuir

    As ações para reduzir as emissões devem ser feitas pelos governos, mas também pela sociedade civil e empresas. A Agenda de Ação Lima-Paris é uma iniciativa conjunta que engloba as presidências francesas e peruanas da COP, o Escritório do Secretário-Geral das Nações Unidas e o Secretariado da CQNUAC. Tem como objetivo mobilizar uma ação robusta por parte do mundo dos negócios e de outros atores não estatais no sentido de caminhar para uma sociedade de baixo carbono e mais resiliente. Durante a conferência será realizado, a 5 de dezembro, um "Dia de Ação" para fazer o anúncio de várias iniciativas.

  • O que acontece se os países não chegarem a um acordo em Paris?

    Sem um acordo global, será mais difícil - ou mesmo impossível - conseguir a cooperação internacional necessária para limitar o aumento da temperatura em 2ºC e evitar maiores tragédias ambientais. Sabendo que as alterações climáticas são um problema que atravessa fronteiras, a nossa capacidade de as limitar a níveis seguros será diminuída.

  • Então Paris pode resolver o problema das alterações climáticas?

    Não existem soluções rápidas ou mágicas para as alterações climáticas. O desafio do clima é um dos mais complexos que o mundo alguma vez enfrentou. Um acordo em Paris não é um ponto de chegada, mas sim um ponto de partida decisivo no modo como todos os países - atuando em conjunto, com base num acordo transparente e legal - traçarão um caminho para uma sociedade de baixo carbono.

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