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Hollande pede acordo climático antes que seja "tarde demais"

O presidente da França, François Hollande, discursa durante Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova York, nos Estados Unidos - John Moore/ Getty Images/ AFP
O presidente da França, François Hollande, discursa durante Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova York, nos Estados Unidos Imagem: John Moore/ Getty Images/ AFP

28/09/2015 21h09

O presidente francês François Hollande pediu nesta segunda-feira para que os líderes de todo o mundo trabalhem por um acordo sobre mudança climática na Conferência do Clima de Paris, no final do ano - falando que, caso contrário, seria "muito tarde" para a humanidade.

Hollande ressaltou a urgência da situação diante da Assembleia Geral das Nações Unidos que ocorre em Nova York, a dois meses da realização da COP21 na capital francesa.

Hoje, metade dos países representados pela ONU, cerca de 90, concentram 80% do total de emissões.

"Em Paris devemos fazer uma só pergunta: a humanidade é capaz de tomar a decisão de preservar a vida no planeta? (...) Se poderá dizer 'talvez mais tarde, em outra conferência'". Mas, "se não dissermos em Paris (...) será tarde demais para todo o planeta", alertou o presidente francês.

A conferência sobre o clima que ocorrerá em Paris, em dezembro, deve ser o cenário para que a comunidade internacional amplie acordos para limitar a 2 graus Celsius o aumento médio da temperatura em relação à era pré-industrial, quando a tendência atual prevê um aumento de entre 4 e 5 graus.

"Se me pedirem um prognóstico, diria que hoje não existe nenhuma segurança de que em Paris um acordo será alcançado. Nenhuma. Mas ao mesmo tempo, tudo é possível", afirmou Hollande, citando a realização de "negociações muito proveitosas" nos últimos dias em Nova York para tentar somar vontades à causa verde.

"Houve fortes declarações por parte dos países que são os maiores responsáveis pelo aquecimento global", disse.

O Brasil anunciou no domingo sua meta de reduzir em 37% suas emissões de gases de efeito estufa até 2025 e em 43% antes de 2030, em comparação aos níveis de 2005.

A China comprometeu-se a implementar em 2017 um mercado nacional de cotas de dióxido de carbono, onde as empresas mais poluidoras serão castigadas, devendo adquirir cotas suplementares.

Pequim e Washington anunciaram no ano passado sua intenção de reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Os Estados Unidos as diminuirão entre 26% e 28% antes de 2025, em relação a 2005, enquanto a China as estabilizará em 2030.

- De olho na Índia -Entre os países mais poluidores, apenas a Índia, que tem uma das maiores populações do mundo (mais de um bilhão de pessoas), recusou-se a definir objetivos quantificados.

A Índia nega-se a sacrificar seu crescimento econômico em detrimento de um desenvolvimento sustentável, mas manifestou boa vontade durante reuniões bilaterais com o presidente norte-americano Barack Obama e Hollande.

O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, aceitou trabalhar com França e o empresário Bill Gates para aumentar os investimentos públicos e privados na pesquisa e desenvolvimento de tecnologias verdes. O fundador da Microsoft já investiu mais de um bilhão de dólares neste terreno.

Modi comprometeu-se a aumentar a participação da energia eólica na matriz energética de seu país antes de 2022, enquanto Obama disse que a Índia terá um papel de "liderança" na Conferência de Paris.

- Cooperação demorada -Mas para que se produza uma mudança de fundo, também é preciso aumentar a cooperação dos países mais desenvolvidos para ajudá-los a diminuir seus níveis de cooperação.

Em 2009, na conferência de Copenhague, os países desenvolvidos prometeram que colaborariam com 100 bilhões de dólares para essa meta antes de 2020.

Estes números estão muito distantes de serem alcançados, o que tem afastado os países mais relutantes em reduzir suas emissões de gases de efeito estufa.

A França anunciou, para definir uma tendência, que irá aumentar seu fundo para o clima de 3,4 a 5,6 bilhões de euros de hoje até 2020.

"Antes da conferência de Paris será preciso mobilizar o Banco Mundial, os grandes bancos de desenvolvimento, as instituições financeiras, os estados, os atores privados. É preciso agir", concluiu Hollande.