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Quarta onda gravitacional é detectada após fusão de buracos negros

Com massas 31 e 25 vezes da do Sol, os buracos negros se fundiram a 1,8 bilhão de anos-luz de distância - L.Calcada/ESO/EFE
Com massas 31 e 25 vezes da do Sol, os buracos negros se fundiram a 1,8 bilhão de anos-luz de distância Imagem: L.Calcada/ESO/EFE

Em Miami

27/09/2017 18h19

Uma quarta onda gravitacional foi detectada, desta vez com a ajuda de um equipamento com base na Itália, após a colisão de buracos negros que enviaram ondulações através da trama do tempo e do espaço, disseram pesquisadores nesta quarta-feira (27).

Albert Einstein previu as ondas gravitacionais em sua teoria geral da relatividade há um século, mas a primeira evidência firme de sua existência chegou em 2015, quando dois detectores nos Estados Unidos encontraram o primeiro sinal deste tipo.

As últimas ondulações no tecido do espaço-tempo foram detectadas em 14 de agosto às 10h30 GMT (07h30 de Brasília), quando dois enormes buracos negros, com massas 31 e 25 vezes da do Sol, se fundiram a 1,8 bilhão de anos-luz de distância.

"O novo buraco negro que se produziu tem cerca de 53 vezes a massa do nosso Sol", assinalou em um comunicado dois cientistas que manejam o detector Virgo, localizado no Observatório Gravitacional Europeu em Cascina, perto de Pisa, na Itália.

"Enquanto este novo evento tem uma relevância astrofísica, sua detecção traz uma conquista adicional: é o primeiro sinal de uma onda gravitacional significativa gravada pelo detector Virgo", asseguraram.

Virgo, um instrumento subterrâneo em forma de "L" que busca ondas gravitacionais, foi recentemente melhorado e, embora ainda seja menos sensível que seus pares americanos, foi capaz de confirmar o sinal.

Conhecidos como interferômetros, essas estações subterrâneas de alta tecnologia não dependem da luz no céu como um telescópio, ainda que captem vibrações no espaço e possam sentir o "chiado" criado por uma onda gravitacional.

"É maravilhoso ver um primeiro sinal de onda gravitacional em nosso novo e melhorado Virgo, apenas duas semanas depois de oficialmente começar a receber dados", disse o porta-voz do Virgo, Jo van den Brand.

As ondas na trama espaço-temporal foram detectadas pelos três aparelhos quase simultaneamente.

Até então as ondas gravitacionais eram encontradas pelos dois detectores com base nos Estados Unidos, os mais sofisticados do mundo, conhecidos como LIGO e localizados em Livingston, na Louisiana, e em Hanford, Washington.

A primeira foi detectada em setembro de 2015 e revelada publicamente no início de 2016, em uma conquista histórica, resultado de décadas de pesquisas científicas.

O projeto Virgo envolve mais de 280 físicos e engenheiros de 20 diferentes grupos europeus de pesquisa.

"É apenas o começo da observação com a rede estabelecida por Virgo e LIGO trabalhando juntos", disse David Shoemaker, porta-voz da colaboração científica LIGO, da qual participam o California Institute of Technology (Caltech) e o Massachusetts Institute of Technology (MIT).

Detalhes sobre a última descoberta serão publicados na revista Physical Review Letters.