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Cúpula em Paris quer impulsionar financiamento contra aquecimento global

10/12/2017 12h49

Paris, 10 dez 2017 (AFP) - Dois anos após a histórica assinatura do Acordo de Paris, a capital francesa recebe na terça-feira uma cúpula para acelerar o financiamento contra a mudança climática, ainda insuficiente, mas indispensável para fazer frente ao fenômeno.

O evento será coorganizado pela ONU e pelo Banco Mundial, e foi proposto pelo presidente francês, Emmanuel Macron, depois do anúncio do presidente americano, Donald Trump, de retirar os Estados Unidos do acordo climático.

Cerca de 50 chefes de Estado e de Governo participarão da cúpula, entre eles o mexicano Enrique Peña Nieto, o espanhol Mariano Rajoy, o boliviano Evo Morales, a britânica Theresa May e vários presidentes africanos.

Grandes países emissores de gases de efeito estufa serão representados em um nível inferior, ministerial por exemplo, como no caso de China e Índia.

Os Estados Unidos enviarão um funcionário da embaixada, embora líderes políticos, empresas e fundações tenham informado que estarão presentes para defender que o país "continua ali".

Também são esperados grandes financiadores públicos e privados, ONGs, e o ator Leonardo DiCaprio, um dos rostos mais conhecidos na luta contra a mudança climática.

A "One Planet Summit" é realizada menos de um mês após a COP23, a conferência anual da ONU sobre o clima.

"Uma COP é o consenso multilateral. Esta cúpula é a mobilização daquelas que querem ir mais rápido", explicou Laurence Tubiana, ex-negociadora francesa.

- Aquecimento superior a 3ºC -Ao fim de um ano marcado por violentos furacões no Caribe e devastadores incêndios na Califórnia, um estudo acaba de revisar para cima as previsões de aquecimento global, estimadas no último relatório do grupo de especialista da ONU, o GIEC.

Em 2015, a comunidade internacional acordou agir para conter o mercúrio abaixo do teto de +2ºC em relação à era pré-industrial, mas os compromissos nacionais firmados até agora supõem um aumento de mais de 3ºC.

Além disso, muitos estão condicionados à obtenção prévia do financiamento necessário.

Paralelamente, os países ricos prometeram elevar a 100 bilhões de dólares anuais até 2020 o financiamento destinado aos países em desenvolvimento, que pedem garantias de que cumprirão suas promessas, para que possam se adaptar aos impactos do aquecimento.

Ao fim de um dia de reuniões na terça-feira, poderão anunciar ações como doações de fundações, ou coalizões contra o uso do carvão.

As ONGs se manifestarão em Paris para pedir aos financiadores que parem de apoiar os combustíveis fósseis - gás, petróleo e carvão -, responsáveis por três quartos das emissões.

Segundo um relatório feito pela Oil Change e WWF, entre outras organizações, bancos de desenvolvimento e instituições públicas vinculadas ao G20 gastam anualmente 72 bilhões de dólares em projetos relacionados às energias fósseis, ou seja, quatro vezes mais que para as limpas.