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Fóssil australiano de 3,5 bi de anos é prova mais antiga de vida na Terra

Rocha australiana que contém fósseis que cabem em um fio de cabelo - Graeme Churchard/Flickr/CC-BY 2.0
Rocha australiana que contém fósseis que cabem em um fio de cabelo Imagem: Graeme Churchard/Flickr/CC-BY 2.0

Em Miami

18/12/2017 21h31

Depois de mais de dez anos de trabalho duro, moendo uma rocha australiana que contém fósseis menores do que os olhos podem ver, cientistas confirmaram nesta segunda-feira a primeira evidência direta de vida na Terra.

Os fósseis microscópicos de 3,5 bilhões de anos de idade, muitos deles da espessura de um fio de cabelo, são descritos na revista científica Pnas (Proceedings  of  the  National  Academy  of  Sciences).

Antes informou-se sobre indícios mais remotos de vida fóssil, remontando a 3,9 bilhões de anos. Mas estes estudos se baseavam em uma forma aparente de microfóssil ou em um rastro químico, não em ambos.

"Nenhum destes estudos é considerado prova de vida", declarou à AFP o autor principal do estudo, John Valley, professor de geociência da Universidade do Wisconsin-Madison.

"Este é o primeiro e mais antigo local onde encontramos tanto a morfologia quanto a marca química da vida", acrescentou.

Onze tipos de micróbios foram encontrados na rocha. Algumas bactérias estão extintas, enquanto outras são similares aos micróbios contemporâneos.

Os pequenos fósseis foram encontrados em 1982 no depósito de sílex de Apex, na Austrália Ocidental.

Foram publicados dois artigos científicos sobre seus aparentes conteúdos microbianos, um em 1993 e outro em 2002.

Mas os críticos sugeriram que não se tratava de vida, mas minerais estranhos que simplesmente pareciam espécimes biológicos.

Fóssil - J. William Schopf, UCLA - J. William Schopf, UCLA
Cada microfóssil tem 10 micrômetros
Imagem: J. William Schopf, UCLA

Por isso, Valley e seus colegas, inclusive o coautor William Schopf, professor de paleobiologia na Universidade da Califórnia, Los Angeles (UCLA), passaram uma década desenvolvendo uma técnica para separar o conteúdo dos fósseis diminutos.

Pesquisadores da Universidade de Wisconsin-Madison modificaram uma ferramenta para polir a amostra original um micrômetro por vez, sem destruir os fósseis que estavam "suspensos em diferentes níveis dentro da rocha e trancados em uma dura camada de quartzo", explicou o informe.

"Cada microfóssil tem 10 micrômetros de largura, oito deles poderiam caber ao largo de um fio de cabelo humano", indicou.

A técnica permitiu aos cientistas detectar projeções de carbono 12 e carbono 13 dentro de cada fóssil e compará-las com uma seção da rocha que não continha fósseis.

"As diferenças nas proporções de isótopos de carbono se correlacionam com suas formas", explicou Valley. "Se não são biológicos, não há razão para tal correlação".

O fato de diferentes tipos de micróbios já estarem presentes há 3,5 bilhões de anos "nos diz que a vida teve que começar muito antes na Terra, sem que ninguém soubesse quando, e também confirma que não é muito difícil que uma forma de vida primitiva evolua para micro-organismos mais avançados", destacou Schopf.

Para ele, este estudo, junto com outros, indica que a vida poderia ser comum no cosmos.