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Três últimos anos foram os mais quentes já registrados, diz ONU

18/01/2018 17h32

Genebra, 18 Jan 2018 (AFP) - Os três últimos anos foram os mais quentes registrados até hoje, e o ritmo do aquecimento global constatado durante este período foi "excepcional", advertiu a ONU nesta quinta-feira (18).

"Já foi confirmado que os anos 2015, 2016 e 2017, que se inscrevem claramente na tendência do aquecimento a longo prazo provocado pelo aumento das concentrações atmosféricas de gases de efeito estufa, são os três anos mais quentes registrados até agora", anunciou a Organização Meteorológica Mundial (OMM), uma agência especializada da ONU.

Todas as análises mostram também que os cinco anos mais quentes foram registrados a partir de 2010, detalhou a Nasa.

Sob o efeito da um potente "El Niño" - fenômeno que a cada período de entre três e sete anos afeta as temperaturas, as correntes marinhas e as precipitações -, 2016 se encontra no topo da lista, com 1,2°C mais que na época pré-industrial, enquanto 2017 alcançou o recorde de ano mais quente até a data sem que tivesse incidência do El Niño.

A ONU utiliza o período 1880-1900 como referência para as condições existentes na era pré-industrial.

"Apesar das temperaturas mais frias que a média em algumas partes do mundo, o termômetro continuou subindo rapidamente no conjunto do planeta a um ritmo sem precedentes nos últimos quarenta anos", indicou o diretor do Goddard Institute for Space Studies da Nasa, Gavin Schmidt.

Segundo os últimos dados, a OMM constatou que a temperatura média na superfície do globo em 2017 e 2015 ultrapassou em 1,1°C a da época pré-industrial.

Os especialistas indicam que não é possível desempatar estes dois anos, dado que a diferença de temperatura é inferior a um centésimo de grau, ou seja, menor que a margem de erro estatística.

Segundo o secretário-geral da OMM, o finlandês Petteri Taalas, "17 dos 18 anos mais quentes pertencem ao século XXI, e o ritmo de aquecimento constatado nestes três últimos anos é excepcional".

"Este último esteve particularmente marcado no Ártico, o que terá repercussões duradouras e de grande amplitude sobre o nível do mar e os regimes meteorológicos nas outras regiões do mundo", acrescentou.

"A temperatura recorde deveria atrair a atenção dos dirigentes mundiais, incluindo o presidente americano, (Donald) Trump, sobre a amplitude e a urgência dos riscos que as mudanças climáticas fazem a população sofrer, tanto ricos como pobres, no mundo", estimou Bob Ward, do Grantham Research Institute on Climate Change de Londres.

- Grandes catástrofes naturais -Trump, cético sobre a realidade das mudanças climáticas, anunciou em 2017 a retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris sobre o clima, estimando que este destruirá empregos industriais.

Com o Acordo de Paris, em 2015, a comunidade internacional se comprometeu a limitar o aquecimento a 2°C.

"Com a tendência atual de aquecimento, pode-se prever que até 2060 ou 2070 se poderia alcançar esse limite", declarou à imprensa em Genebra Omar Baddour, coordenador científico na OMM.

Mas se não houver cortes nas emissões de gases de efeito estufa, este limite poderia ser alcançado muito antes.

O aquecimento global é apenas uma das consequências das mudanças climáticas. O calor de 2017 esteve acompanhado de várias catástrofes naturais.

"Foi o ano mais caro para os Estados Unidos em termos de catástrofes meteorológicas e climáticas, enquanto em outros países os ciclones tropicais, a seca e as inundações provocaram desaceleração e até mesmo regressão econômica", segundo Taalas.

A ONU utilizou particularmente dados oferecidos pela Agência Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA), da Nasa, do Centre Hadley do Serviço meteorológico britânico, do Centro Europeu para as Previsões Meteorológicas no Médio Prazo (CEPMMT) e do Serviço Meteorológico japonês.