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Cigarro eletrônico pode ser ruim para jovens e bom para adultos, diz estudo

23/01/2018 17h51

Miami, 23 Jan 2018 (AFP) - Usar o cigarro eletrônico pode encorajar os jovens a começar a fumar, mas também pode ajudar os adultos a pararem, segundo uma pesquisa científica americana revelada nesta terça-feira (23).

O relatório da Academia Nacional de Ciências, Engenharia e Medicina é baseado em mais de 800 estudos científicos revisados sobre os efeitos dos cigarros eletrônicos à saúde.

Foi compilado a pedido do Congresso americano, em meio ao aumento do debate internacional sobre se os cigarros eletrônicos são seguros ou prejudiciais à saúde.

Os cigarros eletrônicos, que ficaram muito populares na última década, são dispositivos portáteis que aquecem um líquido que contém nicotina para que os usuários possam inalar a fumaça.

Eles possuem "números menores e níveis mais baixos de substâncias tóxicas do que os cigarros convencionais", de acordo com o relatório.

Mas eles também são viciantes.

A quantidade de nicotina que podem conter é variável, mas usuários adultos e experientes de cigarros eletrônicos tendem a ter "um nível de nicotina comparável ao dos cigarros convencionais", levando a "sintomas de dependência".

Evidências revisadas sugerem que os cigarros eletrônicos "provavelmente são menos prejudiciais do que os provenientes do tabaco", afirmou David Eaton, presidente do comitê que fez o relatório.

"Em algumas circunstâncias, como a de adolescentes e jovens adultos que não fumam, seus efeitos adversos claramente justificam a preocupação", disse Eaton, decano da Universidade de Washington, em Seattle.

Os jovens são mais propensos do que os adultos a usar cigarros eletrônicos, e o relatório encontrou "evidências substanciais" de que estes aumentam o risco de fumar em relação ao dos cigarros convencionais.

Mas quando fumantes adultos usam cigarros eletrônicos para parar de fumar, "eles oferecem uma oportunidade para reduzir a doença relacionada ao tabagismo", declarou Eaton.

O relatório encontrou "evidências conclusivas" de que a substituição dos cigarros convencionais pelos eletrônicos "reduz a exposição dos usuários a substâncias muitos tóxicas e agentes cancerígenos presentes nos cigarros convencionais".

Alternar cigarros comuns com os eletrônicos também "tem menos resultados adversos à saúde em curto prazo em vários órgãos".

Mas seus efeitos em longo prazo continuam desconhecidos.

O relatório descobriu que "não há evidências disponíveis sobre se o uso do cigarro eletrônico" está associado ao câncer nas pessoas. No entanto, estudos em animais sugerem que o uso de cigarros eletrônicos em longo prazo "poderia aumentar o risco de câncer".

Os pesquisadores também não quiseram categorizar os cigarros eletrônicos como uma influência positiva ou negativa na saúde pública.

"Mais e melhores pesquisas sobre os efeitos do cigarro eletrônico em curto e longo prazo à saúde e suas relações com o tabagismo convencional são necessárias para responder algumas questões com clareza", aponta o relatório.