A ligação entre colisão de estrelas mortas, ondas gravitacionais e a origem do ouro
Esta semana, cientistas anunciaram ter conseguido registrar pela primeira vez as ondas gravitacionais emitidas pelo choque de duas estrelas mortas (ou estrelas de nêutrons).
A colisão ocorreu há 130 milhões de anos, quando dinossauros ainda habitavam a Terra, mas as ondas gravitacionais resultantes do processo só agora chegaram a nós.
Mais do que isso, essas fusões de estrelas mortas levam à produção do ouro e da platina existentes no Universo, confirmaram cientistas.
"Vimos a história ocorrendo bem diante dos nossos olhos: duas estrelas de nêutrons se aproximando, se aproximando... virando cada vez mais rapidamente uma para outra, colidindo e espalhando resíduos por todos os lados", disse à agência AFP o pesquisador Benoit Mours, do instituto francês CNRS.
Acredita-se que grande parte dos elementos pesados do Universo - como o ouro e a platina, mas também o urânio e o mercúrio - seja resultante desse fenômeno.
“Este é o relógio de ouro do meu bisavô. Tem cerca de 100 anos. O ouro neste relógio muito provavelmente foi produzido pelo choque de duas estrelas mortas há bilhões de anos atrás, não sabemos exatamente quando. É uma descoberta realmente incrível”, diz David Reitze, diretor-executivo do projeto Ligo.
O maior diferencial é que o evento foi registrado primeiro pelas ondas gravitacionais resultantes - que são como perturbações na constituição do espaço-tempo geradas por eventos violentos - e, depois, pelas emissões de luz em muitos comprimentos de onda distintos (de raios-gama até ondas de rádio) ao longo de dias.
Essa combinação de observações nunca havia sido possível antes e oferece novos entendimentos sobre a atuação de estrelas de nêutrons.
"Essas estrelas são um laboratório de física extrema: é um material exótico, rico em nêutrons; e, quando são desmembradas, gera-se radiação exótica (...) que produz elementos como o ouro. É algo muito empolgante", explica o astrônomo inglês Martin Rees.
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