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O acessório de R$ 3,8 mil que faz a indústria questionar se a Apple perdeu a conexão com a realidade

10/06/2019 10h26

A empresa apresentou o novo Mac Pro, cujo suporte para monitor custa o mesmo que um iPhone novo.

A conferência anual da Apple para desenvolvedores, em que a empresa revela seus principais lançamentos, costuma ser marcada por aplausos.

Este ano, quando o novo computador Mac Pro foi anunciado, não foi diferente. Até que o preço de um dos acessórios foi divulgado.

A multidão presente na Worldwide Developers Conference (WWDC), na Califórnia, ficou em silêncio diante do custo de um simples suporte para monitor.

O suporte Pro Stand será vendido a US$ 999 (cerca de R$ 3,8 mil).

O acessório é necessário para quem quiser colocar a nova tela retina de 32 polegadas com resolução 6K sobre a mesa, uma vez que o Pro Display HDR, monitor que acompanha o desktop, foi projetado sem esse suporte.

Os jornalistas da BBC especializados em tecnologia questionam se o alto preço de um produto pouco tecnológico pode indicar que a Apple perdeu a conexão com a realidade.

Os valores de US$ 5.999 (R$ 23,1 mil) do computador em si, ou até mesmo os US$ 4.999 (R$ 19,2 mil) do monitor, não surpreenderam o público.

Afinal de contas, são produtos de tecnologia de ponta destinados principalmente a profissionais da área de vídeo e design.

Mas cobrar US$ 999 por um suporte, em vez de vendê-lo junto com o monitor, fez com que muitos achassem que a Apple estava sendo arrogante.

Como se a empresa desse como certo que seus fiéis seguidores pagariam qualquer preço por um produto com seu logotipo.

É claro que a empresa já testou essa teoria com os últimos modelos de iPhone, que custam mais de US$ 1 mil (R$ 3,8 mil) - quase o preço de um laptop MacBook Air, a partir de US$ 1.199 (R$ 4,6 mil).

Carolina Milanesi, da empresa de análise de mercado Creative Strategies, acredita que os novos preços devem ter mais impacto na Europa do que nos Estados Unidos.

Ela avalia que os consumidores europeus não estão preocupados com o custo do hardware em si, mas com os serviços que acompanham seus dispositivos.

"O valor (agregado) que um consumidor obtém nos Estados Unidos é muito superior ao de qualquer outro lugar do mundo", diz ele.

"A implantação dos serviços, da música ao Apple Pay, e agora ao serviço de TV, não é o mesmo (que nos EUA)."

Segundo Milanesi, o argumento de que um cliente obterá um bom valor agregado ao pagar 1 mil libras (R$ 4,9 mil) por um iPhone no Reino Unido, por exemplo, não se sustenta se ele não receber o mesmo serviço.

O que nos leva ao fim do iTunes, também anunciado na última WWDC, serviço de mídia da Apple que já não funciona mais como antes.

Nos últimos anos, o iTunes se tornou um aplicativo pouco prático.

O anúncio revela a luta da Apple para se manter em um mundo em que a principal forma de consumo de música e vídeo passou do download para o streaming.

Bilhões de iPhones

A Apple, que por muitos anos obteve enormes lucros com seus dispositivos, está mudando seu modelo de negócios para se concentrar, com algum sucesso, na oferta de serviços.

A empresa oferece serviços em diversas áreas - do armazenamento em nuvem, iCloud, a aplicativos como Apple Music ou Apple Pay, sistema de pagamento móvel que permite fazer compras com o iPhone de forma semelhante à tecnologia contactless.

Ao longo dos anos, a Apple vendeu mais de um bilhão de unidades de iPhones.

E por muito tempo estes dispositivos foram a galinha dos ovos de ouro da empresa.

Mas se a companhia realmente quiser que os consumidores continuem achando o ecossistema da Apple atraente e gastem dinheiro em serviços para seus iPhones, iPads e MacBooks, talvez tenha de repensar seus preços.


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