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Reposicionamento de satélite melhorará observação na América do Sul

Jorge A. Bañales

10/04/2007 17h04

Washington, 10 abr (EFE).- A Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos (NOAA, em inglês) transferiu o Goes-10, um de seus satélites ambientais geoestacionários, de uma posição sobre o centro do oceano Pacífico para a Amazônia brasileira, o que melhorará a observação meteorológica na América do Sul.

Em 4 de dezembro, a NOAA transferiu o satélite da longitude 135 oeste (aproximadamente no centro do oceano Pacífico) para a longitude 60 oeste, sobre a Amazônia brasileira.

"Isso traz à América do Sul os benefícios da tecnologia espacial", disse hoje o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Gilberto Câmara, em entrevista coletiva na embaixada brasileira em Washington.

Segundo o funcionário, "o Brasil espera mais fenômenos como o recente furacão 'Catarina', que castigou o litoral sul do país, já que continua o aquecimento do oceano" O diretor do Inpe disse que o Brasil "está comprometido com a disseminação das imagens a todos os países sul-americanos para a detecção de tempestades e a preparação para desastres naturais".

O reposicionamento do satélite foi uma resposta ao pedido da Associação Regional III - formada por Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Paraguai, Peru e Uruguai - da Organização Meteorológica Mundial.

O Goes-10 faz parte do Sistema dos Sistemas de Observação Terrestre Global (Geoss, em inglês), do qual participam 69 países, a Comissão Européia e 46 organizações internacionais.

Nove países do continente americano cooperam com a extensão do sistema Geoss: Brasil, Argentina, Belize, Canadá, Chile, Honduras, México, Paraguai e Estados Unidos.

O diretor da Noaa, Conrad Lautenbacher, vice-almirante reformado da Marinha de Guerra dos EUA, disse que o Geoss é um programa científico global, um "sistema de sistemas" que fornecerá observações "coordenadas e embasadas da Terra através de milhares de instrumentos no mundo todo".

"O Geoss atenderá à demanda por informação oportuna, de alta qualidade e de longo prazo para a advertência a áreas de desastres, para a saúde humana, a gestão de recursos de água e energia, a observação do clima e condições meteorológicas, para os ecossistemas, para a agricultura e a biodiversidade", acrescentou.

"A nova posição do Goes-10 proporciona uma vigilância constante das condições atmosféricas que possam iniciar fenômenos meteorológicos graves", disse Lautenbacher.

Os EUA operam dois satélites meteorológicos geoestacionários na linha do Equador: o Goes-10, agora levado para a observação da América do Sul, e o Goes-12 - na longitude 75 oeste -, que observa a América do Norte e a bacia do Oceano Pacífico.

A missão principal é feita pelos instrumentos Imager e Sounder. O primeiro é um instrumento multicanal que percebe e mede a energia radiante e a energia solar refletida pela superfície e pela atmosfera terrestres.

O Sounder proporciona dados para a determinação da temperatura vertical e do perfil de umidade na atmosfera, além de indicar a distribuição de ozônio na atmosfera e as temperaturas de superfície das nuvens e da atmosfera na altura em que estão.

Há ainda outros instrumentos utilizados, como um magnetômetro, um sensor de raios-X, um detector de prótons e raios alfa de alta energia e um sensor de partículas energéticas.

O Goes-10 proporciona aos países da América do Sul imagens do sistema atmosférico com uma freqüência duas vezes maior que a obtida até agora com outros sistemas de observação.

A cobertura alcança o Pólo Sul e as imagens são atualizadas a cada 15 minutos.