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Um dos maiores icebergs da história se desprende de plataforma na Antártida

12/07/2017 09h12

Londres, 12 jul (EFE).- Um iceberg de cerca de 5,8 mil quilômetros quadrados, um dos maiores da história, se desprendeu do segmento Larsen C (um das três da Plataforma de gelo Larsen) da Antártida, informaram nesta quarta-feira os cientistas do projeto "Midas" que vigiaram sua evolução.

Em um comunicado, os especialistas em estudos antárticos da universidade galesa de Swansea indicaram que o desprendimento ocorreu entre 10 e 12 de julho, quando o iceberg se separou do segmento Larsen C do continente branco.

O iceberg, que espera que seja denominado A68, pesa mais de um trilhão de toneladas, segundo Midas, que precisou que a ruptura foi detectada pelo instrumento de satélite Aqua MODIS da NASA.

O desprendimento reduziu em cerca de 12% o tamanho de Larsen C e os cientistas advertem que este fenômeno transformará para sempre a paisagem da península antártica.

"Estivemos esperando este fato durante meses e nos surpreendeu o longo tempo que a fenda demorou para romper os últimos quilômetros de gelo", explicou hoje Adrian Luckman, do Projeto "Midas".

O especialista apontou que "seguirão vigiando" o impacto que esta fratura terá sobre a placa de gelo Larsen C e a evolução deste "enorme iceberg".

"É um dos maiores registrados e é complicado predizer seu futuro progresso. Segue formando agora um só bloco, mas é mais que provável que se romperá em segmentos", afirmou Luckman, que opinou que parte do gelo "poderia permanecer na zona durante décadas", enquanto outras "partes do iceberg poderiam seguir para o norte para águas mais cálidas".

Ainda que pese mais de um trilhão de toneladas, o A68 já estava flutuando antes do seu desprendimento, por isso que os cientistas não preveem que ocorra um aumento imediato do nível do mar.

Não obstante, o Midas lembra que Larsen C está agora em uma "situação vulnerável", apesar de o desprendimento ter sido um "evento natural", e sustenta que poderia sofrer o mesmo destino que a Larsen B, que se desintegrou em 2002 após um fato similar.

"Nossos modelos indicam que se manterá mais ou menos estável, mas qualquer colapso futuro ocorreria dentro de vários anos ou décadas", apontou Luckman, que precisou que não "têm conhecimento" que este fato esteja "relacionado com a mudança climática provocada pelo homem".

Nos próximos meses e anos, acrescentou, a placa de gelo poderia "se regenerar gradualmente" ou "sofrer mais desprendimentos", o que levaria ao colapso", se bem que as "opiniões da comunidade científica está dividida" a respeito destes cenários.